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  • O Domingo: 1Oº Domingo do Tempo Comum

    O Domingo: 1Oº Domingo do Tempo Comum

    Reflexão

    Segundo narra a leitura do livro do Gênesis de hoje, o mal entrou no mundo desde a origem da humanidade por causa do pecado. Na narração bíblica entra em cena o primeiro casal da humanidade que chamamos Adão e Eva. Segundo o texto sagrado eles não resistiram à TENTAÇÃO! Tentação de desfrutar a prerrogativa divina de determinar o certo e o errado, o bem e o mal. Em termos bíblicos Adão e Eva comeram do fruto da árvore que está no centro do jardim de delicias, isto é, o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal.

    Em continuidade, vemos no evangelho de Marcos que Jesus está sendo procurado de novo por uma multidão de doentes físicos e de possessos. Os parentes de Jesus estão achando que essas buscas não são normais, pois Jesus está recebendo alguns possessos pelo demônio. Por sua parte, os mestres da lei acusam Jesus de ser possuído por Belzebu e que é pelo poder de Satanás que Ele expulsa os demônios. Satanás é um termo hebraico que significa ‘contradição’, divisão, ruptura. Em outras palavras é um espírito do contra, do mal. Satanás é o pai da mentira. Em termos atuais Satanás é autor de uma ‘fake news’. Onde há divisão ou oposição à verdade pode haver um satanás. É uma entidade sem corpo, matéria, forma, cor ou chifre. É o espírito do mal que age no mundo – um ser totalmente invisível.

    Jesus tomou a palavra para mostrar o absurdo do que eles pensam e dizem, pois “Como é que satanás pode expulsar a satanás”? Em outras palavras, como é que o espírito responsável pela divisão pode contrariar o próprio princípio da divisão? Isso é impossível, pois seria uma autodestruição. “Se uma família se divide contra si mesma, ela não poderá manter-se”, disse Jesus, “Assim, se satanás se levanta contra si mesmo e se divide, não poderá sobreviver, mas será destruído”. Nunca um bem pode vir do poder do mal. Satanás nunca poderá exorcizar um possuído! Jesus pode porque Ele tem poder para destruir a mentira. Jesus já disse ser Ele a Verdade falando na última Ceia e mais uma vez quando investigado por Pilatos.

    Agora dá para entender que todos os pecados podem ser perdoados menos o pecado contra o Espírito Santo, pois o Espírito Santo é o elo de união entre o Pai e o Filho na Trindade divina. Deus é Amor como escreveu São João. Aquele que desacredita na possibilidade de Deus perdoar gratuitamente, isto é, só por amor, está pecando contra o Espírito Santo, pois rejeita o próprio Deus que é AMOR por excelência. Não acreditar no Espírito do Amor é desacreditar do perdão. Portanto, todos os pecados são perdoáveis menos o pecado contra o Espírito Santo: “Quem blasfemar contra o Espírito Santo nunca será perdoado; será culpado de um pecado eterno”.

    Por causa disso todo pecador não arrependido fecha-se dentro de si mesmo criando uma casca dentro da qual ele fica preso no seu egoísmo. Depois da morte essa casca é inquebrável. O pecador fica eternamente sem possibilidade de relacionar-se e impossibilitado de ver, ouvir, encontrar algo ou alguém. Ficar nesta situação é estar no INFERNO.

    Jesus não priorizou seus familiares com privilégios especiais. Jesus ama a todos e dá a Vida eterna a todos que abrem o coração ao seu grande amor. É por isso que Jesus fez questão de dizer: “Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”. Sem desprezar ou negar os vínculos familiares, Jesus propõe novo modelo de família: pessoas de fé vivendo a fraternidade e o amor. Os laços familiares e os outros vínculos não são fundamentais. Cumprir a vontade do Pai está acima de qualquer coisa, até da própria família de sangue.


     Pe. Lourenço, CSC

     

  • O Domingo: Santíssima Trindade

    O Domingo: Santíssima Trindade

    Reflexão

    Jesus tinha combinado encontrar seus dez apóstolos num monte da Galileia. Uma vez no monte viram Jesus que se aproximou deles e, com sua autoridade divina, enviou-os solenemente para realizarem duas importantes missões dizendo: “Ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (primeira missão) “e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei!” (segunda missão).

    Como esperado, a Liturgia de hoje faz a Festa de Deus, isto é, a festa do Amor e da Vida porque Deus é ‘Amor e Vida’. É uma festa diferente de todas as outras, porque enquanto elas celebram eventos passados, porque todas se dão em momentos históricos a contar da data do seu começo ou nascimento, esta celebra Deus, que não teve começo, não tem um aniversário. Estamos acostumados com festas de aniversário de 18, 60, 100 anos; bodas de 30, 50 anos; aniversário da cidade, 300, 400 anos. Porém Deus é diferente de tudo o que existe, pois sendo eterno não tem começo e não terá fim. Deus é o ETERNO PRESENTE.

    O povo judeu foi o primeiro povo a acreditar na existência de um só Deus. Ele revelou-se a Abraão e pediu para que não acreditasse em outros deuses! Fez com ele uma promessa à condição da sua descendência acreditar num Único Deus. Porém, o povo da sua descendência (Isaac e Jacó) não foi muito fiel, misturou-se com povos de outras crenças e acabou escravizado pelos Egípcios. Passaram-se mais de 800 anos até que Moisés, escolhido por Deus, conseguiu libertar o povo Hebreu da escravidão e voltar ao seu Deus. Quando Moisés quis saber o nome deste único Deus, isto é, o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó, a Voz divina fez-se ouvir revelando-se a ele com a expressão “EU SOU” (IA WEH), que nós pronunciamos “Javé”. Moisés lembra que seu povo pertence a Javé, como uma propriedade particular de Deus, ou melhor, que Ele não é Dono de outros povos. Moisés insiste dizendo: “Existe, porventura, algum povo que tenha ouvido a voz de Deus falando-lhe do meio do fogo”? (Dt4, 33) e continua: “Reconhece, pois, hoje, e grava em teu coração, que o Senhor é o Deus lá em cima no céu e cá embaixo na terra e que não há outro atém dele (Dt4, 39)”.

    Deus não é algo, não é luz, energia, nirvana, mas Alguém, que tem personalidade, escuta e se comunica, mas nos parece solitário! Um DEUS SOLITÁRIO! Você já pensou? Ele sabe tudo e Ele é PERFEITO e FELIZ. Mas feliz, como? Ninguém é feliz sozinho! Deus não criou o Universo para ser feliz. Ele cria por amor não por necessidade. Mas antes de iniciar a criação do universo ainda ficava só? Surge então a questão: como ser feliz sozinho?

    Nós cristãos temos a resposta: Jesus veio e nos revelou que Deus, mesmo sendo Um só, não está só e nunca esteve só. Desde toda a eternidade Deus é uma comunhão de Amor entre o Pai e o Filho. O elo é o Espírito do Pai e do Filho que realiza essa relação de amor unificando-os num Único Deus!

    O apóstolo João, que conheceu Jesus de perto, escreveu: “Quem ama, nasceu de Deus, já conhece a Deus porque Deus é Amor” (1Jo4, 7). Então o Pai é Amor, o Filho também e o Espírito Santo é o encontro do Amor do Pai com o Amor do Filho. Podemos dizer que o Amor do Pai é o Pai inteiro que se fusiona com o Filho. O Amor do Filho é o Filho inteiro que se fusiona com o Pai. Este Amor não é algo, é o Espírito Santo unificador do Pai e do Filho.

     

    O Filho se encarnou na Pessoa de Jesus e tornou-se visível, mas o Pai é invisível. O apóstolo Filipe queria ver o Pai. Jesus lhe disse: “Filipe, quem me vê, vê também o Pai, não acredita que eu estou no Pai e que o Pai está em mim?” (Jo14, 9). Portanto, podemos fazer uma imagem de Jesus, pois fez-se homem. Mas não tentar fazer uma representação humana do Pai, porque Deus é invisível! A presença do Espírito tornou-se visível numa pomba e numa chama de fogo. Podemos pensar a Trindade imaginando um ser com três corações ou um triângulo com um ângulo para o Pai (criador), um para o Filho (salvador) e o terceiro para o Espírito Santo (santificador). É A TRINDADE DIVINA! É maneira de falar. Porém, um triangulo não é a trindade de Deus.

     


     Pe. Lourenço, CSC

     

     

  • O Domingo: Pentecostes

    O Domingo: Pentecostes

    Reflexão

    Pentecostes era uma festa que congregava os judeus que vinham à Jerusalém com o desejo de agradecer a Deus pelas primeiras colheitas do ano. Era uma festa muito linda: grupos de pessoas vindo de todos os cantos e dos países vizinhos; eles traziam cestos de uva, trigo, azeitonas, mel… O povo era acolhido ao som da harpa, das flautas e cantava salmos.

    Numa certa sala, de portas fechadas, ainda com medo dos judeus, os apóstolos estavam reunidos em oração. Esses homens não estavam nada alegres. Os Apóstolos estavam sem coragem. O grupo, mesmo reunido num mesmo lugar, parecia sem ânimo. Durante 50 dias, nenhuma Eucaristia tinha sido celebrada apesar de Jesus ter dito em tom de uma Ordem: “Fazei isso em memória de mim”. Eles só saíam de vez em quando para pescar peixinhos no lago de Tiberíades apesar de terem recebido a missão de serem pescadores de gente.

    Ainda bem que eles obedeceram à Palavra de Jesus que tinha dito: “Não se afastem de Jerusalém: Esperem que se realize a promessa do Pai… dentro de poucos dias, serão batizados pelo Espírito Santo”. Foram para Jerusalém porque era lá que a Igreja devia nascer. NASCEU! No livro dos Atos dos apóstolos lemos que uma bola de fogo desceu do céu, dividiu-se em chamas que posaram sobre os apóstolos unindo-os junto com Maria para formar com o mesmo Espírito Divino um só Corpo. Tudo mudou: Encheram-se de coragem e lembraram tudo o que tinha acontecido, e como interpretar as Escrituras Sagradas. A Igreja, embrionária durante 3 anos, agora viu a luz. Foram 3 anos de gestação: os apóstolos foram alimentados pela Palavra Viva de Jesus. Judeus de todos os cantos entendiam a palavra dos apóstolos em sua própria língua. Pentecostes foi o sinal da globalização e o milagre da comunicação!

    Ainda, a Liturgia do Evangelho escrito por João nos lembra que na tarde do dia da sua Ressurreição Jesus tinha aparecido aos apóstolos e que naquela aparição Ele havia antecipado a entrega de alguns DONS do Espírito Santo: o Dom da Paz por exemplo: “A paz esteja convosco”. Depois dessas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor. Novamente, Jesus disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio”. E depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem não os perdoardes, eles lhes serão retidos”. Por estas Últimas palavras Jesus instituiu o Sacramento da Reconciliação transferindo o Dom de Perdoar para seus apóstolos. PERDÃO E PAZ ANDAM JUNTOS!

    Durante a Campanha da Fraternidade nós usamos as palavras de Paulo: “do que era dividido, Deus fez uma unidade“. O Espírito de Deus sempre faz uma unidade do que está dividido ou separado, pois o Espírito Santo é o Elo que une o Pai e o Filho na Trindade divina. Pelo Espírito do amor existe uma tal fusão que o Amor se torna Deus. Sendo assim, o Apóstolo São João escreveu: “Quem ama nasceu de Deus e é Filho de Deus porque Deus é Amor”. E de todos os gestos de amor, o perdão é o mais gratuito. Perdoar é amar! No amor existe afeto, existe o desejo de fazer o outro feliz, existe o prazer de estar unido com a pessoa amada; no amor existe diálogo, compreensão e perdão. O mais gratuito dos vários tipos de amor é o perdão.

    Pentecostes veio também consertar os desentendimentos acontecidos entre nações desde a historinha do fracasso da construção da torre de Babel. Hoje, vem como presságio de Nações Unidas pelas tecnologias das línguas. Contrastando com a situação de Babel, existe hoje uma convergência de vários países em criar entre eles mais união construtiva e muitos intercâmbios nos conhecimentos científicos que facilitam a convivência a distância. Sem querer confundir Pandemia com Pentecostes podemos aproveitar para parabenizar os empresários dispostos em conjugar seus recursos com países em maior dificuldade para salvar vidas famintas decorrentes da pandemia. Que o Espírito Divino continue inspirando pessoas de boa vontade a cuidar da saúde dos nossos corpos numa responsabilidade mundial para não voltar a ideia de Babel. A quem costuma usar o Livro das Horas aconselho procurar na página 635 os Frutos do Espírito: caridade, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade lealdade, mansidão, continência.


     Pe. Lourenço, CSC

     
  • O Domingo: Ascenção do Senhor

    O Domingo: Ascenção do Senhor

    Reflexão

    No domingo da Páscoa, o Evangelho não disse que Jesus subiu ao Céu, mas que sumiu de seu túmulo. Mulheres encontraram vazio o túmulo onde o corpo de Jesus tinha sido colocado. Pedro e João também foram ver, mas ninguém encontrou o corpo de Jesus. Depois de ressuscitado, Jesus apareceu várias vezes, quase sempre diferente do que era antes de morrer. Na sua última aparição, uns 40 dias depois da sua ressurreição, Ele disse: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo”.

    E depois Jesus sumiu? Não, Ele subiu lentamente para o céu.

    Jesus ascendeu aos céus. Agora a humanidade precisa subir também. Afinal, quem não quer subir na vida? É hora da ascensão da humanidade, mas não necessariamente soltando balões e rojões. Precisamos subir em espírito e verdade! Para isso, é preciso crescer em consciência social como foi pregado durante a Campanha da Fraternidade, isto é, unidos como irmãos e irmãs de verdade.

    “Do que era dividido Jesus fez uma unidade”. Precisamos subir coletivamente em consciência honesta e ecológica, em justiça social, em liberdade, em amor para conhecer uma paz permanente. O mundo todo precisa aprender a conviver no respeito mútuo. Para isso é imprescindível eliminar o ódio, diminuir as desigualdades econômicas, acabar com a roubaria e a corrupção e especialmente acabar com a violência sob todos os seus aspectos: violência física e vingativa, violência psicológica, violência racial e étnica.

    Pelos meios modernos de comunicação é possível criar uma consciência comunitária através de uma educação de qualidade para todos e reivindicar os serviços de saúde para todos. É necessário obedecer às recomendações dos cientistas a fim de evitar ser infectado pelo COVID-19 e ser vacinado.

    Se a humanidade não subir assim ela poderá sumir. Muitas civilizações já sumiram. Muitos seres vivos estão ameaçados também de extinção. As guerras e as facções ainda continuam matando jovens e inocentes. É preciso punir sem ferir todos os que ainda pecam contra o respeito e a justiça. É preciso punir para corrigir; punir para consertar e reparar os danos cometidos.

    O povo cristão porta a bandeira da solução oferecida pelo Evangelho de Jesus Cristo. É dele que recebemos a ordem: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho”! Portanto, precisamos arregaçar as mangas e lutar pacificamente para a realização do Reino de Deus. Mas o que é este Reino?

    O tipo de reino que os judeus esperavam era baseado no poder de um messias político, capaz de estabelecer a soberania de Israel e dominar os outros povos, senão pelo menos libertar o povo judeu do julgo romano.

    Para os apóstolos parece ter sido uma realidade misteriosa. Ainda depois da Ressurreição de Jesus eles perguntam; “Senhor é agora que vais restaurar o reino em Israel?”. Os próprios apóstolos ainda não tinham entendido que o Reino de Deus já estava acontecendo na pessoa de Jesus e era um Reino interior, não fundamentado no poder, mas no amor!

    São Paulo antes da sua conversão anunciava o contrário e perseguia os cristãos. Depois de convertido ele entendeu o recado de Jesus e escreveu: “Ai de mim se eu não evangelizar”. Você já pensou dizer isso nas suas orações, mas não só para falar bonito, mas para realizar?

     


     Pe. Lourenço, CSC

     
  • Segunda-Feira do Anjo: as mulheres e o anúncio que ressoa pelo mundo

    Segunda-Feira do Anjo: as mulheres e o anúncio que ressoa pelo mundo

    Segundo Padre Francesco Voltaggio, a presença de Cristo é a plenitude que preenche todos os vazios do mundo

     

    Chamada de “Segunda-Feira do Anjo”, a segunda-feira da Oitava Páscoa traz as mulheres para o centro do anúncio da Ressurreição de Cristo. De acordo com o Padre Francesco Giosué Voltaggio, estudioso bíblico e reitor do Seminário Redemptoris Mater, na Galileia, “as mulheres são depositórias deste maravilhoso kerygma primeiro do anjo e depois do próprio Jesus Cristo, que o túmulo está vazio, com o convite para ir à Galileia para anunciar a seus irmãos que Cristo ressuscitou, e indo à Galileia lá o encontrarão”.

    Traçando laços com o Antigo Testamento, no momento em que Raquel “não consegue rolar a pedra do poço e Jacó, graças a uma força prodigiosa, consegue rolar esta pedra”. Segundo a tradição judaica, conforme explica o Padre Voltaggio, Jacó é capaz de rolar a pedra em questão graças ao Orvalho da Ressurreição, e é também, por assim dizer, um acontecimento nupcial. É a estas mulheres que é revelado o Cristo “esposo”, que agora chama tanto as mulheres como seus apóstolos para voltarem à Galileia, ao “primeiro amor”, porque, em hebraico, há uma ligação entre rolar a pedra (verbo galal) e Galileia, oriundo a mesma raiz gramatical.

    “Então é maravilhoso que sejam precisamente as mulheres que nos trazem esta beleza infinita da Ressurreição, que é a beleza de começar tudo de novo com Jesus Cristo”, afirma o Padre.

    Considerando que esta é a segunda Páscoa comemorada pelos fiéis em momento de pandemia, vemos o anúncio da Ressurreição de Cristo como uma boa notícia precisamente agora. Segundo o Padre Francesco Voltaggio, a Ressurreição marca a presença plena de Jesus em todos os momentos, mesmo os de aflições e restrições, como as de hoje. “E é uma notícia maravilhosa ainda hoje, precisamente neste momento tão difícil que estamos vivendo – mesmo trágico, em certos momentos da pandemia – porque ali onde há o vazio, na realidade Cristo é a plenitude; ele é a plenitude do tempo; ele é a plenitude do mundo; ele é capaz de preencher este vazio do túmulo, este vazio que sentimos quando há eventos de morte ou que nos lembram a morte”.

    “Cada vazio nosso pode ser preenchido pela plenitude da Ressurreição de Cristo”, continua o Padre. “Não há nenhum vazio que Cristo não possa preencher: a morte foi conquistada, Cristo ressuscitou verdadeiramente, e esta proclamação ressoa em todas as partes do mundo, e é o centro de nossa fé e de nova vida cristã”.

     

    Fonte: Vatican News (https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2021-04/segunda-feira-do-anjo-as-mulheres.html)

  • Páscoa é o momento de renascer

    Páscoa é o momento de renascer

    Via: https://santacruzbr.com.br/2021/04/01/pascoa-e-o-momento-de-renascer/

    Em meio à pandemia do coronavírus, vamos celebrar a Páscoa solidários com os familiares, amigos e com aquelas pessoas das nossas comunidades que perderam seus entes queridos por causa da covid-19.

    Como religiosos de Santa Cruz, temos que ser um sinal e um broto de esperança para com o nosso sofrido povo. Neste sentido, estamos numa segunda onda pandêmica e há um ano estamos convivendo com esse vírus, que na distância nos separa. Parece que ele é contra o Evangelho que fala para nos unir e não nos distanciar. Ele é hoje o nosso maior inimigo, não podemos nos descuidar. A pandemia da covid-19 é um assunto sério, pois muitas vidas estão sendo ceifadas no Brasil e em todo mundo. Neste âmbito, precisa-se de ações coordenadas de nossos governantes no combate a este vírus que maltrata sem piedade as pessoas, além da colaboração de todos nas medidas preventivas.

    Neste contexto é que vamos celebrar a Páscoa, data que marca a ressurreição de Jesus Cristo e costuma ser bem festejada, tanto nas celebrações religiosas nas igrejas, quanto em reuniões familiares em casa. Este ano, novamente, por causa da COVID-19, o cenário será diferente, já que a orientação das entidades de saúde é manter o distanciamento e o isolamento social para evitar a disseminação da doença. Neste âmbito, devemos fortalecer a Igreja doméstica, revitalizar nossa convivência e crescer espiritualmente na alegria do Cristo ressuscitado.

    Portanto, em meio a tanto sofrimento, chega a Páscoa, “festa magna”, momento oportuno da passagem de Jesus Cristo, da morte para a ressureição. Vamos nos animar sem perder a esperança de uma vacina para todos. Afinal, a vida não foi derrotada porque aquele que é a vida a tem em plenitude e a partilha conosco, por amor. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16). Celebremos a Páscoa conscientes de que em Jesus transbordamos de vida, saciando a nossa sede de eternidade.

    Cristo venceu a morte, Ele vive! Feliz Páscoa para todos!  Fraterno abraço!

    Pe. Laudeni Ramos Barbosa, CSC

  • Mensagem  – Ano de São José

    Mensagem – Ano de São José

    “Com o coração de Pai, assim José amou a Jesus” (Papa Francisco).

    Estimados colaboradores e Irmãos em Santa Cruz, eu desejo que cada um de vocês esteja bem e com saúde!

     

    Escrevo-lhes por ocasião do Ano de São José convocado pelo Santo padre, o Papa Francisco. Por este motivo, somos convidados a exemplo de São José, à escuta atenta dos desígnios de Deus no silêncio do nosso coração. Pois o glorioso São José, o discípulo cristão por antecipação, patrono da Igreja e padroeiro das vocações, é modelo de obediência e de servo para toda a Igreja e para a Vida Consagrada: “levanta-te, toma o menino e sua mãe” (Mt 2,13).

    Neste âmbito, José é apresentado “como encarnação do verdadeiro discípulo na relação com Deus[1]. É apresentado, ainda, como aquele que livremente obedeceu a Deus e realizou a Sua vontade e, embora inserido em situações difíceis e desafiadoras, voltou-se todo para a escuta atenta dos planos de Deus para si e para a humanidade. Assim como José, para aqueles que se dispuserem ao seguimento do Senhor em prol do Reino é fundamental colocarem-se livremente nas mãos de Deus e se despirem de suas próprias aspirações em abertura e seguimento à realização da Sua vontade.

    Neste sentido, somos todos discípulos-missionários a serviço do Reino de Deus, pois a nossa missioneidade e a nossa consagração só tem sentido se vivermos para os demais e, de modo especial, para os mais necessitados: “felizes os pobres, porque vosso é o Reino de Deus” (Lc 6, 20). Ademais, somos todos discípulos-educadores a serviço da Obra do Senhor, isto é, ser testemunha da ação e da misericórdia de Deus no seio da comunidade. Proficuamente, “a nossa missão é a missão do Senhor, também do Senhor é a força para ela” (Const. 2,20).

    Portanto, como consagrado em Cristo, animo-vos a seguirmos trabalhando juntos na construção de um mundo melhor e mais justo. Apesar da situação pandêmica, somos convidados a manter viva a esperança de que em breve voltaremos à normalidade. Que São José interceda a Deus por cada um de nós, para vivermos com zelo o ideal e o projeto do Senhor por meio da Congregação de Santa Cruz.

     

    Que Deus nos abençoe e que São José nos inspire para amar e servi na missão do Senhor.

     

    Com gratidão e estima,

     

    Rivaldo Oliveira da Silva, C.S.C

    Diretor de Vocações – Distrito do Brasil

    [1] José o discípulo por antecipação – Jaldemir Vitorio.

  • St. André: guiando-nos ao nosso Salvador

    St. André: guiando-nos ao nosso Salvador

    O Irmão André Bessette, CSC, o primeiro santo canonizado da Congregação da Santa Cruz, faleceu em 6 de janeiro de 1937. Tradicionalmente celebramos os santos na data de seu nascimento para a vida eterna, mas junto com a Igreja, nós na Santa Cruz celebramos agora St. André em 7 de janeiro.

    St Andre Bessette

    Sua festa foi transferida para 7 de janeiro porque 6 de janeiro é o décimo segundo dia de Natal, o dia em que tradicionalmente celebramos a Festa da Epifania, comemorando os sábios que seguiram a estrela para homenagear o recém-nascido Cristo Criança. Eles vieram levando-lhe presentes: ouro, simbolizando o poder e a riqueza de um rei; incenso, que dá tributo ao que é santo; e mirra, um perfume para ungir os doentes e os que estão morrendo. 

    Explore uma linha do tempo do Br. A vida de André

    Que alegria é a Santa Cruz celebrar André, o fundador do Oratório de São José em Montreal, Quebec, ao lado da festa especial da Epifania! Fr. Aparência e comportamento de André estavam longe de ser real, mas em sua humildade e amor à compaixão pelos doentes, ele comandou aqueles que tiveram o privilégio de conhecê-lo com respeito e honra dignos de um rei.

    Semelhante aos magos, fr. André, em sua própria jornada de fé, apresentou ao Senhor seus dons especiais. Embora sua pobreza religiosa o impedisse de dar ouro, ele generosamente doou seu próprio tesouro pessoal de profunda fé e cura aos milhares que vieram vê-lo. De muitas maneiras, seu incenso era o sonho e a construção do próprio oratório, um memorial impressionante que honra a santidade de seu amado São José. E finalmente, sua mirra foi o óleo sagrado que ele usou em seu ministério para ungir gentilmente os doentes e enfermos. 

    Leia mais reflexões de religiosos da Santa Cruz

    Oratório de São José

    Hoje, no alto da magnífica cúpula iluminada do Oratório de São José, uma cruz iluminada brilha intensamente, muito parecida com a estrela de Belém, guiando milhões de peregrinos em seu desejo de homenagear nosso Senhor e Rei, bem como a simples homem santo cujos dons trouxeram esperança e cura a muitos. Nós olhamos para a cruz e olhamos para o Ir. André nos ajudará a encontrar nosso Salvador, para que também possamos trazer nossos diversos dons para ele. Em nossa doação, podemos apenas descobrir que nós mesmos recebemos um presente muito maior – aquele presente especial de esperança que somente ele pode dar.

    Esta reflexão do Ir. Paul Bednarczyk, CSC, para a Festa de São André Bessette foi adaptado do livro  O Presente da Esperança: Advento e Reflexões de Natal na Santa Cruz Tradição  da Ave Maria Press . Fr. Bednarczyk atualmente serve como vigário geral e primeiro assistente da Congregação.

  • São José: A Relevância do Silêncio em um Mundo Barulhento

    São José: A Relevância do Silêncio em um Mundo Barulhento

    Meus queridos irmãos e irmãs em Cristo, estamos na época da Quaresma. É quando nos sentamos em cinzas e nos recusamos a fazer negócios da maneira normal. Ao marcarmos a festa solene de São José, permita-me destacar e propor a você uma das virtudes profundas de São José. Creio que seria capaz de inspirar-nos a ter uma visão mais próxima de nós mesmos, da nossa vida religiosa ou da nossa vocação matrimonial, e a chamar-nos a uma reflexão mais profunda sobre nós mesmos, sobre Deus e sobre a nossa missão na Igreja.

    Essa virtude de São José às vezes parece insignificante e, com freqüência, é menos enfatizada e esquecida. Sim, permanece profundo e igualmente adequado para nós hoje, e especialmente nesta época da Quaresma. Essa é a virtude do silêncio.

    Deixe-me levar sua mente de volta aos seus dias de escola, como eu me lembro da minha. Na minha aula de inglês, os alunos não podiam falar nenhum idioma local além do inglês. Se você falava vernáculo, se você era simplesmente falador ou falador, você usava um cartaz em volta do seu pescoço. Houve declarações diferentes nesses cartazes. Um deles tinha a mensagem: “Ajude, ajude, não consigo parar de falar … ajude …”

    Hoje sabemos que a parte mais fácil de nossa oração é falar com Deus. Silenciar, zipar, ouvir é a parte mais difícil da oração para muitos de nós. Somos informados por São Cipriano: “Quando oramos, falamos com Deus; quando nos calamos para escutar, Deus fala conosco ”.

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    O filósofo dinamarquês Soren Kierkegaard escreveu certa vez: “ O estado atual do mundo e o todo da vida está doente. Se eu fosse médico e me pedissem conselhos, eu deveria responder: ‘Crie silêncio! Levar as pessoas ao silêncio! A Palavra de Deus não pode ser ouvida no mundo barulhento de hoje. E mesmo que fosse trombeteado com toda a panóplia de ruído para que pudesse ser ouvido no meio de todo o outro ruído, então não seria mais a Palavra de Deus. Portanto, crie silêncio! ”

    Há uma verdade simples em jogo. Não pode haver relacionamento real com Deus; não pode haver um encontro real com Deus, sem silêncio. O silêncio se prepara para essa reunião e o silêncio a segue. Somos testemunhas da natureza barulhenta do nosso mundo hoje, que é uma ameaça ao nosso relacionamento com Deus. Nós vivemos em um mundo barulhento. E o pior de tudo é o barulho em nossas mentes e corações. No entanto, o silêncio é sine qua non (indispensável) em nossa busca para entrar em relacionamento com Deus, para ouvir sua voz e discernir sua vontade para nós e em nossas vidas ( Perfectae Caritatis, no.1 ).

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    Se não podemos nos encontrar com Deus em silêncio, como podemos, como homens e mulheres religiosos, chamados para um relacionamento íntimo com Deus, alcançar nossa vocação de intimidade em um mundo cheio de barulho? É contra esse pano de fundo que desejo refletir com você sobre a relevância do “Silent Joseph” em nosso mundo hoje.

    Vamos nos perguntar a essa questão aparentemente sem importância, ainda que muito significativa, em nossa busca para identificar e apreciar o que podemos aprender da vida de São José. Quem é São José?

    Oratório de São José

    José aparece pela primeira vez nas narrativas da infância dos Evangelhos de Mateus e Lucas. Lucas identifica-o como sendo da casa e da linhagem de Davi (2: 4). Para Mateus, José era um “homem reto” (1:19); isto é, ele viveu segundo os padrões de Deus e guardou fielmente os mandamentos de Deus. Dizem que ele é o marido de Maria, a mãe de nosso Senhor Jesus Cristo e, portanto, seu pai adotivo.

    Os evangelhos nos dão os relatos de como Maria veio a ser prometida a José e, tradicionalmente, tornou-se sua esposa, embora ele não estivesse morando com ela. Antes que eles pudessem se reunir, Joseph, nos é dito, descobriu que Maria havia concebido, e assim decidiu se divorciar dela em silêncio (Mt 1:19). De acordo com o Tora, Joseph poderia ter tido apedrejado até a morte por infidelidade (cf. Deuteronômio 22). No entanto, nos é dito que o Anjo do Senhor apareceu a ele em um sonho, e revelou a ele que Maria tinha concebido pelo poder do Espírito Santo, e pediu-lhe para tomar Maria como sua esposa. Sem dúvida ou hesitação, Joseph fez o que o Anjo dissera.

    Após o nascimento de Jesus, Herodes procurou matar o Menino Jesus e José foi alertado em um sonho. Imediatamente, José levou Maria e a criança à noite, para um lugar mais seguro no Egito (Mt 2: 13-15). Após a morte de Herodes, ele foi novamente alertado em um sonho para levar a família de volta a Israel, e recebeu mais instruções em um sonho, e se estabeleceu em Nazaré (Mt 2: 19-23). Como pai de Jesus, procurou cumprir todas as tradições concernentes a Maria e o Menino Jesus, no tocante à apresentação do Menino no Templo e à purificação (Lc 2, 22ss).

    Do exposto, pode-se deduzir que Joseph cumpriu suas obrigações corajosamente como marido e pai; e em todo o evangelho, ele fielmente e inquestionavelmente obedeceu aos mandamentos e instruções de Deus. Ele era um homem de grande fé que fazia o que Deus lhe pedia mesmo quando ele não sabia o resultado. Ele expressou sua fé pela ação. Ele aceitou as responsabilidades de sua vocação e, como marido e pai, investiu na formação espiritual e moral de seu filho em particular e de sua família em geral.

    Estátua de José no Seminário Moreau

    Apesar de desempenhar todos esses papéis importantes e críticos na vida da Sagrada Família, Joseph fica em silêncio na escritura. Os evangelhos não registram nem mesmo uma única palavra ou um verso falado para ele, mas sua influência, significado e relevância não podem ser subestimados. Esse é o poder do silêncio.

    Como religiosos, homens e mulheres, e como cristãos, chamados à intimidade com o Senhor em um mundo de ruídos, que lições podemos aprender com o silencioso José? Sabemos que ouvir e decodificar ou descriptografar a voz de Deus em um ambiente barulhento pode ser muito difícil; é apenas em silêncio que ouvimos a voz do Senhor, falando conosco e nos orientando sobre o que fazer, como fazer e para onde ir.

    Foi no silêncio do sono que São José conheceu a vontade de Deus e cumpriu sua missão especial de pai adotivo do próprio Filho de Deus, para o qual foi escolhido. A vida silenciosa de Joseph nos desafia como cristãos a criar tempo para o silêncio, porque é em silêncio que o Senhor nos revela sua vontade e seu propósito em nossas vidas.

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    São José nos ensina que o silêncio não significa que a pessoa esteja desinteressada ou desinteressada; é antes uma ferramenta para concentração. O Papa Bento XVI, ao falar sobre José, disse: “Seu silêncio é permeado pela contemplação do mistério de Deus, em uma atitude de total disponibilidade aos Seus desejos divinos. Em outras palavras, o silêncio de São José não era o sinal de um vazio interior, mas, pelo contrário, da plenitude da fé que ele carregava em seu coração e que guiava cada um de seus pensamentos e ações ”.

    O silêncio de José, portanto, é um convite para sermos melhores em remover distrações e tagarelice ociosa para prever mais espaço e espaço para contemplar onde Deus pode estar nos chamando.

    Podemos compreender o valor e a relevância de José no mundo de hoje, apreciando sua contribuição silenciosa ao mistério da Encarnação, por sua dedicação à vocação a que foi chamado. Numa sociedade muitas vezes cheia de barulho, podemos aprender muito com o silencioso José, encontrando tempo para o silêncio e nos tornando mais disponíveis para Deus e para a vocação a que Ele nos chamou, independentemente de qualquer distração.

    Oratório de São José

    Em silêncio, Joseph era um homem para os outros. Embora as Escrituras digam tão pouco sobre José, seu silêncio diz muito sobre sua abnegação e prontidão para realizar qualquer tarefa em benefício do outro. Por quê? Ele sempre colocou os interesses dos outros antes dos seus. Ele amava Maria acima de si e seu comportamento era apenas um resultado de seu amor. Ele estava preparado para fazer qualquer coisa para salvar a vida do menino Jesus. Quão refrescante este homem reto, embora humilde em todos os aspectos, enfrentaria dificuldades apenas pelo bem dos outros?

    Numa época em que as pessoas muitas vezes fogem quando surgem dificuldades, especialmente se esse empreendimento não traria benefícios diretos a si mesmo, a vida de José não é um convite para nós como cristãos, e como religiosos homens e mulheres, para continuar calmamente, mas efetivamente? executar nossas responsabilidades, como exigem nossas vocações, para a melhoria da humanidade e para a maior glória de Deus, sem alardear-lhes?

    Vamos nos juntar ao nosso silêncio ao Silêncio de José. É apenas em silêncio que podemos ouvir as instruções do Senhor para fazer o trabalho extra que ninguém está fazendo. Que São José continue a interceder por nós!

    Esta reflexão para a festa de São José, padroeiro dos irmãos da Santa Cruz, foi escrita por fr. John Badu Affum, CSC Depois de anos como mestre de noviços, fr. Affum foi eleito em 2018 como Superior do Distrito da África Ocidental (Cape Coast, Gana).