O Domingo: 31º Domingo Do Tempo Comum

Reflexão

Moisés coloca na boca do Senhor Deus as leis e os mandamentos que o povo de Israel deve pôr em prática. Dentre estes mandamentos, a Liturgia deste domingo escolheu no 6° capítulo do Deuteronômio, versículo 5°, o seguinte: “Amarás teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças”.

As leis e mandamentos também voltam a aparecer no Evangelho escrito por Marcos, que é muito interessante. O diálogo entre Jesus e um doutor da lei serve muito bem para quem procura uma receita de vida fundamentalmente cristã. O que devemos fazer para viver perfeitamente nossa fé?

A partir do diálogo, aquele mestre da lei muito inteligente e perfeccionista parece querer acertar sua vida conforme a vontade de Deus. A solução é cumprir todos os mandamentos. Entretanto, a maioria dos representantes das autoridades judaicas procura conversar com Jesus afim de contradizer seus ensinamentos. Já aquele mestre da lei, aproximando-se de Jesus, parece vir com boa intenção e todo o respeito, mas talvez achando que Jesus prioriza demais a vida das pessoas ao invés de priorizar a honra devida ao Deus Javé. Para aquele representante da lei, o primeiro mandamento é amar e dedicar-se totalmente a Deus, pois somente Javé é superior a todos os homens e merece nosso culto.

Então, aquele doutor da lei, aproximando-se, perguntou a Jesus: “Qual é o primeiro de todos os mandamentos?”. Jesus respondeu: “O primeiro é este: Ouça, ó Israel! ‘O senhor, nosso Deus, é o único Senhor. É preciso amar o Senhor teu Deus com todo o coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com toda a tua força’”. E Jesus continuou dizendo: “O segundo mandamento é este: amarás teu próximo como a ti mesmo! Não existe outro mandamento maior que estes”.

Portanto, segundo aquele doutor da lei, Jesus está muito certo, pois não há mandamento maior do que amar a Deus e ao próximo como a si mesmo. Então o doutor da lei, concordando com Jesus, descartou todos os deuses pagãos, que são apenas obras humanas. Portanto, somente Deus merece nossa adoração, nosso culto e nosso amor maior; amar a Deus vale muito mais do que oferecer holocaustos e sacrifícios. Este doutor da lei parece concordar plenamente com Jesus.

Mas acontece que Jesus acrescentou dizendo: “Você não está longe do Reino de Deus”. Mas por quê? Como é que ele não está no Reino de Deus? Quer dizer que algo falta para que este homem, fundamentalmente religioso, possa pertencer ao Reino de Deus. O que existe de diferente no Reino de Deus? “Amar a Deus plenamente e amar ao próximo como a si mesmo” – o que Jesus quer além disso?

Vamos tentar descobrir. Para amar a Deus verdadeiramente, será que é preciso amar também todo mundo, qualquer pessoa, pilantra, desconhecido? Quer dizer amar todo o ser humano sem exceção?

O que Jesus quer é que as pessoas desejem bem a todo e qualquer ser humano. Não podemos agradar a Deus impedindo alguém de fazer parte da lista do Seu Amor, pois Deus ama a todos. É frustrar nosso pai do Céu não amar a humanidade toda que Ele ama! O Reino de Deus acontece na união de pessoas diferentes, não todas parecidas. Assim, “o próximo” é mais do que o semblante.  Todo o ser vivendo os valores do Reino pertence ao Reino. Não existe união sem amor, e não existe amor sem união. Deus é essencialmente amor; Ele não somente “tem” amor, mas Ele é amor por essência.

O amor é a identidade de Deus. “Amemo-nos uns aos outros porque o amor vem de Deus e, sem o amor, não conhecemos a Deus, porque Deus é amor”. Ora, de todos os mandamentos de Deus, o primeiro é amar a Deus e o segundo é amar a todos os seres humanos. Neste sentido, quem não ama o irmão que vê, não ama a Deus que ele não vê. Não é possível agradar a Deus sem amar nossos irmãos. Conclusão: “Dizer que amamos Deus enquanto não amamos nossos irmãos é mentira” (Jo 4,20).


 Pe. Lourenço, CSC
 

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