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  • Artigo (2/4): 1 ano de Fratelli Tutti, por Rivaldo Oliveira

    Artigo (2/4): 1 ano de Fratelli Tutti, por Rivaldo Oliveira

    II – O Homem Contemporâneo individualista, egoísta e narcisista

    Continuação da nossa série de artigos sobre a Carta Encíclica Fratelli Tutti (veja a última edição clicando aqui):

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    O mundo está se tornando cada vez mais uma ilha devido a luta de interesses e o desenvolvimento tecnológico avança assustadoramente. O ser humano contemporâneo ou secularizado está cada vez mais individualista, egoísta e narcisista.

    Percebe-se que o homem contemporâneo vivencia uma grande contradição em si mesmo. Se por um lado ele avança cada vez mais em suas tecnologias de pesquisa e em sua racionalidade, no qual poucos prosperam financeiramente, nota-se, entretanto que o ser humano tem muito ainda o que avançar no que tange às relações fraternas, consciência do bem comum, responsabilidade em desenvolver meios e mecanismos de proteções ao meio ambiente e a nossa Casa Comum.

    Neste aspecto, o Papa Francisco escreve sabiamente estas palavras de alerta:

    A tecnologia avança continuamente, mas ‘como seria bom se, ao aumento das inovações cientificas e tecnológicas, correspondessem também uma equidade e uma inclusão social cada vez maiores! Como seria bom se, enquanto descobrimos novos planetas longínquos, também descobríssemos as necessidades do irmão e da irmã que orbita, ao nosso redor! ’ (FT 31).

    Proficuamente, se faz necessário políticas públicas que visem projetos de uma economia integral, isto é, sem destruir e contaminar o meio ambiente e o lugar por excelência onde habitamos, o nosso planeta terra. De fato, com a exploração dos recursos naturais, bens como, águas e outros recursos minerais são afetados e, como consequência desta falta de cuidado e zelo pelo meio ambiente, as pessoas os mais vulneráveis socialmente são as que mais sofrem com esta destruição ambiciosa dos grandes.

    Em consonância a isto, adverte-nos o Sumo Pontífice na Carta Encíclica sobre a fraternidade e a amizade social:

    Cuidar do mundo que nos rodeia e sustenta significa cuidar de nós mesmos. Mas precisamos nos construir como um ‘nós’ que habita a Casa Comum. Tal cuidado não interessa aos poderes econômicos que necessitam de um ganho rápido. Frequentemente as vozes que se levantam em defesa do meio ambiente são silenciadas ou ridicularizadas, disfarçando de racionalidade o que não passa de interesses particulares (FT 17).

    Neste aspecto, o espírito da competição e a insaciável ambição dos grandes pelos seus próprios interesses individuais sobrepõem ao cuidado e à consciência responsável em zelar pelo bem comum. De fato, a ambição do ser humano leva muitos a atitudes escravocratas em pleno século XXI, no qual percebemos que os que mais estão suscetíveis a esta exploração exacerbada são os idosos, os negros, as crianças e os imigrantes, classes de pessoas que mais sofrem com a mentalidade de exploração sem limites.

    Neste sentido, o Papa Francisco ressalta o quanto o sistema capitalista está permeado e fomenta nas pessoas a mentalidade da cultura do descarte; da indiferença frente ao outro; da ganância desenfreada; do consumo sem limites e da destruição da Casa Comum, levando-nos a uma “seleção que favorece um setor humano digno de viver sem limites. No fundo, as pessoas já não são vistas como um valor primário a respeitar e cuidar, especialmente se são pobres ou deficientes” (FT 18). “E, assim, o medo nos priva do desejo e da capacidade de encontrar o outro (FT. n. 41).

     

    Bibliografia: FRANCISCO, PAPA. Carta encíclica Fratelli tutti. Sobre a fraternidade e a amizade social (FT). Roma: Librería Editrice Vaticana, 2020.


    Rivaldo Oliveira, CSC

     

  • O Domingo: 28º Domingo Do Tempo Comum

    O Domingo: 28º Domingo Do Tempo Comum

    Reflexão

    Segundo o livro da sabedoria, existem pessoas ajuizadas e pessoas tolas: umas põem sua segurança nos bens materiais (ouro, prata, pedras preciosas, dinheiro, terras, heranças); outras valorizam a fama e o poder também ligados às riquezas. Outras ainda põem toda a importância na saúde e na beleza, que também são provisórias. Finalmente, existem aquelas pessoas que escolhem a sabedoria do bom senso de uma consciência livre de dependências criadas pelo dinheiro, pelo vício e pelos maus hábitos.

    As pessoas que possuem muitas coisas não são mais livres por causa disso. Frequentemente a riqueza possui ou domina o seu dono. Ele fica possuído pelas inúmeras coisas. Tanta coisa para administrar: impostos para pagar, manutenção de propriedades, preocupações com suas aplicações bancárias, frequentes roubos, gastos com segurança de seus bens e algumas perdas na Bolsa de Valores…

    O homem rico do evangelho, no caminho de Jerusalém, devia ser um Saduceu e devia ter recebido muita terra em herança. Mas ele não está satisfeito. Se nunca trabalhou para adquirir toda sua riqueza, é normal que não ache muita satisfação em cuidar dos bens que ganhou por herança sem ter suado para adquirir toda aquela riqueza. Ele não parece estar com vontade de trabalhar para conseguir mais riqueza. O que ele quer é viver para sempre. Ele procura Jesus perguntando como fazer para ganhar a vida eterna – isto é, conseguir uma vida eterna. Teria sido melhor se tivesse dito para “comprar a vida eterna”, porque tinha muita grana e bastante juízo. Ele sabe e, conforme o tempo passa, ele sente que tudo o que tem ainda é provisório. Então, o que ele quer é um seguro de vida eterna. Jesus diz que antes de tudo ele tem que seguir os 10 mandamentos da Lei de Moisés, isto é, o decálogo.

    Porém, a lei que Moisés recebeu de Deus não suficiente para entrar no Reino de Deus que Jesus veio inaugurar. No Reino de Deus, não basta evitar pecar. É preciso criar um mundo de amor, justiça, igualdade, solidariedade e caridade. Para que isso aconteça, é preciso trabalhar para ajudar os pobres, vender suas riquezas para conseguir isso e seguir Jesus. O mais difícil vai ser seguir os passos de Jesus, imitá-Lo e, o mais difícil ainda, seguir seus ensinamentos. Aí vai precisar de muita disposição. Mas vale a pena tentar porque vai receber de graça um tesouro no céu! Agora é tudo ou nada. É vender tudo e poder entrar no reio ou ficar como está e ir embora? Aquele homem era rico demais. É difícil deixar tudo. Vai dar trabalho vender tudo. E então, será que seguir Jesus vai dar certo? Ele ficou triste e foi embora com sua tristeza para tentar consolar-se voltando para suas riquezas.

    Que pena! Com um pouco de sabedoria ele teria trocado sua herança e seu dinheiro pelo serviço gratuito; trocaria sua boa vida pela felicidade de muitas pessoas; trocaria seu acúmulo de dinheiro por uma instituição de caridade ou qualquer instituo filantrópico.

    Teria sido uma bela história para contar para muita gente rica que ainda não encontrou a felicidade que existe em doar de graça. São Paulo já escreveu que Jesus tinha dito que “há mais felicidade em dar do que em receber”. São Paulo acreditou nisso e tornou-se um feliz apaixonado por Jesus, sendo o maior de todos os missionários.

    Os apóstolos ficaram espantados e perguntavam uns para os outros: “então, quem pode ser salvo?”. Jesus disse “Para os homens isso é impossível, mas não para Deus. Para Deus tudo é possível”. Pedro, então, disse: “Eis que nós deixamos tudo e te seguimos”. Quem faz isso, vender tudo e depois seguir verdadeiramente Jesus, com certeza vai herdar a vida eterna. Mas não por mérito próprio para orgulhar-se, pois ninguém pode exigir a vida eterna em pagamento de seus méritos. Deus dá a vida eterna de graça, porque Deus sempre faz tudo de graça.


     Pe. Lourenço, CSC

     
     
  • Artigo (parte 1): 1 ano de Fratelli Tutti, por Rivaldo Oliveira

    Artigo (parte 1): 1 ano de Fratelli Tutti, por Rivaldo Oliveira

     

    1 ano de Fratelli Tutti, a Encíclica social do Papa Francisco

    Há um ano, o Papa Francisco publicava a Carta Encíclica Fratelli Tutti, sobre fraternidade e amizade social. Em comemoração à promulgação da carta, ao longo de outubro, você encontra, no site da Congregação de Santa Cruz, um artigo, dividido em quatro partes, produzido com base na terceira encíclica do Santo Padre, que busca aprofundar alguns pontos relevantes da Fratelli Tutti como a fraternidade universal, a economia, o trabalho e a opção evangélica pelos mais pobres.

    “Com efeito, São Francisco, que se sentia irmão do sol, do mar e do vento, sentia-se ainda mais unido aos que eram de sua própria carne. Semeou paz por toda a parte e andou junto dos pobres, abandonados, doentes, descartados, enfim, dos últimos” (FT 2).

    Nesta Encíclica, o Papa Francisco apresenta um diagnóstico de algumas tendências do mundo atual que dificultam a fraternidade universal e o Bem Comum. Ele reconhece que houve avanços na sociedade, como por exemplo a União dos países Europeus, o avanço para superar a divisão e o diálogo pela paz, bem como o fim das guerras em alguns países.

    Mesmo havendo tais avanços, o Pontífice evidencia que infelizmente houve algumas regressões na história da humanidade como, por exemplo, à volta a estruturas ideológicas de forte patriotismo, o conservadorismo exacerbado por uma parcela da sociedade, a ganância do homem sobre o homem e a consequente exploração demasiada dos recursos naturais, isto é, da nossa Casa Comum. Eis o que Francisco nos diz:

    A história dá sinais de regressão. Reacendem-se conflitos anacrônicos que se consideravam superados, ressurgem nacionalismos fechados, exacerbados, ressentidos e agressivos. Em vários países, certa noção de unidade do povo e da nação, penetrada por diferentes ideologias, cria novas formas de egoísmo e de perda de sentido social mascarada por uma suposta defesa dos interesses nacionais (FT 11).

    Na presente Encíclica o Santo Padre aborda determinados temas de suma importância para o homem contemporâneo, elementos como a economia, a política de mercado, o trabalho e suas nuances, assim como as consequências de tais temáticas e suas respectivas responsabilidades para a formação e construção de um mundo mais humano e igualitário.

    Percebemos em relação ao quesito economia que houve um grande apogeu no desenvolvimento econômico, sobretudo os países de Primeiro Mundo no qual houve um enriquecimento explícito nas últimas décadas. Porém, não houve um crescimento econômico integral amplo que contemplasse a todos, isto é, um crescimento que vise à partilha e a divisão dos bens comuns numa perspectiva universal no qual todos possuem direitos iguais para receber os benefícios proporcionados por este grande desenvolvimento.

    A este respeito, o Romano Pontífice, denuncia:

    O mundo avança implacavelmente para uma economia que, utilizando os progressos tecnológicos, procurava reduzir os ‘custos humanos’; e alguns pretendem fazer-nos crer que era suficiente a liberdade de mercado para garantir tudo (FT 33).

    Neste âmbito, uma imensa parcela da população mundial vive em extrema pobreza ou em condições sub-humanas, mesmo com todas as novas tecnologias que favorecem as condições de subsistência ao ser humano. Enquanto o mercado financeiro cresce cada vez mais e uma pequena parcela de grandes empresários e latifundiários fica cada vez mais rica, a maior parte da população fica à deriva; à margem deste progresso, aumentando assim cada vez mais a pobreza sistêmica.

    Atualmente boa parte da população continua sem vez e sem voz; o número de empobrecidos aumentou assustadoramente sob o peso e as consequências da crise pandêmica que assola esta segunda década do Novo Milênio. Atento a esta realidade o Papa Francisco escreve exortando a todos em relação à economia de mercado:

    ‘Abrir-se ao mundo’ é uma expressão de que, hoje, se apropriaram a economia e as finanças. Refere-se exclusivamente à abertura aos interesses estrangeiros ou à liberdade dos poderes econômicos para investir sem entraves nem complicações em todo os países. Os conflitos locais e o desinteresse pelo bem comum são instrumentalizados pela economia global para impor um modelo cultual único. Essa cultura unifica mundo, mas divide as pessoas e as nações, porque ‘a sociedade cada vez mais globalizada tornamo-nos vizinhos, mas não nos faz irmãos’ (CV, N.19).  […] em contrapartida aumentam os mercados, nos quais as pessoas desempenham funções de consumidores ou de espectadores (FT 12).


    Bibliografia: FRANCISCO, PAPA. Carta encíclica Fratelli tutti. Sobre a fraternidade e a amizade social (FT). Roma: Librería Editrice Vaticana, 2020.


    Rivaldo Oliveira, CSC

  • O Domingo: 26º Domingo Do Tempo Comum

    O Domingo: 26º Domingo Do Tempo Comum

    Reflexão

    Eldad e Medad ensinavam e pregavam, mas não tinham credenciais para fazer isso, pois esse era o papel dos 70 anciãos, preparados para a função de profetas. Os dois foram então denunciados a Moisés por um jovem e Josué, ajudante de Moisés desde a juventude, encarregou-se de pedir que ele os mandasse calar. Moisés, porém, interveio a favor dos dois: ” Se estão falando a verdade, deixem-lhes ensinar”. Ninguém deve monopolizar a VERDADE, pois ela pertence à inteligência. Todo ser inteligente tem o direito à verdade. É a mesma coisa para quem faz o bem. Pouco importa o grupo ao qual ele pertence. A verdade é patrimônio da humanidade.

    Hoje, neste Evangelho Jesus usou palavras fortes: “Se tua mão te leva a pecar, corta-a. Se teu pé leva você à pecar, corta. Se teu olho leva também você, corta”. Tomando essas palavras ao pé da letra, Jesus então afirma que é melhor entrar no céu todo amputado do que pecar e acabar no inferno! O sentido dessas figuras enfaticamente fortes é que devemos extirpar tudo o que se opõe à mensagem de Jesus. O que se deve arrancar é o mau exemplo que a gente dá pecando, porque o mau exemplo pode levar os outros a fazer o mal também. É que cada pessoa deve responder por seus atos seja qual for o grupo ao qual ela pertence! A mentira é sempre um mal, assim como a verdade é sempre um bem. Deus é a Verdade e o Demônio é o pai da mentira. Vivendo num mundo cada vez mais pluralista onde há filosofias diferentes e religiões diferentes é assim. Quando tratamos de crenças, é difícil dizer quem está certo e quem está errado. Para Jesus, pouco importa se quem faz uma boa ação seja de um partido ou de outro, esquerda ou da direita, a sua ação deve ser julgada objetivamente.

    Preocupado, o apóstolo João aproximou-se de Jesus dizendo: “Mestre, vimos um homem expulsar demônios em teu nome. Mas nós o proibimos porque não nos segue”, ao que Jesus retrucou: “Não o proibais, pois ninguém faz milagres em meu nome para depois falar mal de mim. Quem não é contra nós é a nosso favor”.

    Meus irmãos, nós, católicos, acreditamos que Jesus queria uma só Igreja, isto é, um só rebanho e um só Pastor, assim como ele disse: “Eu sou o Bom Pastor. Tenho outras ovelhas que não estão neste curral. Eu preciso trazer essas também, e elas ouvirão a minha voz. Então elas se tornarão um só rebanho com um só pastor”. (Jo 10,16)

    Infelizmente a realidade de hoje é bem diferente. No Brasil mesmo, existe um leque de religiões diferentes. Diante deste PLURALISMO qual deve ser nossa atitude? Lutar e falar contra? Não é a solução. Quem age em nome de Jesus e não fala contra nós, age em nosso favor! Sabemos que Deus oferece a salvação a todos. Aquele que vive e ensina os valores do Reino de Deus – amor, liberdade, justiça e paz, verdade, autenticidade, alegria, esperança, fraternidade e solidariedade – ele está salvo, pouco importa o grupo ao qual pertence.

    Diante de Pilatos Jesus disse: “Todo aquele que está com a verdade, ouve a minha voz”, ao que Pilatos indagou: “O que é a verdade?”.

    Houve um silêncio e Pilatos saiu. Meus irmãos. Jesus é a Verdade e só condena atitudes falsas como a infidelidade e a hipocrisia… Jesus costumava dizer: “Em verdade eu vos digo (…) eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”. Isso quer dizer que aquela pessoa que sempre busca a verdade, no fundo está buscando a Deus porque só Deus é a Verdade total. A Palavra de Deus é verdadeira e a Palavra de Deus se fez carne na vida de Jesus. Verdade e Vida!


     Pe. Lourenço, CSC

     

     
  • O Domingo: 25º Domingo Do Tempo Comum

    O Domingo: 25º Domingo Do Tempo Comum

    Reflexão

    A presença das pessoas de bem incomoda aqueles que trilham o caminho do mau, sendo a inveja sentimento aliado destes, responsável por nortear suas ações a fim de diminuir o prestígio de quem age certo. Uma pessoa invejosa falando mal de fulano vai sentir-se mais à vontade para agir erroneamente pensando: “agora todo mundo vai saber que este não é melhor do que eu”. Neste sentido, a liturgia deste domingo nos apresenta Herodíades, mulher do governador Filipe, que havia ficado muito incomodada com João Batista por ter denunciado sua união ilegítima com seu cunhado, Herodes Antipas. Com raiva e inveja do precursor, homem santo e querido pelo povo, ela fez com que Herodes o decapitasse.

    Na nossa realidade, a inveja permeia as nossas relações diariamente. Por vezes nos encontramos numa constante busca por fama e poder, pela “necessidade” de uma rivalidade brutal em querer se descobrir maior e melhor do que outro. As mídias nos apresentam e promovem os magnatas, famosos, campeões e modelos – os “maiores” e “mais bem sucedidos” de nossa sociedade – “dignos” de admiração, donos de tronos e reinados imaginários, forjados nas relações de cobiça e poder. Porém, os pensamentos de Deus não são como os pensamentos dos homens, como nos aponta Tiago: “a sabedoria que vem do alto é, antes de tudo, pura, depois pacífica, modesta, conciliadora, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem fingimento” e ainda “Onde há inveja e rivalidade, aí estão as desordens e toda espécie de obras más”.

    Jesus falava do Reino de Deus, realizava milagres e conquistava um número cada vez maior de seguidores que acreditavam que seu Mestre teria poder suficiente para derrubar os romanos e estabelecer o seu Reino sobre as nações. Alguns dos apóstolos de Jesus esperavam ver o Mestre tomar posse de seu reinado e estar junto dele neste dia, porém Jesus havia dito: “O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens, e eles o matarão”. De fato, os apóstolos ainda não haviam entendido e não tinham coragem de perguntar – parecia-lhes absurdo o Messias, rei dos Judeus, ser perseguido e assassinado.

    No caminho para Cafarnaum, os discípulos então continuavam discutindo qual deles seria o maior no dia em que o Messias reinasse. Estando em casa, porém, Jesus perguntou: “o que estavam discutindo no caminho?” Eles ficaram calados, com vergonha de admitir sobre o que haviam falado. Então Jesus, conhecendo o coração dos seus, disse: “Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos”. Esta é a resposta à provocação que a liturgia de hoje nos faz. O maior é aquele que serve com humildade de coração e alegria! Voltemos nossas preces e orações para que, em nossa comunidade, redescubramos o prazer de SERVIR, AJUDAR e fazer coisas GRATUITAMENTE.


     Pe. Lourenço, CSC
     
  • Pe. José Paim: Memória de Nossa Senhora das Dores

    Pe. José Paim: Memória de Nossa Senhora das Dores

    Estamos próximos da memória litúrgica de Nossa Senhora das Dores, celebrada todos os anos em 15 de setembro, subsequente à Festa da Exaltação de Santa Cruz. À memória de Nossa Senhora das Dores une-se a Sexta-feira de Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, dia em que ele se entregou ao Pai pela humanidade e nos salvou do pecado e da morte. Na Sexta-feira da Semana Santa nos unimos aos padecimentos da Virgem Maria, aquela que na hora da morte de Jesus Cristo se unia de modo ímpar e ele, pronunciando o seu sim no silêncio do coração, ainda que trespassado pela dor de vê-Lo morrer na cruz, aceitando com ele o cumprimento da vontade do Pai em obediência total e filial, que aponta para a vitória genuína que destrói o mal e a morte.

    Dos padecimentos da Virgem, a piedade popular colheu o que hoje muitos conhecem e rezam como as “sete dores” de Maria. A primeira dor está ligada à profecia de Simeão a respeito da espada que trespassará o coração de Maria (cf. Lc 2,35); a segunda dor nos recorda a fuga de José e Maria com Jesus para o Egito (cf. Mt 2,13-23); a terceira dor, lembra os três dias que Maria e José procuram Jesus e o reencontram no Templo (cf. Lc 2,41-50; a quarta dor, nos reporta ao encontro de Maria com Jesus indo para o Calvário (cf. Jo 19,25); a quinta, a sexta e a sétima dores nos levam a contemplar os últimos momentos de Jesus Cristo e sua agonia final, isto é, a morte de Nosso Senhor, sua descida da cruz e seu sepultamento. Nestes últimos momentos da existência terrena do Filho, a Mãe permaneceu, como em toda sua vida, unida a ele. Faz-nos bem, especialmente em tempos difíceis e de provação, como os dias atuais, meditar a vida do Filho na companhia de Nossa Senhora.

    O que está recolhido na piedade popular é fruto do que a Igreja medita em Maria, à luz das Sagradas Escrituras e da Tradição da Igreja, sobre o seu mistério materno divino, de mãe e figura da Igreja, que pode ser visto por nós em Jo 19,25-27, evangelho lido na liturgia da memória de Nossa Senhora das Dores e posteriormente no n. 63 da Lumem Gentium, documento do Concílio Vaticano II.

    No quarto evangelho, Nossa Senhora é mencionada duas vezes e em dois momentos altos da vida de Jesus Cristo. A primeira no início do ministério público de Jesus, nas bodas em Caná da Galileia (cf. Jo 2,1-11) e a segunda no fim da vida pública dele, na hora de sua crucificação (cf. Jo 19,25-27). Entre uma cena e outra é possível ver paralelismos que nos possibilitam entender a participação íntima de Maria na vida de Jesus Cristo, o que reforça para nós o dom de sua maternidade divina e sua missão como Mãe da Igreja e nossa Mãe, ela que continua a nos acompanhar com sua intercessão maternal em nossas dores e dificuldades diárias.

    Em Caná, Maria é mencionada por João como a mãe de Jesus e o Filho a chama de mulher. Como mãe, atenta às necessidades da comunidade, no vinho que veio a faltar, ela pede a Jesus e mostra o Filho aos serventes para que a abundância da alegria de Deus se manifestasse na vida do Israel crente. Claro que o relato aponta para a revelação de Jesus como o Esposo da comunidade reunida esperando o seu Senhor, mas também podemos ver aqui a participação de Nossa Senhora na antecipação da hora do Filho em favor da humanidade carente de dignidade, pecadora, privada de amor, tentada ao desânimo.

    Na consumação da vida terrena de Jesus, Maria é novamente referenciada pelo evangelista como a mãe de Jesus e mais uma vez o Filho a chama de mulher e também de mãe quando a entrega ao discípulo amado. O gesto de Jesus de entregar Maria por mãe ao discípulo amado não é mera piedade filial, mas aponta para algo maior, isto é, para a missão dela como Mãe da Igreja, nascida ali na sua morte e ressurreição e por consequência, como nossa mãe. Assim como o Pai revelou o seu amor pelo Filho (cf. Mt 3,17; Mc 9,2-13), Jesus Cristo na chegada de sua hora testemunha o seu amor pela Mãe, aquela que em tudo o agradou. Tudo que Maria viveu, fez e disse foi em perfeita união com Jesus Cristo, inclusive desde a concepção do Verbo divino no seu seio virginal, até o calvário, quando a união da Virgem de Nazaré com seu Filho alcança seu apogeu.

    Nesse sentido, lê-se na Lumen Gentium: “Pelo dom e missão da maternidade divina, que a une a seu Filho Redentor, e pelas suas singulares graças e funções, está também a Virgem intimamente ligada, à Igreja: a Mãe de Deus é o tipo e a figura da Igreja, na ordem da fé, da caridade e da perfeita união com Cristo, como já ensinava S. Ambrósio” (n. 63).

    Porque Nossa Senhora esteve em toda sua vida unida a Jesus Cristo, também no sofrimento dele na cruz, ela participa ativamente em nossas vidas, nas dores da humanidade, na vida dos que padecem e nos ensina que as dores do tempo presente não se encerram em si mesmas, mas tem seu sentido pleno no mistério pascal de Jesus Cristo, na oferta generosa de sua vida ao Pai por nós.

    Ao fazer memória de Nossa Senhora das Dores peçamos que o Senhor reavive em nós a firmeza da fé e da esperança a fim de vivermos em tudo unidos a Jesus Cristo. Peçamos também a Deus, à semelhança de Maria, a graça da sensibilidade, da compaixão e da proximidade nossa aos seres humanos que mais sofrem nos dias atuais. Pensemos, por exemplo, em tantas mães que, a exemplo de Nossa Senhora, perdem seus filhos de modo brutal, neste mundo de tanta violência; pensemos em tantas formas de preconceitos e exclusão que matam e destroem; pensemos nas famílias que perderam seus entes queridos neste tempo de pandemia e peçamos ao Senhor que nos dê a graça de aprender com Nossa Senhora a permanecer unidos a Jesus Cristo e de participar ativamente na vida dos que sofrem.

    Agradeçamos também a Deus por ter inspirado o Beato Basílio Moreau para a fundação da Congregação de Santa Cruz e por nos ter dado Nossa Senhora das Dores como nossa Padroeira. Deus conceda a todos nós, religiosos em Santa Cruz, a graça de renovar nossa vocação e nos comprometer com a missão de anunciar ao mundo que a Cruz de Cristo é nossa única esperança, de formar mentes e corações para Deus e para a sociedade e de, como Nossa Senhora das Dores, nos fazer presentes na vida das pessoas, especialmente dos mais necessitados, de colaborar ativamente na construção e um mundo melhor, mais justo e fraterno. Por fim, que o Senhor envie à Igreja e à Congregação de Santa Cruz jovens que queiram doar suas vidas para o serviço do Evangelho.

    Nossa Senhora das Dores!

    Rogai por nós!


    Pe. José Paim, CSC

  • 23º Domingo Do Tempo Comum

    23º Domingo Do Tempo Comum

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  • 22º Domingo Do Tempo Comum

    22º Domingo Do Tempo Comum

    Reflexão

    As leis são importantes e povo sem elas é povo perdido em anarquia. Não é possível viver de forma civilizada sem respeitá-las. O Brasil tem boas leis e uma boa Constituição, porém o mais importante não é conhecê-las, mas observá-las. Quantas pessoas se vangloriam em burlar as leis? Quem bebeu, não deve dirigir’. ‘Mas há muita gente embriagada dirigindo’. ‘Sonegar impostos é crime. ‘E daí?’ Existem leis provisórias, costumes culturais e sociais que mudam com o tempo, e existem leis definitivas como os mandamentos de Deus, que nunca serão revogados.

    O evangelho de hoje é uma lição para a formação de consciência de gente que quer viver plenamente sua liberdade. O que o ser humano tem de mais precioso depois da sua vida é sua liberdade e viver com ela é um verdadeiro prazer e o primeiro direito de um ser humano. Os animais agem por instinto, assim como nós, porém podemos controla-los e orientá-los para o nosso bem e o dos outros. Sermos racionais não é o motivo que assemelha nossa criação à imagem de Deus a lógica, inteligência e memória, os animais e os computadores também têm – mas sim o fato de possuirmos livre arbítrio. Isso só o ser humano tem, é a nossa grandeza!

    Jesus é um homem perfeitamente livre. Não está preso às regras sociais, tradições e costumes culturais. Mais que por costumes exteriores, Jesus julga a partir dos valores internos. O espírito da lei é mais importante do que a letra. Jesus não vai valorizar uma pessoa pelo traje que está usando: terno e gravata; vestido na moda; corte de cabelo, valor das joias e dos brincos. Infelizmente muitas pessoas julgam pela aparência, maneira de falar, sotaque. Quantas pessoas vivem uma fé de fachada, religião de tradição (com ‘t’ minúsculo): pais que batizam filhos sem viverem o Sacramento; adolescentes que fazem a Primeira Comunhão sem o costume e vontade de ir à Missa; noivos infiéis que se casam na Igreja. Esses costumes, sem perseverança, tornam-se apenas ‘DATAS’ que irão para o álbum da família ou para um vídeo e/ou apresentação na ocasião de um aniversário qualquer.

    Semana passada refletimos sobre a fidelidade e perseverança na fé, de como Josué cansou-se de ver as infidelidades do povo questionando: “Estais do lado do Deus Javé, o Senhor? Ou estais ao lado dos deuses pagãos?” Ao que o povo respondeu, dizendo: “Longe de nós abandonarmos o Senhor para servir a deuses estranhos, Serviremos ao Senhor, pois Ele é o nosso Deus”.

    Imagine-se diante do altar para prometer fidelidade conjugal ou fazer votos religiosos. É sim ou não, nada pela metade. Para fazer as coisas certas, conforme as leis, é preciso adquirir o hábito que a moral chama de virtude. Um hábito contrário à virtude é chamado de vício. Tanto o vício quanto a virtude adquirem-se pela prática. Quem é virtuoso opta pelas coisas certas facilmente, sem esforço, porque acostumou-se assim. É desta maneira que se adquire a honestidade, disciplina, paciência, acolhimento, mansidão, castidade, respeito, humildade, franqueza, higiene, limpeza; que se aprende a não estragar coisas, respeitar pertences alheios e a não furar filas. É preciso discernir e praticar as virtudes morais antes dos costumes sociais. A honestidade é mais importante do que a limpeza. O respeito melhor do que a higiene. Ser autêntico é virtude. Ser vaidoso pode ser vício, pois a verdade é muito superior à falsidade.

    No Evangelho de hoje, Jesus chamou a multidão para perto de si e disse: “Escutai todos e compreendei: O que torna impuro o homem não é o que entra nele vindo de fora, mas o que sai do seu interior. Pois é de dentro do coração humano que saem as más inclinações, imoralidades, roubos, assassinatos, adultério, ambições desmedidas, maldades, fraudes, devassidão, inveja, calúnia, falta de juízo. Todas essas coisas más saem de dentro e são elas que tornam impuro o homem”.


     Pe. Lourenço, CSC

     

     
  • O Domingo: 21º Domingo do Tempo Comum

    O Domingo: 21º Domingo do Tempo Comum

    Reflexão

    O povo hebreu, depois que entrou na terra de Canaã, começou a ‘paquerar’ os deuses pagãos da região. Havia pouco tempo que o Deus de Abraão, Isaac e Jacó tinha revelado o seu nome a Moisés: “IA WEH” – Javé (Eu Sou), que quer dizer o ‘Deus Único’, não há outro! Josué então exige que o povo tome posição: “Escolhei hoje a quem quereis servir: Deus Javé ou deuses da Mesopotâmia ou ainda deuses dos Amorreus?” É uma questão de fidelidade – tema desta liturgia. Ninguém deve ficar em cima do muro: estais do lado do Deus Javé, o Senhor, ou estais do lado dos deuses pagãos? A resposta do povo foi: “Longe de nós abandonarmos o Senhor para servir a deuses estranhos. Serviremos ao Senhor, pois Ele é o nosso Deus”. Qual a nossa resposta hoje?

    Seguir a Jesus Cristo é coisa séria – um compromisso. Em todo compromisso se promete o quê? Fidelidade! Mas ser fiel quando tudo vai bem é relativamente fácil, não? Veja os apóstolos de Jesus: na pesca, na praia com o mestre, nas Bodas de Canaã, na partilha dos 5 pães e dois peixes, na entrada triunfante de Jesus em Jerusalém como rei… ser fiel naqueles dias foi fácil. Ser fiel nas provações é outra história e, não se engane, ninguém escapa das provações. No Jardim das Oliveiras, quando Jesus entrou em agonia e pediu aos apóstolos para rezarem para não cair em tentação, eles não tiveram coragem e dormiram. Pouco tempo depois Jesus foi preso e nove deles fugiram. Pedro foi até o palácio do sinédrio, mas com medo de ser chamado para depor negou ter conhecido Jesus três vezes – e que vergonha, seu Pedro!

    Hoje o evangelho relata que muitos seguidores de Jesus o abandonaram no final do discurso sobre o Pão da Vida. Jesus tinha dito: “Eu sou o Pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente e o pão que eu vou dar é a minha carne, para que o mundo tenha a vida”. Depois que ouviram essas coisas, muitos seguidores de Jesus disseram: “Esse modo de falar é duro demais. Quem pode continuar ouvindo isso?”. Então Jesus disse aos 12 apóstolos: “Vós também quereis ir embora?”. Foi aí que Simão Pedro respondeu: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o santo de Deus”. Que bela resposta! Aconteceu que ela foi dada por aquele mesmo Pedro, que na hora H disse jurando: “Eu não conheço este homem”. Pedro acreditava ou não acreditava que Jesus era o Pão da Vida? Ele fez sua Primeira Comunhão na Última Ceia, mas certamente não entendeu e não acreditou! Ele acreditou só depois da Ressurreição e, mesmo assim, Pedro e os outros apóstolos só começaram a celebrar a eucaristia depois de receber o Espírito Santo no dia de Pentecostes. Jesus não tinha dito “fazei isso em memória de mim”.

    Pedro foi fraco, homem de pouca fé! Quantos católicos fizeram sua Primeira Comunhão e depois de poucos anos perderam a fé… ser fiel às vezes parece brincadeira, mas para Jesus é coisa séria. Compromisso sem fidelidade não é compromisso! Vivemos no provisório e descartável. Há muitos batizados que vão ao centro espírita e procuram a benzedeira; vão ao terreiro e paqueram igrejas evangélicas. Como anda a fé dessa gente?

    Felizmente em nossas comunidades temos pessoas que acreditam mesmo e se dedicam corpo e alma pelos outros. Hoje queremos lembrar todos os leigos engajados nas pastorais e nos ministérios. São muitos os leigos em nossas paróquias que se dedicam perseverando durante anos numa pastoral ou num ministério: catequese para jovens, adultos e noivos; viático para idosos e doentes; pastoral da criança; ajuda aos necessitados. É também no ministério da liturgia; do canto litúrgico; da Palavra; ministério do dízimo. Todo cristão crismado recebeu os dons do Espírito Santo para agir conforme a vontade de Deus numa vocação leiga ou religiosa.


     Pe. Lourenço, CSC

     

     
  • O Domingo: ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA

    O Domingo: ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA

    Reflexão

    Conforme a Tradição da Igreja, a mãe de Jesus, uma vez terminada a sua vida aqui na terra, foi elevada ao céu de CORPO e ALMA. Quer dizer que o corpo dela não sofreu decomposição alguma. O corpo dela transformou-se como aquele do seu Filho na Ressurreição. O dogma da Assunção foi proclamado em 1950, pelo papa Pio XII, nestes termos: “A Imaculada Virgem, terminado o curso da vida terrestre foi assunta em corpo e alma, à glória celeste”.

    Na leitura do Apocalipse, a mulher na narrativa representa a Igreja perseguida pelo Império Romano no tempo do apóstolo e evangelista João, ou seja, simboliza o povo cristão, enquanto o Dragão simboliza o Império pagão. As estrelas simbolizam os 12 apóstolos e as 12 comunidades que são igrejas – 12 igrejas. Este trecho que a Liturgia aplica à pessoa de Maria significa a vitória da Igreja ressequida pelo povo pagão. Maria representa todo o Povo de Deus. Se ela venceu, todos nós, que somos seus filhos, venceremos nela. E qual é a importância para nós, o fato de Maria ter recebido a glorificação do seu corpo? É que Maria é humana igual à nós. Ela não é divina como Jesus (homem e Deus). Então Maria é NOSSA. Ela nos representa na luta pela Glorificação. Porque nós também queremos vencer e conseguir o prêmio da Glória no céu.

    Maria ganhou a maior glória que todos nós cristãos almejamos: Desde a glorificação do corpo de Maria Assunta no céu, nós também temos a esperança de ganharmos depois da nossa partida deste mundo um corpo glorioso no céu. Jesus não nos prometeu apenas a imortalidade da alma. Ele nos prometeu a Vida Eterna pela ressurreição do nosso corpo. São Paulo escreveu na sua 1a Carta aos Coríntios: “(nosso) corpo é semeado corruptível, mas ressuscita incorruptível; é semeado desprezível, mas ressuscita glorioso; é semeado na fraqueza, mas ressuscita cheio de força; é semeado corpo animal, mas ressuscita corpo espiritual”. Nós pertencemos a Cristo! Ainda segundo Paulo, “se Cristo ressuscitou, nós também ressuscitaremos”, e ele acrescenta: “com um corpo espiritual” – que quer dizer Corpo glorioso. (1 Cr. 15,4244).

    A mãe de Jesus, Maria, já foi glorificada. O seu MAGNIFICAT é um hino de vitória: “A minha alma engrandece o Senhor e exulta meu espírito em Deus, meu Salvador; porque olhou para a humildade de sua serva, doravante as gerações hão de chamar-me de bendita. O Poderoso fez em mim maravilhas e Santo é o seu nome! Seu amor para sempre se estende sobre aqueles que o temem; manifesta o poder de seu braço, dispersa os soberbos; derruba os poderosos de seus tronos e eleva os humildes”. Esses humildes são os rebaixados, pobres, que ficam elevados pela Graça de Deus.

    Esse Hino de Glória agora é nosso. Maria, nossa representante, é uma campeã. Ela, como seu Filho Jesus, venceu a morte. O seu Hino de Vitória e de Glória tornou-se o Hino Universal dos cristãos em todas as nações em que existem discípulos de Jesus Cristo. É claro que tudo isso aconteceu pela Graça de seu filho, o Vencedor da Cruz, do Pecado e da Morte.

    Maria não é uma deusa, mas ela é cheia de Graça pela Vida do seu filho Jesus. Maria é também a nossa mãe desde o dia em que Jesus, do alto da cruz, deu-a a todos nós quando disse a João: “Essa é tua mãe”. João ao pé da cruz representava a todos nós. Sua Glorificação no céu nos glorifica também! No céu ganharemos um corpo espiritual como escreveu São Paulo na carta aos Coríntios.

    Santa Maria, mãe de Deus, rogai por nós pecadores agora e na hora da nossa Páscoa. Amém.


     Pe. Lourenço, CSC