Category: Artigos

  • O Domingo: 19º Domingo do Tempo Comum

    O Domingo: 19º Domingo do Tempo Comum

    Reflexão

    Deus é mais PATERNAL do que PATERNALISTA. Elias não aguentava mais e pediu socorro. Deus atendeu, Ele veio ao socorro de Elias não para ser um salva-vidas, mas para fortalecê-lo; não somente satisfazer a sua fome, mas para lhe dar coragem. O anjo diz: “Levanta-te e come! Você tem um longo caminho a percorrer para cumprir sua missão. Precisa de forças.”.

    Quem é Jesus? Jesus já disse quem Ele é em muitas ocasiões: “EU SOU”: “o Pão vivo que desceu do céu”. “o pão da vida”, “uma fonte de água viva que jorra para a vida eterna”, “a luz do mundo”, “o bom pastor” “a porta do curral”, “a Ressurreição e a Vida”, “a videira verdadeira”, “o Caminho, a Verdade, a Vida”. No Evangelho do 19º Domingo do Tempo Comum, Jesus se oferece como pão vivo para nos alimentar na caminhada, fortalecendo-nos nas dificuldades, provações da vida e no cansaço do trabalho, em resumo: para não desistirmos. Os judeus criticavam Jesus porque tinha dito: “Eu sou o pão vivo descido do céu”. Eles diziam: “Este Jesus não é o filho do carpinteiro José? Como é que Ele pode dizer que veio do céu? As palavras d’Ele não fazem sentido”. No fundo, é pelo dom da fé que uma pessoa vê Deus em Jesus. Isso acontece até os dias de hoje.

    Jesus fala no presente: “Aquele que crê, já tem a vida eterna”, e continua dizendo: “Eu o ressuscitarei no último dia”. Essas palavras para nós cristãos são muito conhecidas. Numa Missa no 7º dia de uma pessoa falecida lembramos estas mesmas palavras. Para aquele que faleceu e pelo qual estamos rezando, o último dia aconteceu com sua morte física. Porém, sabemos que ele vive em Jesus Cristo. O sermão do pão da vida interpreta a Eucaristia e lembra o maná do deserto vindo do céu. Entretanto, o maná não dava direito à vida eterna. A Eucaristia, sim!

    A segunda parte deste Evangelho constitui o núcleo sobre o sermão do pão da vida. Jesus se auto define como sendo Ele o pão que dá a vida eterna. Esse pão é bem diferente do maná do deserto, que além de ser pão perecível, não podia dar vida eterna a quem o comia, pois o maná era alimento provisório. O pão que Jesus quer nos dar é Ele mesmo, porque Jesus pertence a Deus – seu Pai. “O pão que darei é minha carne para vida do mundo” (v.51). Essas palavras são fortíssimas, Jesus se oferece para assimilar no seu Corpo aqueles que participarão da sua vida.

    Essa proposta de Jesus encontra a resistência dos judeus, que murmuram por achar difícil que Deus se manifeste em Jesus sendo ele um homem comum, filho de José carpinteiro, enfim, um simples mortal. Os judeus eram incapazes de acreditar que Jesus pudesse ser verdadeiramente o filho de Javé, Criador do mundo, pois a grandeza de Deus não se compara a do homem. Ao apresentar-se como o pão que desceu do céu, Jesus estava também testando a fé dos seus apóstolos. O mestre fazia milagres, curava doentes, podia acalmar tempestades e até ressuscitar mortos. Mas ainda assim, ouvir Jesus dizer que a vida eterna é dada a quem come a carne do Filho do Homem, era difícil de aceitar. Ao apresentar-se como o pão que desceu do céu Jesus convidava seus seguidores a se alimentarem desse pão. É importante ler direitinho: “Isto é o meu corpo entregue por vós” e “Isto é meu sangue derramado por vós”. Não simplesmente ‘Isto é o meu corpo’.

    Jesus foi imprudente em revelar sua divindade para um grupo de coração duro, não querendo o aceitar como Filho de Deus. Para nós católicos, que acreditamos na Eucaristia desde nossa ‘primeira comunhão’, é mais fácil entender que um pedaço de pão possa ser consagrado para tomar-se verdadeiramente Corpo Vivo de Jesus Cristo. Comer do pão da vida não consiste apenas em comungar na missa. Comer o Corpo de Cristo consiste em nos deixar transformar por Ele, isto é, ser assimilado na totalidade do seu Corpo Místico. Comer um pão não consagrado é como comer o maná. Receber em comunhão com uma comunidade e em comunhão com Jesus hóstia consagrada é Partilhar do Corpo de Cristo alimentando-se para a eternidade. A herança mais preciosa que Jesus nos deu é sua própria vida no pão eucarístico.

    Quando comemos arroz e feijão assimilamos aquela comida tornando a nosso sangue. Comungar ao Pão eucarístico não é assimilar, mas é ser assimilado no próprio Corpo Místico de Jesus Cristo. O Corpo Místico é formado de todas as pessoas que pertencem à Igreja de Cristo. Pois o Pão do Céu nos assimila ao grande Corpo de Cristo. Portanto, a comunhão não é só com Jesus. Mas comungamos com todos os fiéis reunidos na mesma fé partilhando suas alegrias e seus desafios.


     Pe. Lourenço, CSC

     

     
  • O Domingo: 18º Domingo do Tempo Comum

    O Domingo: 18º Domingo do Tempo Comum

    Reflexão

    O Evangelho de hoje conta que os 12 apóstolos, voltando da sua missão, provavelmente eufóricos, fizeram o relatório de tudo o que eles haviam feito e ensinado. Jesus os convida agora a fazer um RETIRO num lugar deserto e afastado das multidões para descansar e rezar. Mas acontece que a multidão não os deixa em paz. As pessoas acorreram pela margem e chegaram antes que a barca dos apóstolos chegasse. Aí Jesus teve compaixão daquela gente pois eram como ovelhas sem pastor: gente desorganizada, carente de tudo, abandonada espiritualmente e materialmente. Numa situação dessas o retiro acabou antes de poder começar. Não haverá descanso, nem contemplação. Jesus queria ficar a sós com seus apóstolos e gozar de algum momento de intimidade espiritual com seus doze amigos. Mas fazer o quê! Há tanta gente sedenta de felicidade e sedenta da Palavra de Deusa. Então Jesus começou a ensiná-los muitas coisas.

    A figura do pastor é clássica na vida do povo de Israel. Ao Sul, reino de Judá, a região é montanhosa e bastante seca. O povo está sendo ameaçado pelos poderes vizinhos. Os líderes religiosos são comparados a pastores irresponsáveis que não cuidaram das pessoas deixando-as dispersas. Jeremias está consciente de que os líderes religiosos não foram à altura da sua função, e sabe que Deus enviará um novo chefe. Ele será um descendente do rei Davi. Ele será um rei-pastor, ou melhor dizer um Messias Pastor, prometido para fazer reinar a justiça e o direito em toda a terra. Nós, cristãos já identificamos esse Messias em Jesus que vem para fazer a unidade dos povos. Terá como nome “Senhor, nossa Justiça”.

    Meus irmãos, hoje ainda existem pregadores famosos que reúnem multidões. Porém, as multidões são muito mais atraídas por cantores e cantoras populares. E esses artistas cantam não porque têm pena do povo, mas muito mais para se promover ganhando mais fama ainda. Jesus não se importa em ficar famoso. Jesus quer reunir as pessoas em grupos, formar pequenas e maiores comunidades – eis o papel do pastor! São Paulo, na carta aos Efésios escreveu: “Do que era dividido, ele fez uma unidade. Em sua carne ele destruiu o muro de separação: a inimizade”. Foi o lema da Campanha da Fraternidade.

    Comunidade tem sua origem da palavra ‘com’ junto com a palavra ‘munus’ cuja tradução é ‘com tarefas’. Portanto, uma comunidade tem aspecto de um mutirão de pessoas reunidas para um projeto comum ou por um mesmo ideal. Uma comunidade é bem diferente de uma multidão. Numa comunidade, as pessoas reúnem-se porque têm um interesse comum. Antes de mais nada elas fazem uma unidade. Nela, as pessoas se conhecem e se ajudam mutuamente, têm uma meta comum, criam amizade entre si, são solidárias, têm uma mesma fé.

    Geralmente numa multidão as pessoas não têm outra coisa em comum além do próprio gosto de estarem juntos, ouvir as ondas do mar, tomar sol ou descansar.  Pense num mutirão de construção, ou ainda de uma equipe de festa, de um grupo de oração, do grupo dos Vicentinos, no grupo do ‘Apostolado da Oração’, (mutirão de rezadores), e das equipes de pastoral de uma paróquia…

    A palavra ‘Igreja’ traduz-se por ‘Congregação’. O essencial de uma congregação religiosa é a vida comunitária. A Liturgia da Missa, por exemplo, é uma celebração comunitária oficial da Igreja. Perde sentido um padre rezar Missa sozinho num cantinho do templo. Numa comunidade eclesial deve existir uma união baseada em dois pilares: ORAÇÃO E AÇÃO, que num mosteiro diz-se ‘Ora et Labora’. Dois atos principais da vida dos monges. Quer dizer: orar juntos e trabalhar para o bem comum. Um religioso fazendo sua própria vida conforme seus gostos, com o tempo não terá mais vínculo com sua congregação. A Igreja é chamada Corpo de Cristo, Jesus cabeça, cristãos membros. Aquele cristão que não ora decapita o Corpo de Cristo, enquanto aquele que não age mutila o Corpo. Precisamos realizar sempre as duas coisas: orar e fazer. Somos salvos em cachos. Ninguém se salva sozinho. Uma comunidade viva é sustentada da fé das pessoas presentes.


     Pe. Lourenço, CSC

     

     
  • O Domingo: 17º Domingo do Tempo Comum

    O Domingo: 17º Domingo do Tempo Comum

    Reflexão

    O Evangelho de hoje conta que os 12 apóstolos, voltando da sua missão, provavelmente eufóricos, fizeram o relatório de tudo o que eles haviam feito e ensinado. Jesus os convida agora a fazer um RETIRO num lugar deserto e afastado das multidões para descansar e rezar. Mas acontece que a multidão não os deixa em paz. As pessoas acorreram pela margem e chegaram antes que a barca dos apóstolos chegasse. Aí Jesus teve compaixão daquela gente pois eram como ovelhas sem pastor: gente desorganizada, carente de tudo, abandonada espiritualmente e materialmente. Numa situação dessas o retiro acabou antes de poder começar. Não haverá descanso, nem contemplação. Jesus queria ficar a sós com seus apóstolos e gozar de algum momento de intimidade espiritual com seus doze amigos. Mas fazer o quê! Há tanta gente sedenta de felicidade e sedenta da Palavra de Deusa. Então Jesus começou a ensiná-los muitas coisas.

    A figura do pastor é clássica na vida do povo de Israel. Ao Sul, reino de Judá, a região é montanhosa e bastante seca. O povo está sendo ameaçado pelos poderes vizinhos. Os líderes religiosos são comparados a pastores irresponsáveis que não cuidaram das pessoas deixando-as dispersas. Jeremias está consciente de que os líderes religiosos não foram à altura da sua função, e sabe que Deus enviará um novo chefe. Ele será um descendente do rei Davi. Ele será um rei-pastor, ou melhor dizer um Messias Pastor, prometido para fazer reinar a justiça e o direito em toda a terra. Nós, cristãos já identificamos esse Messias em Jesus que vem para fazer a unidade dos povos. Terá como nome “Senhor, nossa Justiça”.

    Meus irmãos, hoje ainda existem pregadores famosos que reúnem multidões. Porém, as multidões são muito mais atraídas por cantores e cantoras populares. E esses artistas cantam não porque têm pena do povo, mas muito mais para se promover ganhando mais fama ainda. Jesus não se importa em ficar famoso. Jesus quer reunir as pessoas em grupos, formar pequenas e maiores comunidades – eis o papel do pastor! São Paulo, na carta aos Efésios escreveu: “Do que era dividido, ele fez uma unidade. Em sua carne ele destruiu o muro de separação: a inimizade”. Foi o lema da Campanha da Fraternidade.

    Comunidade tem sua origem da palavra ‘com’ junto com a palavra ‘munus’ cuja tradução é ‘com tarefas’. Portanto, uma comunidade tem aspecto de um mutirão de pessoas reunidas para um projeto comum ou por um mesmo ideal. Uma comunidade é bem diferente de uma multidão. Numa comunidade, as pessoas reúnem-se porque têm um interesse comum. Antes de mais nada elas fazem uma unidade. Nela, as pessoas se conhecem e se ajudam mutuamente, têm uma meta comum, criam amizade entre si, são solidárias, têm uma mesma fé.

    Geralmente numa multidão as pessoas não têm outra coisa em comum além do próprio gosto de estarem juntos, ouvir as ondas do mar, tomar sol ou descansar.  Pense num mutirão de construção, ou ainda de uma equipe de festa, de um grupo de oração, do grupo dos Vicentinos, no grupo do ‘Apostolado da Oração’, (mutirão de rezadores), e das equipes de pastoral de uma paróquia…

    A palavra ‘Igreja’ traduz-se por ‘Congregação’. O essencial de uma congregação religiosa é a vida comunitária. A Liturgia da Missa, por exemplo, é uma celebração comunitária oficial da Igreja. Perde sentido um padre rezar Missa sozinho num cantinho do templo. Numa comunidade eclesial deve existir uma união baseada em dois pilares: ORAÇÃO E AÇÃO, que num mosteiro diz-se ‘Ora et Labora’. Dois atos principais da vida dos monges. Quer dizer: orar juntos e trabalhar para o bem comum. Um religioso fazendo sua própria vida conforme seus gostos, com o tempo não terá mais vínculo com sua congregação. A Igreja é chamada Corpo de Cristo, Jesus cabeça, cristãos membros. Aquele cristão que não ora decapita o Corpo de Cristo, enquanto aquele que não age mutila o Corpo. Precisamos realizar sempre as duas coisas: orar e fazer. Somos salvos em cachos. Ninguém se salva sozinho. Uma comunidade viva é sustentada da fé das pessoas presentes.


     Pe. Lourenço, CSC

     

     

     

  • O Domingo: 16º Domingo do Tempo Comum

    O Domingo: 16º Domingo do Tempo Comum

    Reflexão

    O Evangelho de hoje conta que os 12 apóstolos, voltando da sua missão, provavelmente eufóricos, fizeram o relatório de tudo o que eles haviam feito e ensinado. Jesus os convida agora a fazer um RETIRO num lugar deserto e afastado das multidões para descansar e rezar. Mas acontece que a multidão não os deixa em paz. As pessoas acorreram pela margem e chegaram antes que a barca dos apóstolos chegasse. Aí Jesus teve compaixão daquela gente pois eram como ovelhas sem pastor: gente desorganizada, carente de tudo, abandonada espiritualmente e materialmente. Numa situação dessas o retiro acabou antes de poder começar. Não haverá descanso, nem contemplação. Jesus queria ficar a sós com seus apóstolos e gozar de algum momento de intimidade espiritual com seus doze amigos. Mas fazer o quê! Há tanta gente sedenta de felicidade e sedenta da Palavra de Deusa. Então Jesus começou a ensiná-los muitas coisas.

    A figura do pastor é clássica na vida do povo de Israel. Ao Sul, reino de Judá, a região é montanhosa e bastante seca. O povo está sendo ameaçado pelos poderes vizinhos. Os líderes religiosos são comparados a pastores irresponsáveis que não cuidaram das pessoas deixando-as dispersas. Jeremias está consciente de que os líderes religiosos não foram à altura da sua função, e sabe que Deus enviará um novo chefe. Ele será um descendente do rei Davi. Ele será um rei-pastor, ou melhor dizer um Messias Pastor, prometido para fazer reinar a justiça e o direito em toda a terra. Nós, cristãos já identificamos esse Messias em Jesus que vem para fazer a unidade dos povos. Terá como nome “Senhor, nossa Justiça”.

    Meus irmãos, hoje ainda existem pregadores famosos que reúnem multidões. Porém, as multidões são muito mais atraídas por cantores e cantoras populares. E esses artistas cantam não porque têm pena do povo, mas muito mais para se promover ganhando mais fama ainda. Jesus não se importa em ficar famoso. Jesus quer reunir as pessoas em grupos, formar pequenas e maiores comunidades – eis o papel do pastor! São Paulo, na carta aos Efésios escreveu: “Do que era dividido, ele fez uma unidade. Em sua carne ele destruiu o muro de separação: a inimizade”. Foi o lema da Campanha da Fraternidade.

    Comunidade tem sua origem da palavra ‘com’ junto com a palavra ‘munus’ cuja tradução é ‘com tarefas’. Portanto, uma comunidade tem aspecto de um mutirão de pessoas reunidas para um projeto comum ou por um mesmo ideal. Uma comunidade é bem diferente de uma multidão. Numa comunidade, as pessoas reúnem-se porque têm um interesse comum. Antes de mais nada elas fazem uma unidade. Nela, as pessoas se conhecem e se ajudam mutuamente, têm uma meta comum, criam amizade entre si, são solidárias, têm uma mesma fé.

    Geralmente numa multidão as pessoas não têm outra coisa em comum além do próprio gosto de estarem juntos, ouvir as ondas do mar, tomar sol ou descansar.  Pense num mutirão de construção, ou ainda de uma equipe de festa, de um grupo de oração, do grupo dos Vicentinos, no grupo do ‘Apostolado da Oração’, (mutirão de rezadores), e das equipes de pastoral de uma paróquia…

    A palavra ‘Igreja’ traduz-se por ‘Congregação’. O essencial de uma congregação religiosa é a vida comunitária. A Liturgia da Missa, por exemplo, é uma celebração comunitária oficial da Igreja. Perde sentido um padre rezar Missa sozinho num cantinho do templo. Numa comunidade eclesial deve existir uma união baseada em dois pilares: ORAÇÃO E AÇÃO, que num mosteiro diz-se ‘Ora et Labora’. Dois atos principais da vida dos monges. Quer dizer: orar juntos e trabalhar para o bem comum. Um religioso fazendo sua própria vida conforme seus gostos, com o tempo não terá mais vínculo com sua congregação. A Igreja é chamada Corpo de Cristo, Jesus cabeça, cristãos membros. Aquele cristão que não ora decapita o Corpo de Cristo, enquanto aquele que não age mutila o Corpo. Precisamos realizar sempre as duas coisas: orar e fazer. Somos salvos em cachos. Ninguém se salva sozinho. Uma comunidade viva é sustentada da fé das pessoas presentes.


     Pe. Lourenço, CSC

     
  • O Domingo: 15º Domingo do Tempo Comum

    O Domingo: 15º Domingo do Tempo Comum

    Reflexão

    O sacerdote Amasias está provocando o profeta Amós que está denunciando as injustiças e a corrupção em Israel, região norte do país, em que Amasias responde pelos serviços religiosos. O Profeta veio do Sul para criticar o que está acontecendo no Norte. Amasias não gostou e quer que Amós saia de sua região e vá profetizar em Judá a sua terra, isto é, no Sul. Amós diz que ele é um simples pastor de Judá, que foi chamado para falar em nome de Deus. A sua missão lhe foi imposta por Deus. Ele não a escolheu, mas vai a cumprir custe ou que custar, mesmo sendo perseguido.

    Para melhor entender a relação entre a primeira leitura e este Evangelho que acabamos de ler, é preciso distinguir o papel do profeta do papel do apóstolo ou do pastor. Amós era um pastor que Deus escolheu para ser PROFETA. A função do profeta é falar em nome de Deus para a comunidade; falar ao povo em nome de Deus. O papel do apóstolo ou do pastor é zelar pela formação das comunidades, isto é, unir as pessoas na mesma fé e na vivência do mesmo Batismo em Jesus Cristo como fez São Paulo.

    Portanto, o profeta prega a conversão denunciando os desvios, principalmente em relação à justiça e ao direito dos pobres, das viúvas, das crianças, dos doentes e dos estrangeiros. O pastor precisa zelar pela união do rebanho, uma comunhão de vida na participação, isto é, a integração no Reino de Deus, Povo de Deus.

    Então, no Evangelho de hoje, Jesus envia os apóstolos para realizar os sinais do Reino de Deus: curar os doentes, afastar os demônios, unir os membros das famílias. Em resumo, viver os valores do Reino de Deus em todos os aspectos da realidade sociológica e religiosa do povo: amor, liberdade, justiça, paz, esperança, alegria, fraternidade, solidariedade, verdade e honestidade. Para realizar tudo isso Amós é um exemplo ainda válido para nossos dias.

    Os enviados por Jesus serão mais revolucionários do que tradicionalistas. As visitas serão feitas de casa em casa. Eles não devem levar uma bagagem de material religioso para chamar atenção dos moradores. O que Jesus espera deles é conhecer as necessidades fundamentais dos moradores e o que eles esperam de Deus. Portanto, Jesus recomendou-lhes que não levassem nada para o caminho, a não ser um cajado; nem pão, nem sacola, nem dinheiro na cintura – em outras palavras, o visitante não é um vendedor de material religioso e nem vai para catequisar. Os visitantes deverão apresentar-se numa casa sempre em pares, nunca sozinhos. Jesus ainda ordenou que andassem de sandálias e que não levassem duas túnicas.

    Pelo jeito não deverá ter aviso prévio antes de uma visita. Se por acaso os moradores da casa não quiserem recebê-los ou nem os ouvirem, eles não deverão insistir, mas poderão sacudir a poeira dos seus pés ao sair demonstrando sua insatisfação, sem ressentimento, e procurar uma casa mais receptiva.

    Segundo Marcos, Jesus pediu para que pregassem para que todos se convertessem. Jesus deu-lhes o poder de expulsar os demônios e curar os doentes que encontrassem.

    Hoje em dia, a Igreja prega não somente a evangelização das famílias, mas também do mundo do trabalho. Como? Pelos salários justos e por meio das leis trabalhistas, pela honestidade dos operários e da participação nos sindicatos. Evangelizar a economia doméstica também é uma necessidade. Como exemplos: evitar o consumismo, reciclar os detritos, economizar luz e água, preservar a natureza e não desperdiçar comida. Para que possamos enfim criar uma consciência ecológica conforme os pedidos do Papa Francisco na sua Encíclica LOUVADO SEJAS, sobre o cuidado que devemos ter com nosso planeta, que o Papa chamou de “a nossa casa comum”.

    Além disso, é preciso evangelizar a política, isto é, acabar com a exploração, a corrupção, o engano, a mentira, as Fake News, colocando os talentos a serviço do bem comum para criar uma sociedade harmoniosa. Depois da Pandemia será necessário achar soluções para diminuir o desemprego e a desigualdade social que deixam milhões de pais de família perderem a esperança de uma vida digna. Reivindicações são necessárias para adequar a vida do povo todo aos Direitos Humanos. Muitos trabalhadores revoltados perderam a esperança de viverem dignamente. Com uma educação boa para todos, a esperança de uma vida nova será possível. Oremos pela paz abraçada com a justiça. E para viver como irmãos, queremos nós todos conhecer o Nosso Pai Comum.


     Pe. Lourenço, CSC

     
  • Solenidade São Pedro e São Paulo, Apóstolos

    Solenidade São Pedro e São Paulo, Apóstolos

    Reflexão

    São Lucas que escreveu o livro dos Atos dos Apóstolos dá muitos detalhes do que tem acontecido a Pedro quando foi preso e depois libertado milagrosamente. A prisão de Pedro era guardada por 16 soldados. Pedro foi preso com duas correntes e vigiado por dois soldados. Alguns guardas vigiavam também a porta da prisão. Apesar de todo esse esquema de segurança no cárcere em que Pedro estava, a noite ele foi tirado do cárcere escuro sem saber exatamente o que estava acontecendo com ele. Uma vez na rua, Pedro caiu em si e disse: “Agora sei, de fato o Senhor enviou seu anjo para me libertar”.

    Dos doze apóstolos Pedro foi o primeiro a testemunhar a divindade de Jesus. Foi quando Jesus perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Pedro respondeu: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. Respondendo Jesus lhe disse: “Por isso, te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la”.

    PEDRO, O PESCADOR

    Simão Pedro foi escolhido pessoalmente por Jesus, junto com seu irmão André. Ele era pescador assim como João e Tiago, os filhos de Zebedeu. Jesus o chamou de Pedra (Pedro em português) e disse que o faria um pescador de homens, embora o deixasse pescar ainda no mar de Tiberíades (Mc 1, 16-18). Como era sua fé em Jesus? Um dia se atirou ao mar para encontrar o mestre, mas por causa do vento se apavorou e Jesus teve que estender a mão para salvá-lo: “Homem fraco na fé, por que você duvidou”. Disse-lhe Jesus (Mt14, 22).

    PEDRO, O SEGUIDOR FIEL

    Na Última Ceia, quando Jesus fazia seu discurso de despedida, Pedro interrompeu o mestre perguntando: “Senhor para onde vais?” E Jesus responde: “Para onde eu vou, você não pode me seguir”. Pedro então indaga: “Senhor por que não posso seguir-te agora? Eu daria a minha própria vida por ti“. E Jesus retruca: “Antes que o galo cante, você me negará três vezes” (J013, 36-38).

    Também era corajoso! Quando os guardas chegaram no Jardim das Oliveiras para prender Jesus, Pedro tirou sua espada e atacou um empregado do Sumo Sacerdote decepando sua orelha direita (J018, 10). Era mais corajoso do que João: foi o apóstolo que primeiro entrou no túmulo depois da Ressurreição de Jesus (J020, 8).

    PEDRO O PECADOR PERDOADO

    Ele pecou gravemente duas vezes: foi quando Jesus profetizou sua paixão e morte pelo caminho. Pedro foi repreender o mestre porque achava um absurdo Jesus ser assassinado um dia. Naquela vez Jesus o xingou dizendo: “Fique longe de mim Satanás! Você é uma pedra de tropeço para mim, porque não pensa as coisas de Deus, mas as coisas dos homens!” (Mt16, 21). Interrogado no pátio do tribunal religioso Pedro negou três vezes ter conhecido Jesus. Na terceira vez ele começou a maldizer e a jurar, dizendo: “Nem conheço esse homem!“. Nesse instante, o galo cantou. Pedro se lembrou então do que Jesus tinha dito: “Antes que o galo cante, você me negará três vezes”.

    Antes de receber a função de Supremo Pastor, Pedro teve que passar por um teste, uma sabatina feita por Jesus: “Pedro, você me ama mais do que estes?” E Pedro responde: “Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo”. A indagação de Jesus continua e na terceira vez Pedro diz: “Senhor, tu conheces tudo, e sabes que te amo”. E então Jesus encerra o teste dizendo: “Cuide das minhas ovelhas” (J021, 15-17).

    PAULO O PERSEGUIDOR

    Fariseu fanático, Paulo queria combater os ensinamentos de Jesus que ele achava contrários à sua religião, baseada no cumprimento das leis e de méritos diante de Deus. Nascido em Tarso, na Cilicia, ele gozava de duas cidadanias. Cinco anos mais novo do que Jesus, era fabricante de velas e de tendas. Estudou em Jerusalém, era aluno do famoso fariseu Gamaliel e falava várias línguas. Antes da sua conversão, enquanto SAULO, organizou um grupo terrorista para acabar com os cristãos: ‘Saulo se esforçava para acabar com a igreja. Ele ia de casa em casa, arrestava homens e mulheres e os jogava na cadeia’ (At8, 3). ‘Saulo aprovou a morte de Estevão (At8, 1). Lucas escreveu que enquanto as pessoas atiravam pedras para matar Estevão, ‘um moço chamado Saulo tomava conta das suas capas’ (At7, 58).

    Agarrado por uma multidão Ele foi maltratado em Jerusalém. O tribuno soube e Paulo pediu para explicar-se diante do povo que queria matá-lo e dizia: “Persegui mortalmente este caminho, prendendo e lançando à prisão homens e mulheres, como o sumo sacerdote e todos os anciãos podem testemunhar. Eles até me deram carta de recomendação para os irmãos de Damasco, e para lá em Jerusalém. No entanto, aconteceu que na viagem, estando já perto de Damasco, aí pelo meio-dia, uma grande luz que vinha do céu brilhou ao redor de mim. Então caí por terra e ouvi uma voz que me dizia: ‘Saulo, Saulo, por que você me persegue?’ Eu perguntei: “Quem és tu, Senhor?” Ele me respondeu: ‘Eu sou Jesus, o Nazareno, a quem você está perseguindo!’ (At 22, 4-8) (Cf. GII, 12-24; F13, 4-12).

    PAULO CONVERTIDO MISSIONÁRIO

    Paulo foi o maior de todos os missionários que passaram pela terra até hoje. Desenvolveu uma TEOLOGIA toda baseada no Amor Gratuito de Jesus e na Misericórdia do Pai. São Paulo foi quem desenvolveu a teologia da GRAÇA. Por diferentes meios, os dois congregaram a única família e, unidos pela coroa do martírio, recebem hoje, por toda a terra, igual, veneração. Sigamos os passos desses gigantes da fé cristã e peçamos a intercessão deles em favor do mundo todo.


     Pe. Lourenço, CSC

     
  • O Domingo: 13º Domingo do Tempo Comum

    O Domingo: 13º Domingo do Tempo Comum

    Reflexão

    Chama a atenção na passagem do dia a familiaridade que existe entre Jesus e seus apóstolos, mesmo com pouco tempo de convivência juntos. Vejam quando ele procura quem havia tocado na roupa dele, os discípulos disseram em tom de gozação: “Está vendo a multidão que te comprime e ainda pergunta: ‘Quem me tocou’?” – Com efeito, os apóstolos tinham a liberdade de criticá-lo e fazer observações como aquela. Outro exemplo disso é quando Jesus pediu a Pedro para lançar a rede à direita da barca para conseguir apanhar peixes. Pedro disse que não adiantava, pois eles tinham lançado a rede durante a noite inteira sem pegar nada. Entretanto, ele o obedeceu e a rede ficou cheia de peixes. O pescador arrependeu-se de ter desconfiado da competência do mestre, e pediu perdão. (LC 5, 8).

    Lembremos ainda quando Jesus profetiza sua paixão e morte. Pedro não concordou e foi repreendê-lo a parte. Jesus, porém, o censurou dizendo: “Afasta-te de mim, Satanás, porque teus sentimentos não são os de Deus, mas os dos homens” (Mc 8, 33). É interessante lembrarmos desses episódios para entendermos melhor a abertura e o ambiente fraterno que havia entre Jesus e alguns de seus discípulos. Em geral, eles não ficavam constrangidos pelo mestre. Muito pelo contrário: eles ficavam à vontade.

    No evangelho de hoje, Marcos narra a cura milagrosa de uma mulher enferma, que sofria de hemorragia há 12 anos, e a ressurreição de uma menina de 12 anos, filha de Jairo, um dos chefes da Sinagoga da região de Cafarnaum. Tanto a mulher quanto Jairo sabiam da simpatia e do poder de Jesus quando o procuraram. É pela fé que Jairo caiu aos pés de Jesus para pedir: “Minha filinha está nas últimas” – nota-se que ainda não estava morta – “vem e põe as mãos sobre ela, para que sare e viva.“. Mas logo alguém da casa chega dizendo à Jairo: “Tua filha morreu!“, portanto não tinha mais jeito de curá-la. O desespero tomou conta de todos da família. Quando Jesus chegou, ninguém pensou que ele podia tirá-la da morte – chegara atrasado demais. Até aquele dia ele nunca tinha ressuscitado alguém. Por isso, Marcos insiste no fato de ter levado três testemunhas para acompanha-lo no quarto da menina: Pedro, Tiago e João. Jesus tinha dito que ela estava dormindo. Foi somente diante destes três apóstolos que ele ressuscitou a menina, sob a insistente recomendação de “que ninguém ficasse sabendo daquilo“.

    Em relação à mulher que sofria de hemorragia, Marcos parece desacreditar da competência dos médicos de seu tempo quando escreveu: “A mulher tinha sofrido nas mãos de muitos médicos e gastou tudo o que ela possuía e, em vez de melhorar, piorava cada vez mais”.  Ao insistir nos 12 anos em que ela ficou nas mãos dos médicos o evangelista talvez quisesse evidenciar que aquela doença era incurável! E por que a mulher não fez como Jairo, isto é, jogar-se aos pés de Jesus para pedir a cura? Era por vergonha? Mas, vergonha do quê? Ela, sofrendo com aquele tipo de sangramento, sentia-se impura. Não queria de jeito nenhum que alguém da multidão soubesse. Por ser indigna, ela ficava atrás de Jesus e só queria tocar a roupa d’Ele.

    As passagens buscam retratar que Jesus, ungido pelo Espírito, tinha recebido o poder divino de fazer milagres. Por outro lado, quase sempre não quis atribuir-se às curas dizendo: “A tua fé te curou”. Ainda há um lado que quase nunca se observa: Jesus sempre assume a dor e o sofrimento do doente. Os Evangelistas costumam dizer que Jesus teve compaixão, isto é, sentiu intensamente o drama, a angústia, a dor, o sofrimento da pessoa que o procurava. Em especial os cegos, os solitários, os rejeitados da sociedade ou da religião, os paralíticos, leprosos, hidrópicos etc.

    Deus não criou a morte pois a morte é a perda da vida – e Ele é criador somente dos vivos. Não criou o ser humano para ser incorruptível, mas o fez para ser eterno à sua imagem e natureza. Hoje em dia, a Igreja, assim como Cristo, tem a missão de aliviar os sofrimentos das pessoas, não somente os físicos, mas particularmente os morais e espirituais, enquanto as prepara para a vida eterna. O ministério da saúde, entre os numerosos ministérios da Igreja, sempre será um dos mais valorizado. Muitas congregações religiosas mantêm hospitais e hospícios pra idosos.


      Pe. Lourenço, CSC

     
  • O Domingo: 12º Domingo do Tempo Comum

    O Domingo: 12º Domingo do Tempo Comum

    Reflexão

    No Evangelho de hoje, Jesus se queixa da pouca fé dos seus apóstolos: “Por que estão com medo, não têm fé?”. Meus irmãos, eu acho que é ocasião hoje de examinar nossa fé! Qual é o grau de resistência da sua fé, e o grau da sua fé? Para conhecer a resistência de um cabo de aço, temos que submetê-lo ao teste para ver se ele pode resistir a uma pressão de até duas toneladas. Um jogador de futebol é avaliado não quando ele joga contra um adversário fraco, mas quando joga contra um time conhecido como sendo muito forte.

    Como provar a resistência, o valor ou qualidade da nossa fé religiosa? Certamente não será a partir da resistência de um cabo de aço. Os discípulos de Jesus, inconformados em ver Jesus dormindo, o acordaram dizendo: “Mestre, não te importas que afundemos?”. Jesus, que felizmente acalmou o vento gritando silêncio, repreendeu os discípulos por terem pouca fé. Uma característica de muitos cristãos é desistir de rezar e desanimar ao ponto de não acreditar mais na veracidade dos textos bíblicos, e assim perder a fé na presença de Deus nas suas vidas. Importantes santos e santas como Santa Teresa de Ávila tiveram a tentação de não acreditar mais na Providência divina por causa dos problemas que tinham que resolver.

    O livro de Jó ‘da Bíblia’ foi escrito para mostrar isso. O Jó se queixou a Deus porque não achava justo passar por tantos sofrimentos. Jó tinha não tinha razão de questionar Deus pelas calamidades que aconteciam com ele? Quem já leu o livro de Jó vai dizer que sim. Até os seus amigos o culpavam de ser um pecador merecendo ser castigado por Deus. Era o fim da picada! Jó foi muito injustiçado. Porém, ele não perdeu a fé e nem o amor a Deus. Ele foi provado diabolicamente e depois Deus o recompensou plenamente.

    Jó foi autorizado a questionar Deus e rebater suas acusações. É de dentro do sofrimento que Deus lhe responde fazendo ainda outras perguntas. De modo provocante, o Deus Javé pergunta onde estava ele quando o mundo foi criado. A seguir faz uma série de desafios que mostram a grandeza e ciência de Deus e a pequenez e ignorância do homem. Assim fazendo, Deus está calando a boca de Jó!

    No evangelho, os discípulos de Jesus duvidaram do poder do seu mestre quando as ondas do mar bateram na barca e pensaram que Jesus não se importava, pois dormia na parte de trás da barca. Porém, Jesus insiste para que tenhamos coragem e muita perseverança aprendendo a lutar contra as tempestades que ameaçam afundar o nosso barco. Aqui no Brasil, quantas vezes o barquinho dos habitantes do Amazonas ficou em perigo de afundar, não apenas no rio Tapajó? Imagine o medo que o Jó da Bíblia passou depois de ter perdido tudo o que ele tinha, rebanhos, casa, família, até a saúde. Não lhe sobrava quase nada!

    Agora em nossos dias, por causa da pandemia, há muito pouca gente que escapa das tempestades do mar da vida. Jesus repreendeu seus discípulos pela falta de fé. Se naquela época os discípulos de Jesus ficaram com medo de que as ondas afundassem o seu barco, imagine o que aconteceria se fosse nos dias de hoje?! Todos os dias somos ameaçados de muitos perigos: um acidente na estrada, a perda do emprego, uma crise económica e, além disso, a morte do avô da casa, vítima do corona-vírus. Deus não parece estar dormindo? De quem é a culpa dessas tribulações todas? O Papa Bento VI quando visitou os campos de concentração na Polônia, sentiu uma revolta interior tão grande que desabafou dizendo: “Onde estava Deus?”. É que a liberdade humana é capaz de tudo!

    Não pode ser vontade de Deus que os ventos rajam contra sua casa. É fenômeno da natureza. Temos que procurar as verdadeiras causas dos males. Quais são elas? Talvez as ondas do materialismo, do consumismo, da vaidade, da cobiça e da droga. Existem também as crises conjugais, o desemprego, os problemas como a preguiça dos filhos rebeldes que não querem estudar, as frustrações nos negócios, as incompreensões, as rivalidades, a violência… Deus só quer o nosso bem respeitando nossa liberdade. Então as causas das nossas numerosas decepções devem estar na falta de fé, coragem ou paciência necessária para esperar a tempestade passar. É preciso nunca perder a esperança! “Tudo passa” – dizia Santa Teresa – “só Deus não passa!”.


     Pe. Lourenço, CSC
  • O Domingo: 11º Domingo do Tempo Comum

    O Domingo: 11º Domingo do Tempo Comum

    Reflexão

    O povo judeu, exilado na Babilônia durante 48 anos, sofreu muito. Sem mais templo para onde rezar e com pouca casa de oração, muita gente perdeu a fé em Javé. Agora, o povo pode voltar para sua terra. Esse pequeno “resto” é comparado pelo profeta Ezequiel a um galho, um raminho fraco, mas que servirá de muda para ser transplantado em Jerusalém e crescerá de novo. Este pequeno rebento criará raízes e se tornará, pela força de Deus, uma árvore frondosa na qual os pássaros poderão abrigar-se. O que importa é plantar este galho. Já quanto ao crescimento, será obra de Deus. Pois é Ele quem eleva a árvore baixa! O povo rebaixado pelo exílio poderá reerguer-se. Como diz o canto do salmista: “o homem justo” – ajustado, à vontade de Deus – “cresce igual ao cedro do Líbano”.

    O Reino de Deus é uma realidade misteriosa, a qual Jesus costuma anunciar por meio de parábolas. Antes de tudo o Reino é obra de Deus. Todavia, sem a participação dos discípulos missionários de Jesus, que somos nós, o Reino não cresce, pois é como um ser vivo. Todo ser vivo começa pequeno. No início, é uma semente. O agricultor seleciona a semente, lavra a terra, semeia no tempo certo, contando com a chuva. O resto, a natureza encarrega-se de fazer! Porém, a natureza procede lentamente. É preciso paciência. A planta não aparece de forma espetacular como acontece numa tempestade, isto é, de repente.

    Certa vez, meu pai enterrou algumas sementes de feijão ornamental no jardim da nossa casa. Eu, com 3 anos de idade, me arrastava no chão do jardim todos os dias para ver os brotos de feijão saírem da terra. Passaram-se os dias e nada acontecia, até que um belo dia apareceram alguns deles. Eu ia ver todos os dias. Uma semana depois, apareceram três novos brotos.  Eram atrasados e menores. Eu puxei cada um desses últimos para ficarem iguais aos outros, mas eles quebraram. Aí que eu entendi que precisava ter paciência com o crescimento da vida. O crescimento do Reino também é assim: A Palavra de Deus é anunciada (semeada). O ser humano acolhe e assimila a mensagem até ela dar fruto. Porém, é preciso contar com o tempo e ter paciência.

    A segunda parábola aponta o contraste entre a pequena semente de mostarda e o arbusto grande que ela produz. Aqui podemos perceber o aspecto social do Reino de Deus. No Reino, a multiplicação dos pequenos gestos de amor, de justiça e de solidariedade podem ter uma grande influência na sociedade. São humildes exemplos na construção de um mundo novo.

    Muitos cidadãos americanos querem ainda dominar o mundo. A fama, o poder e a grandeza estão na moda. As nações querem apresentar resultados grandiosos e muito visíveis. O Reino de Deus também tem que ser o maior, pois Deus é o Todo-poderoso. Todavia a lei da evolução sempre exige uma união mais firme entre as partes para que apareça um ser maior. Ser mais é unir-se mais e unir-se mais é ser mais. Se todos os países chegassem a formar uma união baseada na declaração universal dos direitos da pessoa humana, a humanidade estaria perto de conhecer o Reino de Deus. O Reino de Deus é espiritual e interior, baseado sobre valores como AMOR, JUSTIÇA, VERDADE, LIBERDADE, FRATERNIDADE, SOLIDARIEDADE E PACIÊNCIA. Além disso, o Reino de Deus exige o reconhecimento de um PAI COMUM. Para viver como irmãos e irmãs precisamos reconhecer que somos filhos e filhas do mesmo Pai.

    Nós cristãos devemos dar um exemplo ao mundo pela fé que temos em fazer parte de um Templo Espiritual feito de pedras vivas, cuja Pedra Fundamental é Jesus Ressuscitado. É hora de provar isso por um comportamento coerente com a fé no Evangelho. Paciência! O Reino ainda é pequeno. Mas o Reino vai acontecer custe o que custar pois é obra de Deus. E juntos podemos acelerar sua realização! É só querer. – Com mãos à obra, sim!

      Pe. Lourenço, CSC

     

  • Pe. José Paim: Sagrado Coração de Jesus

    Pe. José Paim: Sagrado Coração de Jesus

    Estamos às portas da Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, celebrada todos os anos na primeira sexta-feira da semana subsequente à festa de Corpus Christi, estendida em toda a Igreja por Pio IX a partir de 1856. Mais do que uma devoção, a festa do Sagrado Coração de Jesus trata-se de uma espiritualidade na vida da Igreja, da qual emana a devoção ao mesmo Coração e tudo aquilo que a enriquece: cantos, tributos, louvores, orações de consagração, de reparação, ato de desgravo, ladainha etc. A espiritualidade não se esgota à devoção e não é periférica na vida da Igreja. Ela é central em consideração àquilo que simboliza, ou melhor dizendo, Àquele a quem manifesta: o Verbo de Deus encarnado e sacrificado na Cruz por infinito amor aos homens. Nele contemplamos e nos aproximamos do amor eterno de Deus pela humanidade. Nele somos tocados pelo amor divino e tocamos o amor em Pessoa, conforme lemos em 1Jo 1, 1-2:

    “O que existia desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com nossos olhos, o que contemplamos e nossas mãos apalparam, é nosso tema: a Palavra da Vida. A Vida se manifestou: nós a vimos, damos testemunho e vos anunciamos a Vida que estava junto do Pai e se manifestou a nós”.

    Quando Miriam e Aarão falaram contra Moisés, Deus os repreendeu dizendo: “A ele falo face a face; em presença, e não adivinhando, ele contempla a figura do Senhor” (Nm 12, 8). Diante do Senhor, Moisés tem um lugar excepcional, de amigo, com quem Deus falava em proximidade, mas em Jesus Cristo, Deus se manifestou como nunca tinha feito, de modo insuperável, a partir de uma proximidade inigualável, isto é, em Pessoa encarnada. A inacessibilidade divina torna-se acessibilidade e tudo isso graças ao amor de Deus por nós, não qualquer tipo de amor, mas o amor que vem a nós na concretude da carne. Com efeito, Deus é amor que se encarna, como bem recordou certa vez o Papa Francisco:

    “Um amor que não reconhece que Jesus veio em Carne, na Carne, não é o amor que Deus nos comanda. É um amor mundano, é um amor filosófico, é um amor abstrato, é um amor pequeno, é amor soft. Não! O critério do amor cristão é a Encarnação do Verbo. Quem diz que o amor cristão é outra coisa, este é o anticristo! Que não reconhece que o Verbo veio na Carne. E esta é a nossa verdade: Deus enviou o seu Filho, se encarnou e fez uma vida como nós. Amar como Jesus amou; amar como Jesus nos ensinou; amar com o exemplo de Jesus; amar, caminhando na estrada de Jesus. E a estrada de Jesus é dar a vida”. (FRANCISCO, homilia proferida pelo Papa Francisco na Capela da Casa Santa Marta em 11/11/2016).

    Tudo isso vemos espelhado na espiritualidade, como também na imagem e na devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Tais realidades não somente nos recordam, em forma de símbolo, o amor de Deus por nós, mas nos põe na dinamicidade do amor divino que gera e renova todas as coisas. Deus não nos ama em Jesus Cristo de forma simbólica nem reduzida, mas de maneira total. Por isso também quando falamos da espiritualidade e da devoção ao Coração de Jesus, não se trata de um amor a um pedaço de Jesus ou de um amor físico, mas de um amor do ser humano para Cristo, de pessoa a pessoa, ele que primeiro nos amou. Quando Jesus aponta o Seu Coração, não quer dizer que Deus nos ama pela metade, mas de todo de Si a partir do Coração de seu Filho.

    O coração exposto na imagem é um simbolismo, ou ainda, uma expressão viva daquele Amor Maior, da bondade divina que sempre nos acolhe, da verdade que nos salva e liberta. É manifestação da fonte salvadora que jorra perenemente pela humanidade, como rezamos no prefácio do Coração de Jesus: “Elevado na cruz, entregou-se por nós com imenso amor. E de seu lado aberto na lança fez jorrar, com a água e o sangue, os sacramentos da Igreja, para que todos, atraídos ao seu coração, pudessem beber, com perene alegria, na fonte salvadora”.

    Na fonte desta espiritualidade muitos santos beberam, foram educados, dela se inspiraram para crescer em união íntima com Jesus Cristo e a muitos ensinaram como progredir no amor a Deus e ao próximo. Dentre os muitos santos, lembramos de Santa Gertrudes de Helfta ou Santa Gertrudes, a Grande (séc. XIII); São João Eudes (séc. XVII), grande apóstolo do Sagrado Coração de Jesus; Beata Maria do Divino Coração (séc. XIX), mensageira do Sagrado Coração de Jesus; Santa Margarida Maria de Alacoque (séc. XVII), grande propagadora da devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Por fim lembramos o nosso fundador Beato Basílio Moreau. Ele também bebeu na espiritualidade do Coração de Jesus e a deixou para nós, religiosos em Santa Cruz. Assim como consagrou os Irmãos a São José e as Irmãs ao Coração de Maria, consagrou os padres e seminaristas ao Coração de Jesus. Pediu que praticássemos a devoção ao Sagrado Coração de Jesus e o imitássemos a fim de conformar nosso coração ao Coração de Jesus Cristo.

    O pedido do nosso fundador deve nos motivar a reavivar o dom da nossa vocação consagrada e sacerdotal a fim de testemunhar no mundo de hoje, tão esquecido de Deus, tão indiferente e frio ao amor do Coração de Jesus, também tão dividido entre os seres humanos, que Deus continua a nos amar e a nos chamar a Si. Somos chamados a descobrir o Coração de Jesus, o Filho amado do Pai que nos revela os segredos íntimos de Deus e nos chama a acolhê-Lo no seu Evangelho de Salvação e sobretudo a descobrir, como afirmou o Papa Francisco, a proximidade, ternura e compaixão de Deus. (FRANCISCO. Angelus. 14/02/2021).


      Pe. José Paim, CSC