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  • O Domingo: 12º Domingo do Tempo Comum

    O Domingo: 12º Domingo do Tempo Comum

    Reflexão

    No Evangelho de hoje, Jesus se queixa da pouca fé dos seus apóstolos: “Por que estão com medo, não têm fé?”. Meus irmãos, eu acho que é ocasião hoje de examinar nossa fé! Qual é o grau de resistência da sua fé, e o grau da sua fé? Para conhecer a resistência de um cabo de aço, temos que submetê-lo ao teste para ver se ele pode resistir a uma pressão de até duas toneladas. Um jogador de futebol é avaliado não quando ele joga contra um adversário fraco, mas quando joga contra um time conhecido como sendo muito forte.

    Como provar a resistência, o valor ou qualidade da nossa fé religiosa? Certamente não será a partir da resistência de um cabo de aço. Os discípulos de Jesus, inconformados em ver Jesus dormindo, o acordaram dizendo: “Mestre, não te importas que afundemos?”. Jesus, que felizmente acalmou o vento gritando silêncio, repreendeu os discípulos por terem pouca fé. Uma característica de muitos cristãos é desistir de rezar e desanimar ao ponto de não acreditar mais na veracidade dos textos bíblicos, e assim perder a fé na presença de Deus nas suas vidas. Importantes santos e santas como Santa Teresa de Ávila tiveram a tentação de não acreditar mais na Providência divina por causa dos problemas que tinham que resolver.

    O livro de Jó ‘da Bíblia’ foi escrito para mostrar isso. O Jó se queixou a Deus porque não achava justo passar por tantos sofrimentos. Jó tinha não tinha razão de questionar Deus pelas calamidades que aconteciam com ele? Quem já leu o livro de Jó vai dizer que sim. Até os seus amigos o culpavam de ser um pecador merecendo ser castigado por Deus. Era o fim da picada! Jó foi muito injustiçado. Porém, ele não perdeu a fé e nem o amor a Deus. Ele foi provado diabolicamente e depois Deus o recompensou plenamente.

    Jó foi autorizado a questionar Deus e rebater suas acusações. É de dentro do sofrimento que Deus lhe responde fazendo ainda outras perguntas. De modo provocante, o Deus Javé pergunta onde estava ele quando o mundo foi criado. A seguir faz uma série de desafios que mostram a grandeza e ciência de Deus e a pequenez e ignorância do homem. Assim fazendo, Deus está calando a boca de Jó!

    No evangelho, os discípulos de Jesus duvidaram do poder do seu mestre quando as ondas do mar bateram na barca e pensaram que Jesus não se importava, pois dormia na parte de trás da barca. Porém, Jesus insiste para que tenhamos coragem e muita perseverança aprendendo a lutar contra as tempestades que ameaçam afundar o nosso barco. Aqui no Brasil, quantas vezes o barquinho dos habitantes do Amazonas ficou em perigo de afundar, não apenas no rio Tapajó? Imagine o medo que o Jó da Bíblia passou depois de ter perdido tudo o que ele tinha, rebanhos, casa, família, até a saúde. Não lhe sobrava quase nada!

    Agora em nossos dias, por causa da pandemia, há muito pouca gente que escapa das tempestades do mar da vida. Jesus repreendeu seus discípulos pela falta de fé. Se naquela época os discípulos de Jesus ficaram com medo de que as ondas afundassem o seu barco, imagine o que aconteceria se fosse nos dias de hoje?! Todos os dias somos ameaçados de muitos perigos: um acidente na estrada, a perda do emprego, uma crise económica e, além disso, a morte do avô da casa, vítima do corona-vírus. Deus não parece estar dormindo? De quem é a culpa dessas tribulações todas? O Papa Bento VI quando visitou os campos de concentração na Polônia, sentiu uma revolta interior tão grande que desabafou dizendo: “Onde estava Deus?”. É que a liberdade humana é capaz de tudo!

    Não pode ser vontade de Deus que os ventos rajam contra sua casa. É fenômeno da natureza. Temos que procurar as verdadeiras causas dos males. Quais são elas? Talvez as ondas do materialismo, do consumismo, da vaidade, da cobiça e da droga. Existem também as crises conjugais, o desemprego, os problemas como a preguiça dos filhos rebeldes que não querem estudar, as frustrações nos negócios, as incompreensões, as rivalidades, a violência… Deus só quer o nosso bem respeitando nossa liberdade. Então as causas das nossas numerosas decepções devem estar na falta de fé, coragem ou paciência necessária para esperar a tempestade passar. É preciso nunca perder a esperança! “Tudo passa” – dizia Santa Teresa – “só Deus não passa!”.


     Pe. Lourenço, CSC
  • O Domingo: 11º Domingo do Tempo Comum

    O Domingo: 11º Domingo do Tempo Comum

    Reflexão

    O povo judeu, exilado na Babilônia durante 48 anos, sofreu muito. Sem mais templo para onde rezar e com pouca casa de oração, muita gente perdeu a fé em Javé. Agora, o povo pode voltar para sua terra. Esse pequeno “resto” é comparado pelo profeta Ezequiel a um galho, um raminho fraco, mas que servirá de muda para ser transplantado em Jerusalém e crescerá de novo. Este pequeno rebento criará raízes e se tornará, pela força de Deus, uma árvore frondosa na qual os pássaros poderão abrigar-se. O que importa é plantar este galho. Já quanto ao crescimento, será obra de Deus. Pois é Ele quem eleva a árvore baixa! O povo rebaixado pelo exílio poderá reerguer-se. Como diz o canto do salmista: “o homem justo” – ajustado, à vontade de Deus – “cresce igual ao cedro do Líbano”.

    O Reino de Deus é uma realidade misteriosa, a qual Jesus costuma anunciar por meio de parábolas. Antes de tudo o Reino é obra de Deus. Todavia, sem a participação dos discípulos missionários de Jesus, que somos nós, o Reino não cresce, pois é como um ser vivo. Todo ser vivo começa pequeno. No início, é uma semente. O agricultor seleciona a semente, lavra a terra, semeia no tempo certo, contando com a chuva. O resto, a natureza encarrega-se de fazer! Porém, a natureza procede lentamente. É preciso paciência. A planta não aparece de forma espetacular como acontece numa tempestade, isto é, de repente.

    Certa vez, meu pai enterrou algumas sementes de feijão ornamental no jardim da nossa casa. Eu, com 3 anos de idade, me arrastava no chão do jardim todos os dias para ver os brotos de feijão saírem da terra. Passaram-se os dias e nada acontecia, até que um belo dia apareceram alguns deles. Eu ia ver todos os dias. Uma semana depois, apareceram três novos brotos.  Eram atrasados e menores. Eu puxei cada um desses últimos para ficarem iguais aos outros, mas eles quebraram. Aí que eu entendi que precisava ter paciência com o crescimento da vida. O crescimento do Reino também é assim: A Palavra de Deus é anunciada (semeada). O ser humano acolhe e assimila a mensagem até ela dar fruto. Porém, é preciso contar com o tempo e ter paciência.

    A segunda parábola aponta o contraste entre a pequena semente de mostarda e o arbusto grande que ela produz. Aqui podemos perceber o aspecto social do Reino de Deus. No Reino, a multiplicação dos pequenos gestos de amor, de justiça e de solidariedade podem ter uma grande influência na sociedade. São humildes exemplos na construção de um mundo novo.

    Muitos cidadãos americanos querem ainda dominar o mundo. A fama, o poder e a grandeza estão na moda. As nações querem apresentar resultados grandiosos e muito visíveis. O Reino de Deus também tem que ser o maior, pois Deus é o Todo-poderoso. Todavia a lei da evolução sempre exige uma união mais firme entre as partes para que apareça um ser maior. Ser mais é unir-se mais e unir-se mais é ser mais. Se todos os países chegassem a formar uma união baseada na declaração universal dos direitos da pessoa humana, a humanidade estaria perto de conhecer o Reino de Deus. O Reino de Deus é espiritual e interior, baseado sobre valores como AMOR, JUSTIÇA, VERDADE, LIBERDADE, FRATERNIDADE, SOLIDARIEDADE E PACIÊNCIA. Além disso, o Reino de Deus exige o reconhecimento de um PAI COMUM. Para viver como irmãos e irmãs precisamos reconhecer que somos filhos e filhas do mesmo Pai.

    Nós cristãos devemos dar um exemplo ao mundo pela fé que temos em fazer parte de um Templo Espiritual feito de pedras vivas, cuja Pedra Fundamental é Jesus Ressuscitado. É hora de provar isso por um comportamento coerente com a fé no Evangelho. Paciência! O Reino ainda é pequeno. Mas o Reino vai acontecer custe o que custar pois é obra de Deus. E juntos podemos acelerar sua realização! É só querer. – Com mãos à obra, sim!

      Pe. Lourenço, CSC

     

  • Pe. José Paim: Sagrado Coração de Jesus

    Pe. José Paim: Sagrado Coração de Jesus

    Estamos às portas da Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, celebrada todos os anos na primeira sexta-feira da semana subsequente à festa de Corpus Christi, estendida em toda a Igreja por Pio IX a partir de 1856. Mais do que uma devoção, a festa do Sagrado Coração de Jesus trata-se de uma espiritualidade na vida da Igreja, da qual emana a devoção ao mesmo Coração e tudo aquilo que a enriquece: cantos, tributos, louvores, orações de consagração, de reparação, ato de desgravo, ladainha etc. A espiritualidade não se esgota à devoção e não é periférica na vida da Igreja. Ela é central em consideração àquilo que simboliza, ou melhor dizendo, Àquele a quem manifesta: o Verbo de Deus encarnado e sacrificado na Cruz por infinito amor aos homens. Nele contemplamos e nos aproximamos do amor eterno de Deus pela humanidade. Nele somos tocados pelo amor divino e tocamos o amor em Pessoa, conforme lemos em 1Jo 1, 1-2:

    “O que existia desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com nossos olhos, o que contemplamos e nossas mãos apalparam, é nosso tema: a Palavra da Vida. A Vida se manifestou: nós a vimos, damos testemunho e vos anunciamos a Vida que estava junto do Pai e se manifestou a nós”.

    Quando Miriam e Aarão falaram contra Moisés, Deus os repreendeu dizendo: “A ele falo face a face; em presença, e não adivinhando, ele contempla a figura do Senhor” (Nm 12, 8). Diante do Senhor, Moisés tem um lugar excepcional, de amigo, com quem Deus falava em proximidade, mas em Jesus Cristo, Deus se manifestou como nunca tinha feito, de modo insuperável, a partir de uma proximidade inigualável, isto é, em Pessoa encarnada. A inacessibilidade divina torna-se acessibilidade e tudo isso graças ao amor de Deus por nós, não qualquer tipo de amor, mas o amor que vem a nós na concretude da carne. Com efeito, Deus é amor que se encarna, como bem recordou certa vez o Papa Francisco:

    “Um amor que não reconhece que Jesus veio em Carne, na Carne, não é o amor que Deus nos comanda. É um amor mundano, é um amor filosófico, é um amor abstrato, é um amor pequeno, é amor soft. Não! O critério do amor cristão é a Encarnação do Verbo. Quem diz que o amor cristão é outra coisa, este é o anticristo! Que não reconhece que o Verbo veio na Carne. E esta é a nossa verdade: Deus enviou o seu Filho, se encarnou e fez uma vida como nós. Amar como Jesus amou; amar como Jesus nos ensinou; amar com o exemplo de Jesus; amar, caminhando na estrada de Jesus. E a estrada de Jesus é dar a vida”. (FRANCISCO, homilia proferida pelo Papa Francisco na Capela da Casa Santa Marta em 11/11/2016).

    Tudo isso vemos espelhado na espiritualidade, como também na imagem e na devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Tais realidades não somente nos recordam, em forma de símbolo, o amor de Deus por nós, mas nos põe na dinamicidade do amor divino que gera e renova todas as coisas. Deus não nos ama em Jesus Cristo de forma simbólica nem reduzida, mas de maneira total. Por isso também quando falamos da espiritualidade e da devoção ao Coração de Jesus, não se trata de um amor a um pedaço de Jesus ou de um amor físico, mas de um amor do ser humano para Cristo, de pessoa a pessoa, ele que primeiro nos amou. Quando Jesus aponta o Seu Coração, não quer dizer que Deus nos ama pela metade, mas de todo de Si a partir do Coração de seu Filho.

    O coração exposto na imagem é um simbolismo, ou ainda, uma expressão viva daquele Amor Maior, da bondade divina que sempre nos acolhe, da verdade que nos salva e liberta. É manifestação da fonte salvadora que jorra perenemente pela humanidade, como rezamos no prefácio do Coração de Jesus: “Elevado na cruz, entregou-se por nós com imenso amor. E de seu lado aberto na lança fez jorrar, com a água e o sangue, os sacramentos da Igreja, para que todos, atraídos ao seu coração, pudessem beber, com perene alegria, na fonte salvadora”.

    Na fonte desta espiritualidade muitos santos beberam, foram educados, dela se inspiraram para crescer em união íntima com Jesus Cristo e a muitos ensinaram como progredir no amor a Deus e ao próximo. Dentre os muitos santos, lembramos de Santa Gertrudes de Helfta ou Santa Gertrudes, a Grande (séc. XIII); São João Eudes (séc. XVII), grande apóstolo do Sagrado Coração de Jesus; Beata Maria do Divino Coração (séc. XIX), mensageira do Sagrado Coração de Jesus; Santa Margarida Maria de Alacoque (séc. XVII), grande propagadora da devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Por fim lembramos o nosso fundador Beato Basílio Moreau. Ele também bebeu na espiritualidade do Coração de Jesus e a deixou para nós, religiosos em Santa Cruz. Assim como consagrou os Irmãos a São José e as Irmãs ao Coração de Maria, consagrou os padres e seminaristas ao Coração de Jesus. Pediu que praticássemos a devoção ao Sagrado Coração de Jesus e o imitássemos a fim de conformar nosso coração ao Coração de Jesus Cristo.

    O pedido do nosso fundador deve nos motivar a reavivar o dom da nossa vocação consagrada e sacerdotal a fim de testemunhar no mundo de hoje, tão esquecido de Deus, tão indiferente e frio ao amor do Coração de Jesus, também tão dividido entre os seres humanos, que Deus continua a nos amar e a nos chamar a Si. Somos chamados a descobrir o Coração de Jesus, o Filho amado do Pai que nos revela os segredos íntimos de Deus e nos chama a acolhê-Lo no seu Evangelho de Salvação e sobretudo a descobrir, como afirmou o Papa Francisco, a proximidade, ternura e compaixão de Deus. (FRANCISCO. Angelus. 14/02/2021).


      Pe. José Paim, CSC

  • O Domingo: 1Oº Domingo do Tempo Comum

    O Domingo: 1Oº Domingo do Tempo Comum

    Reflexão

    Segundo narra a leitura do livro do Gênesis de hoje, o mal entrou no mundo desde a origem da humanidade por causa do pecado. Na narração bíblica entra em cena o primeiro casal da humanidade que chamamos Adão e Eva. Segundo o texto sagrado eles não resistiram à TENTAÇÃO! Tentação de desfrutar a prerrogativa divina de determinar o certo e o errado, o bem e o mal. Em termos bíblicos Adão e Eva comeram do fruto da árvore que está no centro do jardim de delicias, isto é, o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal.

    Em continuidade, vemos no evangelho de Marcos que Jesus está sendo procurado de novo por uma multidão de doentes físicos e de possessos. Os parentes de Jesus estão achando que essas buscas não são normais, pois Jesus está recebendo alguns possessos pelo demônio. Por sua parte, os mestres da lei acusam Jesus de ser possuído por Belzebu e que é pelo poder de Satanás que Ele expulsa os demônios. Satanás é um termo hebraico que significa ‘contradição’, divisão, ruptura. Em outras palavras é um espírito do contra, do mal. Satanás é o pai da mentira. Em termos atuais Satanás é autor de uma ‘fake news’. Onde há divisão ou oposição à verdade pode haver um satanás. É uma entidade sem corpo, matéria, forma, cor ou chifre. É o espírito do mal que age no mundo – um ser totalmente invisível.

    Jesus tomou a palavra para mostrar o absurdo do que eles pensam e dizem, pois “Como é que satanás pode expulsar a satanás”? Em outras palavras, como é que o espírito responsável pela divisão pode contrariar o próprio princípio da divisão? Isso é impossível, pois seria uma autodestruição. “Se uma família se divide contra si mesma, ela não poderá manter-se”, disse Jesus, “Assim, se satanás se levanta contra si mesmo e se divide, não poderá sobreviver, mas será destruído”. Nunca um bem pode vir do poder do mal. Satanás nunca poderá exorcizar um possuído! Jesus pode porque Ele tem poder para destruir a mentira. Jesus já disse ser Ele a Verdade falando na última Ceia e mais uma vez quando investigado por Pilatos.

    Agora dá para entender que todos os pecados podem ser perdoados menos o pecado contra o Espírito Santo, pois o Espírito Santo é o elo de união entre o Pai e o Filho na Trindade divina. Deus é Amor como escreveu São João. Aquele que desacredita na possibilidade de Deus perdoar gratuitamente, isto é, só por amor, está pecando contra o Espírito Santo, pois rejeita o próprio Deus que é AMOR por excelência. Não acreditar no Espírito do Amor é desacreditar do perdão. Portanto, todos os pecados são perdoáveis menos o pecado contra o Espírito Santo: “Quem blasfemar contra o Espírito Santo nunca será perdoado; será culpado de um pecado eterno”.

    Por causa disso todo pecador não arrependido fecha-se dentro de si mesmo criando uma casca dentro da qual ele fica preso no seu egoísmo. Depois da morte essa casca é inquebrável. O pecador fica eternamente sem possibilidade de relacionar-se e impossibilitado de ver, ouvir, encontrar algo ou alguém. Ficar nesta situação é estar no INFERNO.

    Jesus não priorizou seus familiares com privilégios especiais. Jesus ama a todos e dá a Vida eterna a todos que abrem o coração ao seu grande amor. É por isso que Jesus fez questão de dizer: “Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”. Sem desprezar ou negar os vínculos familiares, Jesus propõe novo modelo de família: pessoas de fé vivendo a fraternidade e o amor. Os laços familiares e os outros vínculos não são fundamentais. Cumprir a vontade do Pai está acima de qualquer coisa, até da própria família de sangue.


     Pe. Lourenço, CSC

     

  • O Domingo: Santíssima Trindade

    O Domingo: Santíssima Trindade

    Reflexão

    Jesus tinha combinado encontrar seus dez apóstolos num monte da Galileia. Uma vez no monte viram Jesus que se aproximou deles e, com sua autoridade divina, enviou-os solenemente para realizarem duas importantes missões dizendo: “Ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (primeira missão) “e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei!” (segunda missão).

    Como esperado, a Liturgia de hoje faz a Festa de Deus, isto é, a festa do Amor e da Vida porque Deus é ‘Amor e Vida’. É uma festa diferente de todas as outras, porque enquanto elas celebram eventos passados, porque todas se dão em momentos históricos a contar da data do seu começo ou nascimento, esta celebra Deus, que não teve começo, não tem um aniversário. Estamos acostumados com festas de aniversário de 18, 60, 100 anos; bodas de 30, 50 anos; aniversário da cidade, 300, 400 anos. Porém Deus é diferente de tudo o que existe, pois sendo eterno não tem começo e não terá fim. Deus é o ETERNO PRESENTE.

    O povo judeu foi o primeiro povo a acreditar na existência de um só Deus. Ele revelou-se a Abraão e pediu para que não acreditasse em outros deuses! Fez com ele uma promessa à condição da sua descendência acreditar num Único Deus. Porém, o povo da sua descendência (Isaac e Jacó) não foi muito fiel, misturou-se com povos de outras crenças e acabou escravizado pelos Egípcios. Passaram-se mais de 800 anos até que Moisés, escolhido por Deus, conseguiu libertar o povo Hebreu da escravidão e voltar ao seu Deus. Quando Moisés quis saber o nome deste único Deus, isto é, o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó, a Voz divina fez-se ouvir revelando-se a ele com a expressão “EU SOU” (IA WEH), que nós pronunciamos “Javé”. Moisés lembra que seu povo pertence a Javé, como uma propriedade particular de Deus, ou melhor, que Ele não é Dono de outros povos. Moisés insiste dizendo: “Existe, porventura, algum povo que tenha ouvido a voz de Deus falando-lhe do meio do fogo”? (Dt4, 33) e continua: “Reconhece, pois, hoje, e grava em teu coração, que o Senhor é o Deus lá em cima no céu e cá embaixo na terra e que não há outro atém dele (Dt4, 39)”.

    Deus não é algo, não é luz, energia, nirvana, mas Alguém, que tem personalidade, escuta e se comunica, mas nos parece solitário! Um DEUS SOLITÁRIO! Você já pensou? Ele sabe tudo e Ele é PERFEITO e FELIZ. Mas feliz, como? Ninguém é feliz sozinho! Deus não criou o Universo para ser feliz. Ele cria por amor não por necessidade. Mas antes de iniciar a criação do universo ainda ficava só? Surge então a questão: como ser feliz sozinho?

    Nós cristãos temos a resposta: Jesus veio e nos revelou que Deus, mesmo sendo Um só, não está só e nunca esteve só. Desde toda a eternidade Deus é uma comunhão de Amor entre o Pai e o Filho. O elo é o Espírito do Pai e do Filho que realiza essa relação de amor unificando-os num Único Deus!

    O apóstolo João, que conheceu Jesus de perto, escreveu: “Quem ama, nasceu de Deus, já conhece a Deus porque Deus é Amor” (1Jo4, 7). Então o Pai é Amor, o Filho também e o Espírito Santo é o encontro do Amor do Pai com o Amor do Filho. Podemos dizer que o Amor do Pai é o Pai inteiro que se fusiona com o Filho. O Amor do Filho é o Filho inteiro que se fusiona com o Pai. Este Amor não é algo, é o Espírito Santo unificador do Pai e do Filho.

     

    O Filho se encarnou na Pessoa de Jesus e tornou-se visível, mas o Pai é invisível. O apóstolo Filipe queria ver o Pai. Jesus lhe disse: “Filipe, quem me vê, vê também o Pai, não acredita que eu estou no Pai e que o Pai está em mim?” (Jo14, 9). Portanto, podemos fazer uma imagem de Jesus, pois fez-se homem. Mas não tentar fazer uma representação humana do Pai, porque Deus é invisível! A presença do Espírito tornou-se visível numa pomba e numa chama de fogo. Podemos pensar a Trindade imaginando um ser com três corações ou um triângulo com um ângulo para o Pai (criador), um para o Filho (salvador) e o terceiro para o Espírito Santo (santificador). É A TRINDADE DIVINA! É maneira de falar. Porém, um triangulo não é a trindade de Deus.

     


     Pe. Lourenço, CSC

     

     

  • O Domingo: Pentecostes

    O Domingo: Pentecostes

    Reflexão

    Pentecostes era uma festa que congregava os judeus que vinham à Jerusalém com o desejo de agradecer a Deus pelas primeiras colheitas do ano. Era uma festa muito linda: grupos de pessoas vindo de todos os cantos e dos países vizinhos; eles traziam cestos de uva, trigo, azeitonas, mel… O povo era acolhido ao som da harpa, das flautas e cantava salmos.

    Numa certa sala, de portas fechadas, ainda com medo dos judeus, os apóstolos estavam reunidos em oração. Esses homens não estavam nada alegres. Os Apóstolos estavam sem coragem. O grupo, mesmo reunido num mesmo lugar, parecia sem ânimo. Durante 50 dias, nenhuma Eucaristia tinha sido celebrada apesar de Jesus ter dito em tom de uma Ordem: “Fazei isso em memória de mim”. Eles só saíam de vez em quando para pescar peixinhos no lago de Tiberíades apesar de terem recebido a missão de serem pescadores de gente.

    Ainda bem que eles obedeceram à Palavra de Jesus que tinha dito: “Não se afastem de Jerusalém: Esperem que se realize a promessa do Pai… dentro de poucos dias, serão batizados pelo Espírito Santo”. Foram para Jerusalém porque era lá que a Igreja devia nascer. NASCEU! No livro dos Atos dos apóstolos lemos que uma bola de fogo desceu do céu, dividiu-se em chamas que posaram sobre os apóstolos unindo-os junto com Maria para formar com o mesmo Espírito Divino um só Corpo. Tudo mudou: Encheram-se de coragem e lembraram tudo o que tinha acontecido, e como interpretar as Escrituras Sagradas. A Igreja, embrionária durante 3 anos, agora viu a luz. Foram 3 anos de gestação: os apóstolos foram alimentados pela Palavra Viva de Jesus. Judeus de todos os cantos entendiam a palavra dos apóstolos em sua própria língua. Pentecostes foi o sinal da globalização e o milagre da comunicação!

    Ainda, a Liturgia do Evangelho escrito por João nos lembra que na tarde do dia da sua Ressurreição Jesus tinha aparecido aos apóstolos e que naquela aparição Ele havia antecipado a entrega de alguns DONS do Espírito Santo: o Dom da Paz por exemplo: “A paz esteja convosco”. Depois dessas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor. Novamente, Jesus disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio”. E depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem não os perdoardes, eles lhes serão retidos”. Por estas Últimas palavras Jesus instituiu o Sacramento da Reconciliação transferindo o Dom de Perdoar para seus apóstolos. PERDÃO E PAZ ANDAM JUNTOS!

    Durante a Campanha da Fraternidade nós usamos as palavras de Paulo: “do que era dividido, Deus fez uma unidade“. O Espírito de Deus sempre faz uma unidade do que está dividido ou separado, pois o Espírito Santo é o Elo que une o Pai e o Filho na Trindade divina. Pelo Espírito do amor existe uma tal fusão que o Amor se torna Deus. Sendo assim, o Apóstolo São João escreveu: “Quem ama nasceu de Deus e é Filho de Deus porque Deus é Amor”. E de todos os gestos de amor, o perdão é o mais gratuito. Perdoar é amar! No amor existe afeto, existe o desejo de fazer o outro feliz, existe o prazer de estar unido com a pessoa amada; no amor existe diálogo, compreensão e perdão. O mais gratuito dos vários tipos de amor é o perdão.

    Pentecostes veio também consertar os desentendimentos acontecidos entre nações desde a historinha do fracasso da construção da torre de Babel. Hoje, vem como presságio de Nações Unidas pelas tecnologias das línguas. Contrastando com a situação de Babel, existe hoje uma convergência de vários países em criar entre eles mais união construtiva e muitos intercâmbios nos conhecimentos científicos que facilitam a convivência a distância. Sem querer confundir Pandemia com Pentecostes podemos aproveitar para parabenizar os empresários dispostos em conjugar seus recursos com países em maior dificuldade para salvar vidas famintas decorrentes da pandemia. Que o Espírito Divino continue inspirando pessoas de boa vontade a cuidar da saúde dos nossos corpos numa responsabilidade mundial para não voltar a ideia de Babel. A quem costuma usar o Livro das Horas aconselho procurar na página 635 os Frutos do Espírito: caridade, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade lealdade, mansidão, continência.


     Pe. Lourenço, CSC

     
  • O Domingo: Ascenção do Senhor

    O Domingo: Ascenção do Senhor

    Reflexão

    No domingo da Páscoa, o Evangelho não disse que Jesus subiu ao Céu, mas que sumiu de seu túmulo. Mulheres encontraram vazio o túmulo onde o corpo de Jesus tinha sido colocado. Pedro e João também foram ver, mas ninguém encontrou o corpo de Jesus. Depois de ressuscitado, Jesus apareceu várias vezes, quase sempre diferente do que era antes de morrer. Na sua última aparição, uns 40 dias depois da sua ressurreição, Ele disse: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo”.

    E depois Jesus sumiu? Não, Ele subiu lentamente para o céu.

    Jesus ascendeu aos céus. Agora a humanidade precisa subir também. Afinal, quem não quer subir na vida? É hora da ascensão da humanidade, mas não necessariamente soltando balões e rojões. Precisamos subir em espírito e verdade! Para isso, é preciso crescer em consciência social como foi pregado durante a Campanha da Fraternidade, isto é, unidos como irmãos e irmãs de verdade.

    “Do que era dividido Jesus fez uma unidade”. Precisamos subir coletivamente em consciência honesta e ecológica, em justiça social, em liberdade, em amor para conhecer uma paz permanente. O mundo todo precisa aprender a conviver no respeito mútuo. Para isso é imprescindível eliminar o ódio, diminuir as desigualdades econômicas, acabar com a roubaria e a corrupção e especialmente acabar com a violência sob todos os seus aspectos: violência física e vingativa, violência psicológica, violência racial e étnica.

    Pelos meios modernos de comunicação é possível criar uma consciência comunitária através de uma educação de qualidade para todos e reivindicar os serviços de saúde para todos. É necessário obedecer às recomendações dos cientistas a fim de evitar ser infectado pelo COVID-19 e ser vacinado.

    Se a humanidade não subir assim ela poderá sumir. Muitas civilizações já sumiram. Muitos seres vivos estão ameaçados também de extinção. As guerras e as facções ainda continuam matando jovens e inocentes. É preciso punir sem ferir todos os que ainda pecam contra o respeito e a justiça. É preciso punir para corrigir; punir para consertar e reparar os danos cometidos.

    O povo cristão porta a bandeira da solução oferecida pelo Evangelho de Jesus Cristo. É dele que recebemos a ordem: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho”! Portanto, precisamos arregaçar as mangas e lutar pacificamente para a realização do Reino de Deus. Mas o que é este Reino?

    O tipo de reino que os judeus esperavam era baseado no poder de um messias político, capaz de estabelecer a soberania de Israel e dominar os outros povos, senão pelo menos libertar o povo judeu do julgo romano.

    Para os apóstolos parece ter sido uma realidade misteriosa. Ainda depois da Ressurreição de Jesus eles perguntam; “Senhor é agora que vais restaurar o reino em Israel?”. Os próprios apóstolos ainda não tinham entendido que o Reino de Deus já estava acontecendo na pessoa de Jesus e era um Reino interior, não fundamentado no poder, mas no amor!

    São Paulo antes da sua conversão anunciava o contrário e perseguia os cristãos. Depois de convertido ele entendeu o recado de Jesus e escreveu: “Ai de mim se eu não evangelizar”. Você já pensou dizer isso nas suas orações, mas não só para falar bonito, mas para realizar?

     


     Pe. Lourenço, CSC

     
  • Segunda-Feira do Anjo: as mulheres e o anúncio que ressoa pelo mundo

    Segunda-Feira do Anjo: as mulheres e o anúncio que ressoa pelo mundo

    Segundo Padre Francesco Voltaggio, a presença de Cristo é a plenitude que preenche todos os vazios do mundo

     

    Chamada de “Segunda-Feira do Anjo”, a segunda-feira da Oitava Páscoa traz as mulheres para o centro do anúncio da Ressurreição de Cristo. De acordo com o Padre Francesco Giosué Voltaggio, estudioso bíblico e reitor do Seminário Redemptoris Mater, na Galileia, “as mulheres são depositórias deste maravilhoso kerygma primeiro do anjo e depois do próprio Jesus Cristo, que o túmulo está vazio, com o convite para ir à Galileia para anunciar a seus irmãos que Cristo ressuscitou, e indo à Galileia lá o encontrarão”.

    Traçando laços com o Antigo Testamento, no momento em que Raquel “não consegue rolar a pedra do poço e Jacó, graças a uma força prodigiosa, consegue rolar esta pedra”. Segundo a tradição judaica, conforme explica o Padre Voltaggio, Jacó é capaz de rolar a pedra em questão graças ao Orvalho da Ressurreição, e é também, por assim dizer, um acontecimento nupcial. É a estas mulheres que é revelado o Cristo “esposo”, que agora chama tanto as mulheres como seus apóstolos para voltarem à Galileia, ao “primeiro amor”, porque, em hebraico, há uma ligação entre rolar a pedra (verbo galal) e Galileia, oriundo a mesma raiz gramatical.

    “Então é maravilhoso que sejam precisamente as mulheres que nos trazem esta beleza infinita da Ressurreição, que é a beleza de começar tudo de novo com Jesus Cristo”, afirma o Padre.

    Considerando que esta é a segunda Páscoa comemorada pelos fiéis em momento de pandemia, vemos o anúncio da Ressurreição de Cristo como uma boa notícia precisamente agora. Segundo o Padre Francesco Voltaggio, a Ressurreição marca a presença plena de Jesus em todos os momentos, mesmo os de aflições e restrições, como as de hoje. “E é uma notícia maravilhosa ainda hoje, precisamente neste momento tão difícil que estamos vivendo – mesmo trágico, em certos momentos da pandemia – porque ali onde há o vazio, na realidade Cristo é a plenitude; ele é a plenitude do tempo; ele é a plenitude do mundo; ele é capaz de preencher este vazio do túmulo, este vazio que sentimos quando há eventos de morte ou que nos lembram a morte”.

    “Cada vazio nosso pode ser preenchido pela plenitude da Ressurreição de Cristo”, continua o Padre. “Não há nenhum vazio que Cristo não possa preencher: a morte foi conquistada, Cristo ressuscitou verdadeiramente, e esta proclamação ressoa em todas as partes do mundo, e é o centro de nossa fé e de nova vida cristã”.

     

    Fonte: Vatican News (https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2021-04/segunda-feira-do-anjo-as-mulheres.html)

  • Páscoa é o momento de renascer

    Páscoa é o momento de renascer

    Via: https://santacruzbr.com.br/2021/04/01/pascoa-e-o-momento-de-renascer/

    Em meio à pandemia do coronavírus, vamos celebrar a Páscoa solidários com os familiares, amigos e com aquelas pessoas das nossas comunidades que perderam seus entes queridos por causa da covid-19.

    Como religiosos de Santa Cruz, temos que ser um sinal e um broto de esperança para com o nosso sofrido povo. Neste sentido, estamos numa segunda onda pandêmica e há um ano estamos convivendo com esse vírus, que na distância nos separa. Parece que ele é contra o Evangelho que fala para nos unir e não nos distanciar. Ele é hoje o nosso maior inimigo, não podemos nos descuidar. A pandemia da covid-19 é um assunto sério, pois muitas vidas estão sendo ceifadas no Brasil e em todo mundo. Neste âmbito, precisa-se de ações coordenadas de nossos governantes no combate a este vírus que maltrata sem piedade as pessoas, além da colaboração de todos nas medidas preventivas.

    Neste contexto é que vamos celebrar a Páscoa, data que marca a ressurreição de Jesus Cristo e costuma ser bem festejada, tanto nas celebrações religiosas nas igrejas, quanto em reuniões familiares em casa. Este ano, novamente, por causa da COVID-19, o cenário será diferente, já que a orientação das entidades de saúde é manter o distanciamento e o isolamento social para evitar a disseminação da doença. Neste âmbito, devemos fortalecer a Igreja doméstica, revitalizar nossa convivência e crescer espiritualmente na alegria do Cristo ressuscitado.

    Portanto, em meio a tanto sofrimento, chega a Páscoa, “festa magna”, momento oportuno da passagem de Jesus Cristo, da morte para a ressureição. Vamos nos animar sem perder a esperança de uma vacina para todos. Afinal, a vida não foi derrotada porque aquele que é a vida a tem em plenitude e a partilha conosco, por amor. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16). Celebremos a Páscoa conscientes de que em Jesus transbordamos de vida, saciando a nossa sede de eternidade.

    Cristo venceu a morte, Ele vive! Feliz Páscoa para todos!  Fraterno abraço!

    Pe. Laudeni Ramos Barbosa, CSC

  • Mensagem  – Ano de São José

    Mensagem – Ano de São José

    “Com o coração de Pai, assim José amou a Jesus” (Papa Francisco).

    Estimados colaboradores e Irmãos em Santa Cruz, eu desejo que cada um de vocês esteja bem e com saúde!

     

    Escrevo-lhes por ocasião do Ano de São José convocado pelo Santo padre, o Papa Francisco. Por este motivo, somos convidados a exemplo de São José, à escuta atenta dos desígnios de Deus no silêncio do nosso coração. Pois o glorioso São José, o discípulo cristão por antecipação, patrono da Igreja e padroeiro das vocações, é modelo de obediência e de servo para toda a Igreja e para a Vida Consagrada: “levanta-te, toma o menino e sua mãe” (Mt 2,13).

    Neste âmbito, José é apresentado “como encarnação do verdadeiro discípulo na relação com Deus[1]. É apresentado, ainda, como aquele que livremente obedeceu a Deus e realizou a Sua vontade e, embora inserido em situações difíceis e desafiadoras, voltou-se todo para a escuta atenta dos planos de Deus para si e para a humanidade. Assim como José, para aqueles que se dispuserem ao seguimento do Senhor em prol do Reino é fundamental colocarem-se livremente nas mãos de Deus e se despirem de suas próprias aspirações em abertura e seguimento à realização da Sua vontade.

    Neste sentido, somos todos discípulos-missionários a serviço do Reino de Deus, pois a nossa missioneidade e a nossa consagração só tem sentido se vivermos para os demais e, de modo especial, para os mais necessitados: “felizes os pobres, porque vosso é o Reino de Deus” (Lc 6, 20). Ademais, somos todos discípulos-educadores a serviço da Obra do Senhor, isto é, ser testemunha da ação e da misericórdia de Deus no seio da comunidade. Proficuamente, “a nossa missão é a missão do Senhor, também do Senhor é a força para ela” (Const. 2,20).

    Portanto, como consagrado em Cristo, animo-vos a seguirmos trabalhando juntos na construção de um mundo melhor e mais justo. Apesar da situação pandêmica, somos convidados a manter viva a esperança de que em breve voltaremos à normalidade. Que São José interceda a Deus por cada um de nós, para vivermos com zelo o ideal e o projeto do Senhor por meio da Congregação de Santa Cruz.

     

    Que Deus nos abençoe e que São José nos inspire para amar e servi na missão do Senhor.

     

    Com gratidão e estima,

     

    Rivaldo Oliveira da Silva, C.S.C

    Diretor de Vocações – Distrito do Brasil

    [1] José o discípulo por antecipação – Jaldemir Vitorio.