O Domingo: Pentecostes

Reflexão

Pentecostes era uma festa que congregava os judeus que vinham à Jerusalém com o desejo de agradecer a Deus pelas primeiras colheitas do ano. Era uma festa muito linda: grupos de pessoas vindo de todos os cantos e dos países vizinhos; eles traziam cestos de uva, trigo, azeitonas, mel… O povo era acolhido ao som da harpa, das flautas e cantava salmos.

Numa certa sala, de portas fechadas, ainda com medo dos judeus, os apóstolos estavam reunidos em oração. Esses homens não estavam nada alegres. Os Apóstolos estavam sem coragem. O grupo, mesmo reunido num mesmo lugar, parecia sem ânimo. Durante 50 dias, nenhuma Eucaristia tinha sido celebrada apesar de Jesus ter dito em tom de uma Ordem: “Fazei isso em memória de mim”. Eles só saíam de vez em quando para pescar peixinhos no lago de Tiberíades apesar de terem recebido a missão de serem pescadores de gente.

Ainda bem que eles obedeceram à Palavra de Jesus que tinha dito: “Não se afastem de Jerusalém: Esperem que se realize a promessa do Pai… dentro de poucos dias, serão batizados pelo Espírito Santo”. Foram para Jerusalém porque era lá que a Igreja devia nascer. NASCEU! No livro dos Atos dos apóstolos lemos que uma bola de fogo desceu do céu, dividiu-se em chamas que posaram sobre os apóstolos unindo-os junto com Maria para formar com o mesmo Espírito Divino um só Corpo. Tudo mudou: Encheram-se de coragem e lembraram tudo o que tinha acontecido, e como interpretar as Escrituras Sagradas. A Igreja, embrionária durante 3 anos, agora viu a luz. Foram 3 anos de gestação: os apóstolos foram alimentados pela Palavra Viva de Jesus. Judeus de todos os cantos entendiam a palavra dos apóstolos em sua própria língua. Pentecostes foi o sinal da globalização e o milagre da comunicação!

Ainda, a Liturgia do Evangelho escrito por João nos lembra que na tarde do dia da sua Ressurreição Jesus tinha aparecido aos apóstolos e que naquela aparição Ele havia antecipado a entrega de alguns DONS do Espírito Santo: o Dom da Paz por exemplo: “A paz esteja convosco”. Depois dessas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor. Novamente, Jesus disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio”. E depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem não os perdoardes, eles lhes serão retidos”. Por estas Últimas palavras Jesus instituiu o Sacramento da Reconciliação transferindo o Dom de Perdoar para seus apóstolos. PERDÃO E PAZ ANDAM JUNTOS!

Durante a Campanha da Fraternidade nós usamos as palavras de Paulo: “do que era dividido, Deus fez uma unidade“. O Espírito de Deus sempre faz uma unidade do que está dividido ou separado, pois o Espírito Santo é o Elo que une o Pai e o Filho na Trindade divina. Pelo Espírito do amor existe uma tal fusão que o Amor se torna Deus. Sendo assim, o Apóstolo São João escreveu: “Quem ama nasceu de Deus e é Filho de Deus porque Deus é Amor”. E de todos os gestos de amor, o perdão é o mais gratuito. Perdoar é amar! No amor existe afeto, existe o desejo de fazer o outro feliz, existe o prazer de estar unido com a pessoa amada; no amor existe diálogo, compreensão e perdão. O mais gratuito dos vários tipos de amor é o perdão.

Pentecostes veio também consertar os desentendimentos acontecidos entre nações desde a historinha do fracasso da construção da torre de Babel. Hoje, vem como presságio de Nações Unidas pelas tecnologias das línguas. Contrastando com a situação de Babel, existe hoje uma convergência de vários países em criar entre eles mais união construtiva e muitos intercâmbios nos conhecimentos científicos que facilitam a convivência a distância. Sem querer confundir Pandemia com Pentecostes podemos aproveitar para parabenizar os empresários dispostos em conjugar seus recursos com países em maior dificuldade para salvar vidas famintas decorrentes da pandemia. Que o Espírito Divino continue inspirando pessoas de boa vontade a cuidar da saúde dos nossos corpos numa responsabilidade mundial para não voltar a ideia de Babel. A quem costuma usar o Livro das Horas aconselho procurar na página 635 os Frutos do Espírito: caridade, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade lealdade, mansidão, continência.


 Pe. Lourenço, CSC

 

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