Author: santacruz

  • O Domingo: 3º Domingo do Advento

    O Domingo: 3º Domingo do Advento

    Reflexão

    Os líderes do povo de Israel fizeram um acordo com os chefes de povos pagãos. Por causa das infidelidades dos chefes judeus, Sofonias temia terrivelmente uma punição do Deus Javé, mas profeta descobre que Deus é infinitamente MISERICORDIOSO e que não irá puni-los. Deus ama seu povo apesar das suas infidelidades e vai tomar a iniciativa de uma reconciliação, pois o Todo-Poderoso é também o Todo-Amoroso. No fundo, Deus nos ama não porque somos bons, mas para que sejamos melhores. Sofonias eufórico grita:

    “Pula de alegria, povo de Sião”

    Rejubila, alegra-te e exulta de todo o coração!

    Não tenha mais medo, pois o Senhor revogou a sentença contra ti.

    Que ninguém se deixe levar pelo desânimo”!

    Movido pelo amor, Deus salva seu povo e esquece o passado. Nós somos diferentes, pois lutamos pela justiça e não pelo perdão. Sabemos que não há paz sem justiça e quem transgrediu a lei deve ser punido. A punição é necessária para corrigir ou para indenizar os prejuízos sofridos pelo injustiçado. Punição deve ser correção, devolução, indenização, mais do que retaliação, pois ela não é uma conscientização para a conversão. Em geral, é difícil perdoar uma traição ou esquecer totalmente uma injustiça sofrida ou uma humilhação pública. Todavia, quem tem “coração de mãe” – como Deus o tem – quer corrigir sem ferir.

    Deus é diferente de nós, pois seu amor é infinitamente misericordioso, sempre disposto a perdoar e capaz de fazer loucuras de tão apaixonado pela humanidade. Deus decidiu fazer-se um de nós deixando a sua situação confortável de vida com o Pai Eterno para entrar no tempo, isto é, numa situação igual à nossa; fez-se carne por amor, assumindo as consequências até a morte. Pela encarnação do Seu Filho Jesus, Deus experimentou tudo da vida humana, menos o pecado. Jesus não veio para condenar, mas para salvar o pecador arrependido. Dizia ele aos seus seguidores: “não há maior amor do que dar a vida pelos amigos. Vós sois meus amigos”!

    Hoje, lemos que o Precursor de Jesus, João Batista, nos incentiva à conversão e à correção. Jesus vem para nos perdoar se estivermos dispostos a mudar. Não há perdão sem conversa, sem o desejo de correção e de tomar as medidas necessárias para uma mudança de vida permanente e não de poucos dias para “fazer bonito” durante as festas natalinas. Para converter-se, que cada um de nós pergunte a João Batista: “O que é que eu devo fazer”? Ele já disse para os judeus que perguntavam: “Quem tem duas túnicas, dê uma para quem não tem”! Hoje, talvez diria: “Quem tem duas casas dê uma para quem vive na rua”. Aos saduceus de hoje ele diria: “Faça uma boa doação para um orfanato”.

    Aos guardas e policiais, João está dizendo: “não usem de violência contra ninguém e nem façam acusações falsas”. Hoje, talvez ele diria aos que fazem do feriado natalino uma ocasião de orgias: “Respeitem a vida dos outros! Se tem bebido, não dirija”! Aos governantes corruptos e aos empresários desonestos: “Não recebam propinas, não soneguem impostos”! Em resumo, a todos que só pensam em si, façam caridade para desempregados conhecidos e ajudem as famílias numerosas!

    João batizava nas águas do Rio Jordão. Era um batismo de conversão e não um batismo de salvação e de vida nova como o nosso, pois nosso Batismo é ministrado com uma água que jorra para a Vida Eterna e essa água da Vida Eterna veio através da Páscoa de Jesus Cristo. Nós, batizados na fonte batismal da Igreja, já recebemos o princípio da Vida Eterna.

    Por enquanto, João está revolucionando o seu mundo e o nosso pregando duas atitudes fundamentais para a sua e a nossa renovação: o amor e a justiça. Praticando essas atitudes seremos convertidos e revolucionaremos o mundo, e vivendo-as plenamente sentiremos o que Sofonias sentiu, pulando de alegria com o coração em júbilo e exultando de amor e paz. Sejamos generosos nos carinhos e nos abraços, pois não custa nada, bem como na coleta para Evangelização deste mês, que pede tão pouco, mas faz uma diferença enorme no mundo!


     

     Pe. Lourenço, CSC
  • O Domingo: 2º Domingo do Advento

    O Domingo: 2º Domingo do Advento

    Reflexão

    Exilado na Babilônia, o povo de Isarael sofreu muito. O povo ficou envergonhado, humilhado pela derrota. Muitos perderam a Fé na proteção de Javé e nas promessas de Deus. O povo Judeu foi obrigado a sair de sua terra para caminhar até a Babilônia, chorando e lamentando, e o exílio foi interpretado como uma punição pelos pecados do povo. Durante os 48 anos de banimento, nasceram duas gerações de judeus a mais de 1.000km de distância da terra de seus pais, sem ter nenhuma ideia do que era o Templo de Jerusalém.

    Passados os 48 anos de exílio, os israelitas puderam voltar para sua terra de cabeça erguida, superando o vexame sofrido pela derrota do passado. “Jubilosos por Deus ter-se lembrado deles”; “Levanta-te, Jerusalém, teus filhos estão de volta”. Acabou a tristeza do exílio. O povo pode despir-se das vestes de luto e aflição e revestir-se com enfeites de glória, pois Javé lembrou-se de seu povo! Deus ordena uma verdadeira “terraplanagem” para que o povo caminhe com segurança rumo a uma nova Jerusalém que será erguida. Porém, essa terraplanagem é espiritual e moral.

    João Batista, filho de Zacarias e Isabel, nascido seis semanas antes de Jesus, foi o percursor de Cristo. João pregou no Rio Jordão, anunciando a chegada de Jesus Messias e Cordeiro de Deus fazendo alusão a Isaías e a Baruc, sugerindo fazer o seguinte: “endireitar passagens tortuosas, caminhos esburacados, acidentados demais”. Para corrigir todas as imperfeições daquele caminho, será necessário fazer uma conversão interna pessoal e comunitária; a mais completa possível.

    A conversão a nível pessoal, que Lucas resumiu num breve sumário aproveitando as profecias de Baruc e Isaías (Is40, 3-5), começa dizendo “Esta é a voz que grita no deserto: ‘preparem o caminho do Senhor, endireitem suas estradas. Todo vale será aterrado, toda montanha e colina serão aplainadas; as estradas curvas ficarão retas, e os caminhos esburacados serão nivelados. E todo o homem verá a salvação de Deus” (Lc3, 4-6).

    Como fazer para espiritualizar essa terraplanagem toda?

    • Rebaixar montanhas e colinas significa reconhecer nossa condição de pecadores, removendo o orgulho, a prepotência, a soberba e a ignorância;
    • Retirar pedras e perigos do caminho quer dizer levantar os ânimos pela esperança sem a ilusão do perigo do alcoolismo, uso de drogas, vício de celular e de outros vícios que dificultam um relacionamento pacífico pelo caminho da vida;
    • Aterrar vales e valetas, tampar buracos, preencher a carência de felicidade significa, no caminho da vida cristã, acabar com as desigualdades injustas e ensinar os direitos humanos. É preciso preencher a carência de felicidade, a falta de amor, de carinho, de entendimento, de oração, de diálogo, de sensibilidade e compreensão. Há muitos buracos para tampar afim de que ninguém deslize pelo caminho da vida;
    • Assegurar dignidade ao povo, quer dizer achar trabalho para todos; animar as comunidades; acelerar a marcha da economia; apreciar e respeitar a natureza; ser mais ecológico; achar o pão para os famintos; abrir mais escolas para educar as crianças pobres;
    • Endireitar passagens tortuosas e curvas perigosas, que significa que é preciso parar de usar palavras agressivas para difamar e enganar; corrigir informações desencontradas; corrigir Fake News; pôr boas sinalizações; corrigir os jovens sem os ferir; acabar com preconceitos raciais e étnicos; achar solução para os desníveis de escolaridade, pois tudo isso dificulta a caminhada comum;
    • Evitar acidentes pelo caminho da vida, ou seja, proteger-se! No contexto atual, podemos inserir a necessidade de vacinar-se contra a COVID-19 e suas variantes; obedecer sinalizações de trânsito; respeitar as leis para que todos possam caminhar com segurança para que, no fim da caminhada, uma nova Jerusalém seja erguida para a felicidade de um povo unido na paz desejada por todos e para todos.

    Uma vez todos convertidos, poderemos esperar a volta do Senhor Jesus em nossos lares e comunidades na Paz e Alegria verdadeiras. Nossa fé fundamentada não em mitos ou dizeres, mas numa pessoa histórica: o Cristo Jesus cuja vida se enquadrou numa época bem conhecida, durante o Império Romano, no povo judeu, o melhor preparado!


     Pe. Lourenço, CSC

     

     

     

  • O Domingo: 1º Domingo do Advento

    O Domingo: 1º Domingo do Advento

    Reflexão

    Deus, por meio do profeta Jeremias anuncia a aquisição de uma semente muito especial para o crescimento da humanidade, e o nome que servirá para designá-la é muito bonito! A semente vem de Deus e seu nome é “O Senhor é nossa justiça”. Esta semente, uma vez plantada, fará brotar justiça e paz. Pelo Salmo desta liturgia, pedimos a Deus que nos conduza no caminho da retidão, pois andamos em estradas tortuosas. Ele nos conduzirá pelo caminho da Verdade, Justiça e amor para que não andemos mais na contramão da salvação.

    O tempo do Advento tem uma dimensão passada e outra futura, além disso, podemos compreendê-lo ainda em dois sentidos. O primeiro é de que é um tempo para se comemorar e contemplar a chegada de Jesus Salvador desde seu Natal e depois reviver a adoração dos magos, a fuga da Sagrada Família para o Egito e, finalmente, o retorno de Maria à Nazaré com José e o menino Jesus de quatro anos de idade. Trata-se do início da vida histórica de Jesus.

    No segundo sentido, o advento também é tempo de contemplação da dimensão celeste, isto é, de alimentar a esperança da volta gloriosa do Senhor no final dos tempos, segundo a Sua promessa antes de partir do nosso mundo. No final dos tempos, Jesus virá na sua Glória: “Os homens verão o Filho do Homem, vindo numa nuvem com grande poder e glória”. Jesus usando a expressão “Filho do Homem” faz referência ao profeta Daniel, lido na liturgia de Cristo Rei: “o Seu poder é um poder eterno e seu Reino nunca acabará”. Quando Ele chegar, é para as pessoas ficarem em pé, em postura de atenção!

    Antes da sua chegada, poderão acontecer coisas apavorantes no céu, na terra, no mar e entre as nações. Todavia, haverá um final feliz para todos os que acreditam na verdade e na justiça e para todos os semeadores do amor, pois o Projeto de Deus não pode fracassar. A realização do Reino de Deus acontecerá custe o que custar! Quanto aos violentos, mentirosos, falsos, desonestos, aproveitadores e acomodados, para eles a vinda de Jesus glorioso será o fracasso, pois eles estão na contramão.

    Jesus fala: “Levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima!” (Lc21, 28). Que tipo de libertação é essa? Hoje em dia, precisamos ser livres do quê? Dos vícios, maus hábitos e todo tipo de dependência; das más inclinações, como gula, mentira, fofoca; do medo, pessimismo e falta de sensibilidade; do individualismo, egoísmo e dureza de coração; da inveja e do ciúme, da vingança, violência e matança; do racismo e do ódio; das injustiças, desonestidades; mentiras e das “Fake News”; das desigualdades, preconceitos e autoritarismos. É como Jesus disse: “Tomais cuidado para que vossos corações não fiquem insensíveis” (Lc21, 35). Os insensíveis não se importam com a sorte dos outros!

    O Advento é tempo de faxina e conversão, tempo de oração e da leitura orante da Bíblia; de carinho especial para crianças e idosos, para reconciliação com familiares e vizinhos; tempo de caridade, de ajuda aos pobres e gestantes sem amparo.

    Portanto, “Vigiem, rezando em todo momento, a fim de terem forças para escapar de tudo o que deve acontecer e para ficar de pé diante do Filho do Homem” (Lc21, 36). A novena de Natal sempre opera na vida das pessoas uma transformação nos corações. A novena de Natal é como se fosse um “amaciante” para corações rebeldes e duros, é uma boa dose de remédio para pessoas solitárias e que estão de mal com a vida. A novena de Natal leva sempre para gestos concretos de amor e paz. Que o Advento seja a ocasião de uma boa faxina para muitos e de alegria para todos!


     Pe. Lourenço, CSC

     
     
  • O Domingo: Cristo Rei

    O Domingo: Cristo Rei

    Reflexão

    Jesus, ao falar de si, costuma utilizar a expressão “Filho do Homem” em referência à visão do profeta Daniel. Os sacerdotes judeus interpretavam que aquele ser misterioso visto por Daniel entre as nuvens do céu era um rei, cujo poder, um dia, dominaria toda a humanidade. Esse rei teria uma soberania universal por ser o Messias anunciado pelos profetas – Messias que em grego quer dizer “Khristós”, ou seja, o ungido. Para ser rei, o escolhido precisava ser crismado. Jesus é para nós o “Khristós”, nosso Rei, o Ungido de Deus.

    Jesus falou muito do seu Reino, mas de forma velada e frequentemente por meio de parábolas, isto é, de comparações. Já dizia em Marcos: “Devo anunciar a Boa Notícia do Reino de Deus porque é para isso que eu fui enviado” (Mc1, 38). Falando assim, Jesus tinha que tomar muita precaução para não ser acusado de querer usurpar o poder romano fazendo-se rei, pois Ele teria sido perseguido pelos soldados do Império que ocupavam Jerusalém.

    Dominado pelo Império, o povo, lendo as profecias, vivia na esperança de poder ver reinar o verdadeiro Deus-Javé, como no tempo do famoso rei Davi. A expectativa dos apóstolos de Jesus era de ver seu mestre tomar posse um dia, ungido pelo Espírito Santo para ser um “Khristós” universal. É bom lembrar o que aconteceu na sinagoga de Nazaré, quando Jesus leu um trecho do profeta Isaías que dizia: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e enviou-me para anunciar a Boa-Nova aos pobres, para sarar os contritos de coração, para anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a restauração da vista, para pôr em liberdade os cativos, para publicar o ano da graça do Senhor. E, enrolando o livro, deu-o ao ministro e sentou-se; todos quantos estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele. Ele começou a dizer-lhes: ‘Hoje se cumpriu este oráculo que vós acabais de ouvir’ (Lc 4, 18-21, referindo-se a Is61, 1-2)”.

    Jesus, depois de ter falado do seu reino durante três anos, entrou pela última vez na cidade de Jerusalém e foi aclamado rei pelo povo. Para seus apóstolos a fama de Jesus que eles esperavam tinha chegado. Só faltava Jesus ser ungido e tomar posse, porém aquela esperança durou pouco. Na quinta feira daquela semana, Jesus fez um discurso de despedida no jantar da Páscoa. Depois, foi preso no Jardim das Oliveiras e compareceu diante do tribunal religioso do Sinédrio. Na madrugada do dia seguinte, Jesus foi levado para comparecer diante do governador Pilatos e foi condenado à morte. Por quê? Pilatos tinha perguntado: “Tu és o Rei do Judeus?”, ao que Jesus respondeu: “Você diz isso por si mesmo, ou foram os outros que lhe disseram isso a meu respeito? O meu Reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus servos teriam lutador para eu não ser entregue aos judeus. Mas agora meu reino não é daqui.”, Pilatos disse: “Então tu és rei?”. Jesus respondeu: “Você está dizendo: eu sou rei. Para isso nasci e vim ao mundo, para dar testemunho da verdade. Quem é da verdade, ouve a minha voz” (Jo18, 33b-37).

    Jesus pregava um Reino Universal feito de valores interiorizados numa humanidade reformada, isto é, reciclada pelos valores do Amor e da Liberdade, Justiça e Paz, Esperança na Alegria; o Reino da Verdade, Fraternidade, Solidariedade e Eterno como na visão do profeta Daniel que lemos nesta liturgia.

    A liturgia nos fala muito do Reino. Por exemplo, no Creio rezamos: “E de novo há de vir em sua glória para julgar os vivos e os mortos; e o seu Reino não terá fim No Pai Nosso: “Venha a nós o Vosso reino”. No prefácio da Missa rezamos com as palavras: “Reino de verdade e vida, de santidade e graça, de justiça, amor e paz”. O reino de Deus está à serviço da verdade, justiça, fraternidade, convivência e da libertação integral do homem.

    O Reino cuja verdade Pilatos não quis saber na manhã em que Jesus compareceu diante dele, nós vamos vive-lo de novo a partir do Advento que se aproxima. O Reino de Deus não é deste mundo de seleção e de exclusão. Enquanto os poderosos traem, vendem-se, oprimem, machucam, corrompem-se, mentem, invejam, vingam-se, odeiam e matam, Jesus vem sempre para salvar e perdoar, não para desagravar Seu Pai, condenando a humanidade. O Pai não precisa de desagravo. O Filho de Deus encarnou plenamente o amor gratuito do seu Pai.

    Na visão apocalítica de São João, Jesus é o Filho do Homem corando a História da Humanidade (Ap1, 5-8). O Alfa e o Ômega.


     Pe. Lourenço, CSC

     
  • O Domingo: 33º Domingo Do Tempo Comum

    O Domingo: 33º Domingo Do Tempo Comum

    Reflexão

    O profeta Daniel fala do fim dos tempos. Este fim pode ser interpretado de várias maneiras, como a destruição da humanidade por uma pandemia venenosa ou então um cataclismo destruidor dos vivos vertebrados. Ninguém sabe. Há milhões de anos atrás, muitos seres vivos como os dinossauros que dominavam nosso planeta foram extintos, porém a Terra permaneceu e uma nova evolução de seres vivos surgiu até o aparecimento do ser humano. Hoje em dia a humanidade é quem “gerencia” o planeta. Recordemos a fala do profeta que, no fim do mundo, “os que tiverem sido sábios, brilharão como o firmamento; e os que tiverem ensinado a muitos homens os caminhos da virtude, brilharão como as estrelas, por toda a eternidade”. Portanto, devemos estar atentos para os que vierem depois de nós. É isso que importa, pois não sabemos nem o dia e nem a hora!

    No ano 70 da era cristã, cerca de 40 anos depois da Ressureição de Jesus, a cidade de Jerusalém foi tomada pelos Romanos e destruída. Muitos cidadãos da cidade pensavam que era o fim dos tempos anunciado por Jesus, mas tratava-se apenas de uma “amostragem”. Muitos foram mortos, porém o evento era apenas a virada de uma página da história.

    Daqueles que perderam a vida, algumas foram jogados como pessoas descartáveis por conta de seus pecados. Outras pessoas, as que pertenciam ao Reino de Deus, foram “recicladas” por Jesus e, perdoadas dos seus pecados, começaram a brilhar na eternidade divina. Todos esses que foram salvos são os que fazem parte da Liturgia da festa de TODOS OS SANTOS.

    A verdade é que, de tudo o que existe, nada vai ficar para sempre. Uma flor dura alguns dias. Uma árvore chega até 100 anos. Muitas coisas que fabricamos também duram pouco: televisores, celulares, carros etc., tudo isso envelhece e depois é descartado. Há monumentos que resistem ao tempo durante milhares de anos. Hoje o “Paradise[1]” da Califórnia está se acabando. Catedrais foram destruídas por tempestades, terremotos e guerras. Barragens romperam inundando cidades matando muita gente. Tudo é efêmero e todos nós somos mortais. O nosso último dia de vida será para cada um de nós o nosso fim do mundo.

    Lembremos de novo o profeta Daniel: “os que tiverem sido sábios brilharão como também os que tiverem ensinado a muitas pessoas os caminhos da virtude, também brilharão por toda a eternidade”. Foi apenas uma comparação que o profeta fez porque algumas estrelas já explodiram desaparecendo. A filosofia ensina que o que é espiritual pode durar para sempre. Uma fórmula matemática é algo quase espiritualizado, não vista e nem escrita, só falada.  Portanto, ela pode ser guardada para sempre. O nosso código genético pode ser guardado durante séculos. Hoje podemos conhecer o DNA dos restos mortais de uma pessoa e assim identificá-la.

    Jesus nos prometeu Vida Eterna e não apenas imortalidade. Penso ainda que Jesus veio para fazer passar os homens e as mulheres da condição de seres “descartáveis” para “recicláveis”. A nossa reciclagem já começa neste mundo. Pela graça de Jesus Cristo somos seres em processo de reciclagem e, no final da nossa vida terrena, poderemos ser reciclados pela ressurreição e viver eternamente felizes. Há uma condição: para passar da morte para a vida eterna precisamos estar em estado de graça e de coração aberto à misericórdia de Deus. Só assim seremos SALVOS.

    Lembremos ainda da carta aos Hebreus desta liturgia em que lemos: “Onde existe o perdão, já não se faz oferenda pelo pecado”. É que o perdão de Jesus é definitivo. Deus deleta, isto é, apaga as ofensas perdoadas e não as lembra mais. A Palavra de Deus vale para sempre! Como é dito por Jesus no evangelho deste domingo: “O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão”.

    Pensar assim, eu não acho impossível.


    [1] Paradise é uma vila localizada no estado norte-americano da Califórnia, no condado de Butte. Foi incorporada em 27 de novembro de 1979.

    Grande parte de Paradise foi destruída pelo fogo em 8 de novembro de 2018, depois que foi atingida por um incêndio florestal, deixando ao menos 63 mortos e destruindo 7.177 construções, das quais 6.453 eram residências.


     Pe. Lourenço, CSC

     

     
  • O Domingo: Todos os Santos

    O Domingo: Todos os Santos

    Reflexão

    Os santos são inumeráveis: São João fala em 144 mil. Este número para os judeus significava uma infinidade de gente. Eles contavam assim: 12 é um número perfeito. Já o múltiplo de 12 dá 144, que multiplicado por mil dá uma multidão que não dá mais para contar. Os santos na visão de São João estavam glorificando a Deus dizendo: “O louvor, a glória e a sabedoria, a ação de graças, a honra, o poder e a força pertencem ao nosso Deus para sempre”. Por que? Simplesmente porque toda aquela gente virou santo. Isto é, foi santificada graças a salvação em Jesus Cristo. Quem faz alguém santo é Deus pela Graça de Jesus Cristo!

    Léon Bloy, um autor francês, escreveu: “há uma só tristeza no mundo, a de não ser santo”. O que é a santidade senão ação de Deus; uma Graça de Deus. É somente Ele quem santifica as pessoas pela graça santificante, a Vida nova merecida por Cristo para nós. Isso quer dizer que a santidade é uma herança recebida de Jesus Cristo, riqueza que ele conquistou para nós. São Paulo, na sua carta aos romanos, fala dessa riqueza nestes termos: “se somos filhos de Deus, somos também herdeiros – herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo” (Rm8, 17).

    Portanto, para ser santo é preciso deixar Deus agir em nós! Quando a gente deixa mais chance para Deus agir através da gente, não podemos errar. Ao contrário, quando alguém se vangloria de ter feito uma coisa muito boa, Deus não tem vez para santificar aquela pessoa porque o orgulho não é compatível com a santidade.

    O povo procura um santo forte, mas para quê? O que quer dizer um “santo forte”? Seria um exemplo de vida ou um distribuidor de favores? A verdade é que nenhum santo faz milagre, bem como nenhum santo é capaz de salvar como Jesus salva! É sempre Deus quem faz os milagres através dos santos, que são seus instrumentos e nossos intercessores. Um santo ou uma santa é uma ferramenta muito delicada que Deus utiliza para intervir na vida de quem pede ajuda. A “tecnologia de Deus” é servir-se dos santos que intercedem perto de Deus Pai para nosso bem. Portanto, ser santo é ter o ardente desejo de fazer o bem no mundo e de construir uma sociedade de amor, felicidade e justiça, isto é, colaborar na construção do Reino. A primeira condição para conseguir isso é romper com o próprio egoísmo da gente, buscando sempre a felicidade dos outros antes da realização de si próprio. É preciso renunciar ao orgulho e a cobiça para então, a partir daí, escolher a melhor receita ensinada e vivida por Jesus: as Bem-aventuranças narradas por São Mateus na liturgia deste domingo. Recordemos:

    • Bem-aventurados os pobres em espírito, isto é, as pessoas desapegadas das coisas materiais, que valorizam os assuntos espirituais. O pobre em espírito pode ser pobre mesmo ou ainda ter riquezas, mas sem agarrar-se a elas. Pode também existir no meio dos pobres aquele materialista desejando tornar-se um ricaço. Esse está longe da santidade.
    • Felizes os aflitos. Mas como? Os aflitos, no caso, são as pessoas compassivas, capazes de chorar, muito sensíveis à dor dos que sofrem perseguição ou injúria. A compaixão as torna solitárias.
    • Bem-aventurados os mansos. Ser manso diante de um mundo de tanta violência é ser santo mesmo sem desejo de vingar-se, evitando dar um soco em troca de uma ofensa.
    • Bem-aventurados aqueles que tem fome e sede de justiça num mundo de corrupção, roubo, desigualdade, fura-filas, entre outros…
    • Bem-aventurados os misericordiosos, isto é, gente capaz de perdoar a pessoa arrependida sem exigir punição.
    • Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus. São pessoas sinceras, autênticas, transparentes, que não têm nada para esconder e sem falsidade alguma. Como é difícil encontrar pessoas verdadeiras, sem nenhuma hipocrisia.
    • Bem-aventurados os pacíficos e construtores da paz, pois serão chamados filhos de Deus.

    A Igreja celebra a festa de todos os santos, mas todos nós somos chamados a sermos santos. A Igreja quer lembrar, de modo especial, os homens e mulheres que deixaram seu exemplo e testemunho como ‘modelo’ a ser imitado para a felicidade. Muitos santos tinham defeitos, como nós também temos, mas lutaram contra os excessos, buscando a conversão. Segundo São João da Cruz, santo triste é um tristesanto. Santa Dulce dos Pobres é um excelente exemplo de alegre santa. Santa Dulce dos Pobres, rogai por nós!


     Pe. Lourenço, CSC

     

     
  • O Domingo: 31º Domingo Do Tempo Comum

    O Domingo: 31º Domingo Do Tempo Comum

    Reflexão

    Moisés coloca na boca do Senhor Deus as leis e os mandamentos que o povo de Israel deve pôr em prática. Dentre estes mandamentos, a Liturgia deste domingo escolheu no 6° capítulo do Deuteronômio, versículo 5°, o seguinte: “Amarás teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças”.

    As leis e mandamentos também voltam a aparecer no Evangelho escrito por Marcos, que é muito interessante. O diálogo entre Jesus e um doutor da lei serve muito bem para quem procura uma receita de vida fundamentalmente cristã. O que devemos fazer para viver perfeitamente nossa fé?

    A partir do diálogo, aquele mestre da lei muito inteligente e perfeccionista parece querer acertar sua vida conforme a vontade de Deus. A solução é cumprir todos os mandamentos. Entretanto, a maioria dos representantes das autoridades judaicas procura conversar com Jesus afim de contradizer seus ensinamentos. Já aquele mestre da lei, aproximando-se de Jesus, parece vir com boa intenção e todo o respeito, mas talvez achando que Jesus prioriza demais a vida das pessoas ao invés de priorizar a honra devida ao Deus Javé. Para aquele representante da lei, o primeiro mandamento é amar e dedicar-se totalmente a Deus, pois somente Javé é superior a todos os homens e merece nosso culto.

    Então, aquele doutor da lei, aproximando-se, perguntou a Jesus: “Qual é o primeiro de todos os mandamentos?”. Jesus respondeu: “O primeiro é este: Ouça, ó Israel! ‘O senhor, nosso Deus, é o único Senhor. É preciso amar o Senhor teu Deus com todo o coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com toda a tua força’”. E Jesus continuou dizendo: “O segundo mandamento é este: amarás teu próximo como a ti mesmo! Não existe outro mandamento maior que estes”.

    Portanto, segundo aquele doutor da lei, Jesus está muito certo, pois não há mandamento maior do que amar a Deus e ao próximo como a si mesmo. Então o doutor da lei, concordando com Jesus, descartou todos os deuses pagãos, que são apenas obras humanas. Portanto, somente Deus merece nossa adoração, nosso culto e nosso amor maior; amar a Deus vale muito mais do que oferecer holocaustos e sacrifícios. Este doutor da lei parece concordar plenamente com Jesus.

    Mas acontece que Jesus acrescentou dizendo: “Você não está longe do Reino de Deus”. Mas por quê? Como é que ele não está no Reino de Deus? Quer dizer que algo falta para que este homem, fundamentalmente religioso, possa pertencer ao Reino de Deus. O que existe de diferente no Reino de Deus? “Amar a Deus plenamente e amar ao próximo como a si mesmo” – o que Jesus quer além disso?

    Vamos tentar descobrir. Para amar a Deus verdadeiramente, será que é preciso amar também todo mundo, qualquer pessoa, pilantra, desconhecido? Quer dizer amar todo o ser humano sem exceção?

    O que Jesus quer é que as pessoas desejem bem a todo e qualquer ser humano. Não podemos agradar a Deus impedindo alguém de fazer parte da lista do Seu Amor, pois Deus ama a todos. É frustrar nosso pai do Céu não amar a humanidade toda que Ele ama! O Reino de Deus acontece na união de pessoas diferentes, não todas parecidas. Assim, “o próximo” é mais do que o semblante.  Todo o ser vivendo os valores do Reino pertence ao Reino. Não existe união sem amor, e não existe amor sem união. Deus é essencialmente amor; Ele não somente “tem” amor, mas Ele é amor por essência.

    O amor é a identidade de Deus. “Amemo-nos uns aos outros porque o amor vem de Deus e, sem o amor, não conhecemos a Deus, porque Deus é amor”. Ora, de todos os mandamentos de Deus, o primeiro é amar a Deus e o segundo é amar a todos os seres humanos. Neste sentido, quem não ama o irmão que vê, não ama a Deus que ele não vê. Não é possível agradar a Deus sem amar nossos irmãos. Conclusão: “Dizer que amamos Deus enquanto não amamos nossos irmãos é mentira” (Jo 4,20).


     Pe. Lourenço, CSC
     
  • Artigo (4/4): 1 ano de Fratelli Tutti, por Rivaldo Oliveira

    Artigo (4/4): 1 ano de Fratelli Tutti, por Rivaldo Oliveira

    Continuação da nossa série de artigos sobre a Carta Encíclica Fratelli Tutti (veja a última edição clicando aqui):

    O Santo Padre em sua Carta Encíclica sobre a amizade social sugere a vivência da fraternidade universal e da espiritualidade como fonte de vida e meios fundamentais necessários para vencermos a praga do individualismo. É possível construirmos uma sociedade e um mundo baseado nos valores de fraternidade universal. Isto é, uma humanidade que favoreça os direitos de igualdade e justiça para todos os indivíduos. Infelizmente atualmente vivemos em um mundo mutilado pelo ódio, pela ganância exacerbada e pela violência desmedida. Nas Palavras do Pontífice:

    Para se caminhar junto a amizade social e à fraternidade universal, há que fazer um reconhecimento basilar e essencial: dar-se conta de quanto vale um ser humano, de quanto vale uma pessoa, sempre e em qualquer circunstância. Se cada um vale tanto assim, temos que dizer clara e firmemente que o ‘simples fato ter nascido’ em um lugar com menos recursos ou menor desenvolvimento não justifica que algumas pessoas vivam menos dignamente’ (EG, n. 190). Trata-se de um princípio elementar da vida social que é, habitualmente e de várias maneiras, ignorado por aqueles que sentem que não convém à sua visão do mundo ou não serve aos seus objetivos (FT 106). 

    Na Encíclica Fratelli Tutti, o Pontífice mapeia com maestria a realidade do mundo com seus avanços tecnológicos, com suas peculiaridades, regressões e rejeições aos imigrantes e empobrecidos, e critica o modelo econômico individualista que não se preocupam com o bem comum para todos. Neste sentido escreve Francisco:

    O mundo existe para todos, porque todos nós, seres humanos, nascemos nesta terra com a mesma dignidade. As diferenças de cor, religião, capacidade, local de nascimento, lugar de residência e muitas outras não podem antepor-se nem ser usadas para justificar privilégios de alguns em detrimentos dos diretos de todos. Por conseguinte, como comunidade, temos o dever de garantir que cada pessoa viva com dignidade e disponha de adequadas oportunidades para seu desenvolvimento integral (FT 118).

    Assim como em sua segunda Carta Encíclica Laudato Si sobre o cuidado que devemos ter com a nossa Casa Comum, a terceira Encíclica do Pontífice Romano sobre a fraternidade e a amizade social, adverte-nos também sobre os cuidados que devemos ter com esta nossa morada, a Casa Comum. Francisco se mostra preocupado com a destruição do meio ambiente e a criminosa exploração da terra, efeito da ambiciosa economia de mercado que pensa no lucro e no enriquecimento das grandes empresas que destroem a natureza a seu vil prazer, deixando as nossas riquezas naturais e o bem comum que deveria ser de todos em uma verdadeira sucata.

    Neste âmbito escreve o Papa:

    Quando falamos em cuidar da Casa Comum, que é o planeta, fazemos apelo àquele mínimo de consciência universal e de preocupação pelo cuidado mútuo que ainda possa existir nas pessoas. De fato, se alguém tem água de sobra, mas poupa-a pensando na humanidade, é porque atingiu um nível moral que lhe permite transcender a si mesmo e ao seu grupo de pertença. Isso é maravilhosamente humano! Requer-se esse mesmo comportamento para reconhecer os direitos de todo ser humano, incluindo os nascidos fora de nossas próprias fronteiras (FT 117).

    É de suma importância o cuidado com a Casa Comum, mas que para cuidar desta Casa Comum se faz necessário cuidar do outro, favorecer políticas públicas e sociais de acolhimento, neste caso o migrante. A Casa Comum é de todos e não deveria haver fronteiras ou impedimentos que barrassem as pessoas de buscarem morada ou melhores condições de sobrevivência em outra pátria. Para o Papa Francisco: “em alguns países de chegada, os fenômenos migratórios suscitam alarme e temores, muitas vezes fomentados e explorados para fins políticos” (FT. n. 39).

    Essas são realidades presentes e em nossos países, infelizmente, vemos os imigrantes como uma ameaça e não como nosso irmão e uma pessoa humana. Nesta perspectiva escreve o Papa Francisco:

    A verdadeira qualidade dos diferentes países do mundo mede-se por essa capacidade de pensar não só como país, mas também como família humana; e isso se comprova sobretudo nos períodos críticos. Os nacionalismos fechados manifestam, em última análise, essa incapacidade de gratuidade, a distorcida concepção de que podem desenvolver-se à margem da ruína dos outros e que, fechando-se aos demais, estarão mais protegidos. O migrante é visto como um usurpador que nada oferece. Assim, chega-se a pensar ingenuamente que os pobres são perigosos ou inúteis; e os poderosos, generosos benefícios. Só poderá ter futuro uma cultura sociopolítica que inclua o acolhimento gratuito (FT 141).

    A exemplo da espiritualidade do Pobrezinho de Assis e na humilde santidade do padroeiro da Itália, que tanto nos fala da importância do amor fraterno, inspirado naquele que com alegria e coração aberto se fez irmão da natureza e da santa pobreza, que com nobres e audaciosos gestos renovou a comunidade de homens e mulheres de fé há oito séculos atrás, o Papa conclama-nos a olharmos para o nossa Casa Comum visando o bem de todos os povos.

    Em suma, o Santo Padre Francisco sonha com um mundo mais justo e fraterno, por uma economia integral que inclua os menos favorecidos sem discriminar e sem destruir a meio ambiente, sem poluir os rios e os animais.

    Enfim, para colocarmos a cabo a construção deste ideal, se faz necessário não apenas vozes proféticas como a do Santo Padre, mas um projeto de políticas públicas que pense na saúde, no trabalho e no combate à fome e a pobreza, valorizando, assim, o ser humano e a Casa Comum em suas mais diversificadas realidades existenciais.

    Bibliografia: FRANCISCO, PAPA. Carta encíclica Fratelli tutti. Sobre a fraternidade e a amizade social (FT). Roma: Librería Editrice Vaticana, 2020.


     

     

     

     

     

     

    Rivaldo Oliveira, CSC

  • O Domingo: 30º Domingo Do Tempo Comum

    O Domingo: 30º Domingo Do Tempo Comum

    Reflexão

    Todos nós estamos a caminho. Neste sentido a vida é uma peregrinaçâo. Para não tropeçar pelo caminho, precisamos enxergar. Jeremias anuncia o retorno do povo exilado na babilônia, agora de volta para  sua  terra.  Deus  se  encarrega  de  conduzir  o  povo,  todas  as  pessoas  sem  exceção: mulheres grávidas, pessoas aleijadas e cegos. Todos serão guiados, pois o caminho de Deus é reto. Quem tem fé anda na retidão. Quem se deixa conduzir por Deus  não vai tropeçar. Nesta leitura o tema já está sendo anunciado: para não deslizar na vida precisamos confiar em Deus.

    Lendo o Evangelho de hoje encontramos Bartimeu, um cego à beira do caminho pedindo esmola. Ele não é capaz de andar sozinho. Precisa de alguém para conduzi-lo e vive de esmolas. Naquele dia, Bartimeu estava sentado e ouviu dizer que Jesus, o nazareno, estava passando. Sem enxergar ele acreditou que era verdade e começou a gritar: “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim”. Alguns queriam que calasse a boca, mas ele gritava com mais força. Jesus parou e pediu para que as pessoas o chamassem. Sendo um morador de rua, ele só tinha um manto como abrigo. Quando soube que Jesus o chamava largou seu manto e deu um pulo na direção da voz de Jesus. Então, o Mestre lhe perguntou: “O que você quer que eu te faça?”, ao que ele respondeu: “Mestre, que eu veja!”. Jesus disse: “Vai, a tua fé te curou”. No mesmo instante, ele recuperou a visão e seguiu Jesus pelo caminho.

    Bartimeu, por ser morador de rua, Jesus não podia lhe dizer “agora volte para casa”. Mas quando Bartimeu viu Jesus, ele ficou conquistado e abandonou não só seu manto, mas toda a sua existência passada. No tempo da sua cegueira, seu manto era seu abrigo, sua casa, sua proteção e seu companheiro. Agora que está vendo Jesus, Bartimeu se esquece de tudo, deixa tudo para trás. Seu protetor e sua segurança agora estão em Jesus. Ele não pode ficar longe de Jesus, seu Salvador. De lá para frente ele está seguro, está salvo e decide ser discípulo do seu salvador.

    Para poder seguir Jesus é preciso encontrá-lo primeiro. lsso vale para nós.

    Este episódio de um morador de rua ter encontrado Jesus chama nossa atenção. Ninguém jamais viu a Deus. Mas Jesus foi visto por muitos judeus e não judeus do seu tempo. Muitos acreditaram n’Ele, outros não. Para encontrar Jesus e segui-lo não é preciso vê-lo primeiro. Pela fé, cada um de nós encontra Jesus sem o ter visto. Como? As pessoas  podem  ter  conhecido  Jesus  de  vários ângulos. Ver Jesus como um guru, mestre, taumaturgo, curandeiro… Bartimeu viu Jesus como um salvador. Hoje, nós podemos ver Jesus através do amor, da caridade e da confiança manifestada por membros da Igreja de Jesus Cristo. Os verdadeiros seguidores de Jesus inspiram confiança e nos ajudam a ver Jesus através deles. Vai depender do nosso ponto de vista.

    Usamos e abusamos do verbo ‘ver’ sem às vezes enxergar o sentido da nossa própria vida. O mundo, as coisas, as pessoas têm caracteristicas diferentes conforme o nosso ponto de vista. Cada pessoa tem seu ponto de vista, isto é, o ângulo por onde a pessoa está posta: ver de frente, de Iado, de cima para baixo, de baixo para cima, de perto, de longe etc.

    Alguém vê a partir dos seus próprios interesses, outro a partir das necessidades dos  pobres, outro a partir da sua classe social. A luz da sua fé faz enxergar muita coisa. Este Bartimeu é o retrato de todos os mendigos e cegos do mundo. Ele é também nosso retrato porque todos nós temos dificuldade para enxergar a nós mesmos. Não podemos ficar acomodados em nossa cegueira. Depois, procurar conhecer as pessoas santas que encontraram Jesus, como Santo Agostinho que O encontrou graças as orações da sua mãe, Mônica. O processo é ver Jesus através do testemunho de pessoas santas. Uma vez encontrado, é fácil segui-Lo. E se você O encontrou mesmo, aproveite neste mês das missões para ajudar alguém que está precisando d’EIe e que ainda não O encontrou ou que O perdeu de vista durante  a pandemia. Essa pode ser sua missão neste mês de outubro, não?


     Pe. Lourenço, CSC
     
  • 11 anos da Canonização de Santo André Bessette, CSC

    11 anos da Canonização de Santo André Bessette, CSC

    Santo André Bessette, CSC ou Santo Irmão André, como é conhecido por muitos, foi canonizado no dia 17 de outubro de 2010. É o primeiro santo da Congregação de Santa Cruz reconhecido oficialmente pela Igreja. Nós, aqui no Distrito do Brasil, tivemos a honra de poder celebrar a nosso Irmão com uma linda Celebração Eucaristica de Ação de Graças pelo 11º Aniversário de sua canonização.

    A celebração foi realizada na capela do Colégio Notre Dame em Campinas, presidida pelo Padre Marco Antônio Amstalden, (diocesano) pároco da Paróquia de Sant’Ana em Sousas, distrito de Campinas, na qual a Congregação de Santa Cruz se faz presente com sua missão evangelizadora e educacional a mais de 60 anos. Devido aos cuidados e obedecendo ao protocolo contra a COVID-19, a cerimônia contou com a presença e participação de aproximadamente 150 fiéis. Entre estes, estavam presentes colaboradores da Mantenedora e também pais, alunos e colaboradores do Colégio Notre Dame.

    A liturgia foi preparada e animada pelos Religiosos da Congregação de Santa Cruz que testemunham com as próprias vidas a alegria do seguimento ao Senhor e a certeza de fé, de que do céu, Santo André Bessette, CSC intercede por seus confrades na Congregação e por todos seus devotos ao redor do mundo.

    Que possamos ver na pessoa de Santo André Bessette, CSC a imagem de alguém que disse Sim a Deus e ao seu projeto vocacional para sua vida. Nosso Santo Irmão é modelo, para nós, de religioso que perseverou até o final. Peçamos a Deus a graça de, assim como Santo André Bessette, ser fiel a nossa vocação.


     

     

         José Soares (Júnior), CSC – Orientador da Pastoral CDN