O Domingo: 33º Domingo Do Tempo Comum

Reflexão

O profeta Daniel fala do fim dos tempos. Este fim pode ser interpretado de várias maneiras, como a destruição da humanidade por uma pandemia venenosa ou então um cataclismo destruidor dos vivos vertebrados. Ninguém sabe. Há milhões de anos atrás, muitos seres vivos como os dinossauros que dominavam nosso planeta foram extintos, porém a Terra permaneceu e uma nova evolução de seres vivos surgiu até o aparecimento do ser humano. Hoje em dia a humanidade é quem “gerencia” o planeta. Recordemos a fala do profeta que, no fim do mundo, “os que tiverem sido sábios, brilharão como o firmamento; e os que tiverem ensinado a muitos homens os caminhos da virtude, brilharão como as estrelas, por toda a eternidade”. Portanto, devemos estar atentos para os que vierem depois de nós. É isso que importa, pois não sabemos nem o dia e nem a hora!

No ano 70 da era cristã, cerca de 40 anos depois da Ressureição de Jesus, a cidade de Jerusalém foi tomada pelos Romanos e destruída. Muitos cidadãos da cidade pensavam que era o fim dos tempos anunciado por Jesus, mas tratava-se apenas de uma “amostragem”. Muitos foram mortos, porém o evento era apenas a virada de uma página da história.

Daqueles que perderam a vida, algumas foram jogados como pessoas descartáveis por conta de seus pecados. Outras pessoas, as que pertenciam ao Reino de Deus, foram “recicladas” por Jesus e, perdoadas dos seus pecados, começaram a brilhar na eternidade divina. Todos esses que foram salvos são os que fazem parte da Liturgia da festa de TODOS OS SANTOS.

A verdade é que, de tudo o que existe, nada vai ficar para sempre. Uma flor dura alguns dias. Uma árvore chega até 100 anos. Muitas coisas que fabricamos também duram pouco: televisores, celulares, carros etc., tudo isso envelhece e depois é descartado. Há monumentos que resistem ao tempo durante milhares de anos. Hoje o “Paradise[1]” da Califórnia está se acabando. Catedrais foram destruídas por tempestades, terremotos e guerras. Barragens romperam inundando cidades matando muita gente. Tudo é efêmero e todos nós somos mortais. O nosso último dia de vida será para cada um de nós o nosso fim do mundo.

Lembremos de novo o profeta Daniel: “os que tiverem sido sábios brilharão como também os que tiverem ensinado a muitas pessoas os caminhos da virtude, também brilharão por toda a eternidade”. Foi apenas uma comparação que o profeta fez porque algumas estrelas já explodiram desaparecendo. A filosofia ensina que o que é espiritual pode durar para sempre. Uma fórmula matemática é algo quase espiritualizado, não vista e nem escrita, só falada.  Portanto, ela pode ser guardada para sempre. O nosso código genético pode ser guardado durante séculos. Hoje podemos conhecer o DNA dos restos mortais de uma pessoa e assim identificá-la.

Jesus nos prometeu Vida Eterna e não apenas imortalidade. Penso ainda que Jesus veio para fazer passar os homens e as mulheres da condição de seres “descartáveis” para “recicláveis”. A nossa reciclagem já começa neste mundo. Pela graça de Jesus Cristo somos seres em processo de reciclagem e, no final da nossa vida terrena, poderemos ser reciclados pela ressurreição e viver eternamente felizes. Há uma condição: para passar da morte para a vida eterna precisamos estar em estado de graça e de coração aberto à misericórdia de Deus. Só assim seremos SALVOS.

Lembremos ainda da carta aos Hebreus desta liturgia em que lemos: “Onde existe o perdão, já não se faz oferenda pelo pecado”. É que o perdão de Jesus é definitivo. Deus deleta, isto é, apaga as ofensas perdoadas e não as lembra mais. A Palavra de Deus vale para sempre! Como é dito por Jesus no evangelho deste domingo: “O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão”.

Pensar assim, eu não acho impossível.


[1] Paradise é uma vila localizada no estado norte-americano da Califórnia, no condado de Butte. Foi incorporada em 27 de novembro de 1979.

Grande parte de Paradise foi destruída pelo fogo em 8 de novembro de 2018, depois que foi atingida por um incêndio florestal, deixando ao menos 63 mortos e destruindo 7.177 construções, das quais 6.453 eram residências.


 Pe. Lourenço, CSC

 

 

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